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Naturalidade conquistada

Quem quer ser ouvido precisa expressar-se com naturalidade. É ela que toca os corações, que mexe com a alma. Espíritos humanos são despertados por manifestações de espíritos humanos. Portanto, só a expressão natural alcança o outro.

As pessoas parecem que possuem um filtro contra a artificialidade. Elas percebem quando alguém está apenas sendo uma mera imitação. Em geral, não se abrem quando percebem que a expressão é só uma cópia.

Há, em todos nós, uma sede por sinceridade. Ninguém quer ser enganado e todos querem ter certeza que o que estão ouvindo é a expressão sincera da alma de quem está falando.

No entanto, é mais fácil fingir, imitar, emular. A cópia exige apenas repetir os movimentos exteriores, os mecanismos superficiais. O exercício mimético não pede nenhum aprofundamento, nenhuma compreensão da essência.

A naturalidade, por seu lado, requer um mergulho interior profundo. Só quem entende bem quem é e o que realmente quer pode expressar-se naturalmente. Ser natural exige espontaneidade e esta só é verdadeira quando acompanhada de autoconhecimento.

Por isso, tantos expressam-se com afetação, com falsidade. Entre o esforço, muitas vezes dolorido, de autocompreensão e a mera prática mecânica da imitação, escolhem esta sem hesitação. E, por isso, não tocam os corações, não falam com as almas. No máximo, alcançam aquelas mesmas pessoas que, como eles, são superficiais. Quanto aos que têm um mínimo de sensibilidade: a estes não convencem.

A verdade é que a naturalidade se alcança, sendo o resultado de um esforço de compreensão de si mesmo e do conhecimento das técnicas necessárias para que ela se manifeste. Ser natural é a capacidade de espelhar a própria alma, e isso não surge naturalmente, se conquista.

PENSAMENTO E EXPRESSÃO

Uma coisa é saber algo, outra é transmiti-lo. Isso porque o que se sabe, ou seja, o conteúdo dos nossos pensamentos, sobrevive sem ordem. 

O fato e que é podemos saber muitas coisas sem que este conhecimento esteja devidamente ordenado em nossa mente. Por outro lado, basta tentarmos transmitir o que sabemos para então nos darmos conta de que boa parte das certezas que carregamos parecem bem vacilantes quando tentamos explicá-las.

É que a comunicação, diferente do pensamento, não aceita o caos. O pensamento subsiste tranquilamente na confusão porque ele se contenta mais com o significado das coisas do que com seus nomes. Ele sintetiza os conteúdos de maneira que as palavras importem menos do que os que elas querem dizer.

A comunicação, porém, é mais exigente. Ela obriga que as ideias e palavras emitidas sigam com ordem, uma devidamente após a outra, de maneira que a mais sutil alteração dessa ordem tenha o poder de afetar todo o conjunto.

Não é por acaso que existem diversos profundos conhecedores em suas respectivas áreas que, apesar de tudo, têm uma dificuldade terrível de compartilhar aquilo que sabem.