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Resumo de minhas concepções sobre o vírus chinês

Acho que falei quase tudo o que queria falar sobre a nossa atual situação diante da gripe chinesa. Vou tentar resumir o principal aqui, para não ter de falar muito mais:

Há histeria. Não porque a doença não é um problema sério, mas porque as pessoas estão sendo forçadas a reagir em relação a ela de maneira inconsequente. Foi disparado o gatilho do pânico. A partir disso, as reações das pessoas são incontroláveis. Daí, pode vir muita porcaria.

O vírus é chinês, mas quem mais está sendo responsabilizado pela epidemia são as pessoas comuns. Elas, que não têm nada a ver com isso, estão sendo tratadas como criminosas, só porque pensam em viver suas vidas normalmente. Isso é muito injusto.

As pessoas estão confiando cegamente nos especialistas. Os mesmos especialistas que ainda não demonstraram saber o que fazer. E estão aplicando métodos, como a quarentena, que até agora não mostraram resultados. Tudo bem, estão tentando fazer algo. Porém, quem discute tais medidas está sendo tratado como desumano, insensível. Isto está errado.

Há muitas questões sem respostas. Há países que não fizeram quase nada e não foram afetados, como a Índia; há outros que aplicaram métodos diferentes e controlaram a doença, como Taiwan; há outros ainda que estão apostando em não aplicar uma quarentena generalizada, esperando vencer o vírus de uma maneira mais natural, como a Inglaterra. Quem está certo? Na verdade, ninguém sabe.

Por outro lado, os efeitos colaterais das tentativas radicais para controlar o vírus serão terríveis. As pessoas falam tanto de empatia, falam tanto de pensar no coletivo, mas não pensam nos indivíduos que irão sofrer horrores com essa parada forçada. Se a imagem de velhinhos morrendo por conta da doença é aterradora, os pais sem poder dar comida para seus filhos também é. Não me surpreenderia se os números de suicídios aumentasse consideravelmente depois dessa pandemia.

O fato é que se um vírus é capaz de parar o mundo dessa maneira, não há mais certeza de nada. As armas nucleares não são nada diante dessa outra arma biológica.

Por fim, independentemente da origem desse vírus, ele está servindo claramente para mostrar como nossas sociedades estão sujeitas aos poderes globais e como é fácil persuadir as pessoas a baixarem suas cabeças para as autoridades. As forças tirânicas nunca estiveram tão seguras de suas próprias forças.

Daqui pra frente, acabou a ilusão democrática e o sonho republicano. Nós, como sociedade, não temos mais segurança alguma. Acredito que está muita clara nossa fragilidade e o quanto, como povo, não temos poder sobre nada.

O que virá depois disso, não sei, mas espero estar vivo para ver.

Essas são minhas considerações.

O coronavírus e a insensibilidade estatística

O coronavírus é um problema mundial, sim. No entanto, um problema provavelmente superestimado, como é comum acontecer periodicamente. Se puxarmos da nossa memória, lembraremos de outras epidemias que assolariam o mundo e tiveram o impacto infinitamente menor do que o alardeado.

Não sei exatamente qual a periculosidade real do coronavírus. No entanto, de uma coisa eu sei: as pessoas têm uma tendência à histeria coletiva.

Mas por que esses movimentos de alarmes generalizados acontecem?

O fato é que as pessoas têm uma capacidade muito limitada de lidar com os pequenos riscos. Elas os ignoram completamente ou lhes dão peso excessivo. As pessoas são insensíveis às probabilidades e, geralmente, suas reações são desproporcionais a elas.

Esse padrão foi denominado pelo estudioso Cass Sustein como “negligência com probabilidade”.

Junte-se a isso o chamado viés de disponibilidade, que é a tendência de considerarmos mais importante e mais real aquelas coisas que vêm mais facilmente à nossa mente.

Então, como no caso do coronavírus, temos todos os meios de informações falando o tempo todo sobre essa doença, tratando-a como uma grande epidemia, ressaltando as mortes que acontecem por causa dela, replicando as medidas extremas dos governos e das instituições para tentar contê-la, não há como deixarmos de pensar nela quase o tempo todo. A qualquer pessoa que se pergunte de qual doença ela tem mais medo, certamente sua resposta será: coronavírus.

O problema é que, estatisticamente, o coronavírus é menos letal que diversas outras doenças semelhantes, e, provavelmente, atingirá menos pessoas do que outras doenças atingiram. Entre pessoas saudáveis, inclusive, os casos de morte são baixíssimos.

Isso não significa que cuidados não devam ser tomados e o monitoramento não deva ser feito. Além de outras ações que busquem conter a propagação do vírus e a própria doença.

No entanto, se ignorar o fato é um erro, criar um clima de terror é pior ainda.

Os números estão aí, são claros e objetivos. Mas tudo isso não importa. Isso é estatística, números, probabilidade e, como eu disse, as pessoas são insensíveis a eles.