As pessoas falam de economia como se ela fosse um mecanismo autônomo, frio, inumano, que se refere apenas a bens e propriedades. Então, quem se preocupa com o destino econômico do país por causa de uma paralisação que afeta quase todos os setores da cadeia produtiva e do setor de serviços é tido por elas como insensível, egoísta ou materialista. Confundem economia com dinheiro e não entendem como alguém pode se preocupar com trabalho, quando tem tanta gente morrendo.

O que os defensores da paralisação da sociedade não entendem é que economia se encontra muito além das questões materiais. Ela faz parte da própria expressão humana. Os homens vivem para produzir, para criar, para transformar. Fazer trocas, movimentar produtos, é algo inerente à vida em sociedade. Trabalhar, enfim, não é algo que se faz por opção, mas é parte fundamental da existência.

Tire do homem o trabalho e todo o resto perde o sentido para ele. Isso porque sem trabalho lhe falta não apenas o rendimento para sua subsistência, mas o motivo para levantar-se todo dia. Por isso, impedir alguém de trabalhar não é apenas uma agressão a um direito, mas uma ofensa pessoal e um ataque à dignidade do indivíduo.

A narrativa que diz que se deve primeiro salvar vidas, para depois pensar na economia, não tem sentido algum. Salvar a economia é também salvar vidas. Afinal, tanto quanto a saúde, o trabalho é indispensável para manter os homens vivos, em todos os sentidos.

Por essa razão, algumas nações não aceitaram paralisar suas economias, pois possuem uma sociedade a cuidar e elas entendem as consequência de se não fazer isso. Elas sabem que nenhuma desgraça, nenhum perigo, nenhuma ameaça justifica uma sociedade parar. Nem a morte justifica isso. Até porque uma sociedade imobilizada é uma sociedade que já morreu.