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Atacando os souvenirs aquarianos ou por que a Nova Era invadiu a Igreja


No embate que a Igreja cristã teve contra os movimentos ligados à Nova Era, o foco manteve-se muito nas manifestações mais exteriores e superficiais deles. Não que essas manifestações não fossem, de alguma maneira, uma ameaça para a Igreja, mas tê-las como o alvo principal da batalha serviu apenas para que o verdadeiro problema não fosse bem abordado.

Quando a questão principal passou a ser evitar que os símbolos, amuletos e ideias mais divulgados não fossem acolhidos pelos crentes, denunciá-los parecia suficiente para assegurar que os fiéis não caíssem nas armadilhas demoníacas escondidas por detrás de toda aquela simbologia e pressupostos. O problema é que muitos críticos da Nova Era não atentaram o bastante, ou não estudaram o suficiente, para compreender que problema ligado ao movimento tinha raízes muito mais profundas e muito mais ocultas do que a denúncia contra uns penduricalhos hippies poderia supor.

Os grupos que pregavam o advento da Era de Aquário começaram a aparecer para o grande público somente quando suas ideias passaram a ser reproduzidas pela grande mídia. O musical Hair, que teve sua estreia na Broadway em 1967 e um filme lançado em 1979, trazia explícitos os pensamentos aquarianos e fez um relativo sucesso, servindo como bom divulgador do que o pessoal da New Age falava. John Lennon, ex-Beatle, escreveu a conhecidíssima canção Imagine, em 1971, e nela expõe claramente as intenções daquele pessoal. Nesta música podemos ver a mistura dos preceitos da Nova Era com a ideia de um mundo dominado por um grande poder global – claro, tudo envolto em uma linguagem muito agradável. Em 1979, foi lançado o livro que é considerado, até hoje, a bíblia da Nova Era, que é o Conspiração Aquariana, de Merilyn Ferguson, que, pela primeira vez, expõe com detalhes e em linguagem bastante acessível, tudo aquilo que os adeptos do movimento esperam para o novo mundo.

Com isso, a New Age popularizou-se e nos anos 80 tomou todos os níveis da sociedade americana, penetrando em diversas áreas da vida das pessoas, perdendo aquele status de ocultismo e aquela característica iniciática que possuía até ali. Com o apoio de artistas, como Shirley Mclaine e gurus empresários, a Nova Era tornou-se cult, além de virar um grande negócio, com todo tipo de produtos e serviços girando em torno de um mercado que girava milhões e milhões de dólares.

Foi contra essa Nova Era que a Igreja se levantou. Quando ela despertou para o perigo que o esoterismo aquariano representava, já era tarde, pois a sociedade já havia sido tomada por suas ideias. Então, os pensamentos originais, as origens ocultistas, e até o que havia realmente de sério na New Age foi tocado muito de leve. O que a Igreja fez, na verdade, foi atirar nos souvenirs daquele movimento.

Dessa forma, enquanto evitava que os amuletos e a estética aquariana adentrasse à igreja, o que conseguiu com certa eficácia, não pôde evitar que os fundamentos esotéricos invadissem as fileiras cristãs e fizessem o estrago que vêm fazendo há algum tempo. Hoje, o que vemos é uma Igreja que já não consegue perceber o quanto da Nova Era se misturou às suas próprias práticas.

A infiltração sorrateira da Nova Era na igreja


Me lembro bem, lá pelos idos dos anos 80 e 90, como havia se tornado costume nas igrejas se referirem à Nova Era como um movimento fundamentado em símbolos e mensagens subliminares, existentes com o intuito claro de confundir os cristãos. Nas reuniões era comum passarem slides com imagens dos símbolos esotéricos, rodavam discos ao contrário, em busca de alguma mensagem escondida, analisavam desenhos, procurando uma imagem semi-oculta que atentasse contra a moral e os bons costumes. Pode-se dizer que foi uma verdadeira cruzada contra a chamada New Age.

Aquela moda, no entanto, arrefeceu-se e, já nos anos 2000, o foco passou a ser menos naquelas manifestações esotéricas e mais nos movimentos políticos e financeiros que, percebeu-se, tinham o claro intuito de dominar o mundo. Não que houvessem esquecido da New Age, mas ficou evidente que ela era apenas um braço de algo maior, que tinha nas fontes milionárias o início e o financiamento de tudo.

Na verdade, quando popularizou-se os estudos sobre a Nova Era, o que chegou ao conhecimento do público foram apenas as manifestações mais exteriores do movimento. Com isso, o foco esteve, quase todo o tempo, sobre os amuletos, as ideias mais populares, as movimentações mais conhecidas e as pessoas mais famosas. De alguma maneira, tudo aquilo foi bom para despertar as pessoas em relação aos perigos que o esoterismo New Age proporcionava para a Igreja e para a sociedade. No entanto, passado o tempo, não havendo mais o que falar sobre aqueles aspectos mais superficiais do movimento, as comunidades cristãs praticamente esqueceram do que tratava.

Diante disso, a pergunta que eu faço é: a Igreja parou de falar sobre a Nova Era porque o assunto esgotou-se ou, o que infelizmente parece ser o que aconteceu, ela acabou assimilando muitos dos preceitos de seu esoterismo e diluiu sua percepção do perigo que enfrenta? Será que a Nova Era se infiltrou nas paróquias e congregações e hoje está tão penetrada no cotidiano da vida espiritual dos cristãos que já sequer pode ser percebida como elemento estranho ao cristianismo?

Não podemos esquecer que uma das características da Nova Era é criar uma forma de sincretismo que permite que ela se comunique com os diversos tipos de religiões existentes no mundo. Com o cristianismo não é diferente. Se aproveitando daquilo que ele tem de similar com outras religiões (e sempre há algo parecido em todas as religiões), será que a Nova Era conseguiu invadir as comunidades cristãs, influenciar suas práticas e acomodar-se no seio da Igreja sem sequer ser percebida, nem mesmo pelos líderes?

De tudo que tenho estudado, já não tenho mais nenhuma dúvida que o presente momento é o mais perigoso para a Igreja Cristã, em relação ao movimento Nova Era. Isso porque, se antes ele era um estrangeiro, com ideias exóticas e práticas muito diferentes daquelas existentes dentro das igrejas e, por isso, facilmente identificável e combatido, agora ele passou para um estágio adiante em sua marcha para descaracterizar a religião cristã, que é a infiltração sorrateira e cínica, que faz com que suas ideias sejam assimiladas pelos cristãos, sem que estes percebam. Pior ainda, acabam acreditando que estão praticando algo verdadeiramente cristão, quando nada mais é do que o misticismo esotérico e orientalizado da Nova Era.

A religião do novo mundo

Quando escrevi o texto Uma Ideologia Religiosa, demonstrei o caráter religioso do marxismo e como ele possui seu profeta com suas profecias, sua promessa paradisíaca e seus demônios. Deixei claro que essa ideologia é simplesmente uma imitação do cristianismo e como isso denota sua identidade satânica.

No entanto, o demônio não se limita a apenas uma via de usurpação – todos os caminhos que ele puder trilhar para que consiga tomar o lugar de Deus são utilizados. É por isso que vemos tantas manifestações filosóficas, religiosas, pseudo-espirituais e intelectuais que se assemelham demais às verdadeiras manifestações cristãs. Porém, quando bem analisadas, percebe-se que tudo não passa da imitação de um cristianismo alijado de suas ideias essenciais. O que elas fazem é apropriar-se indevidamente dos valores cristãos, ocultando o verdadeiro possuidor desses valores. Apropriação indébita, fraudulenta e enganadora.

Ao fazer isso, tais manifestações ainda passam a exigir os louvores próprios dos defensores daquelas virtudes. Daí, elas acabam sendo, aos olhos da multidão, os paladinos da tolerância, do amor e da caridade, quando, na verdade, foi o cristianismo quem apresentou tais virtudes ao mundo. E o pior: lançam sobre os cristãos a pecha de intolerantes, de insensíveis e de fanáticos.

Por não estarem atentos a isso é que boa parte da cristandade se renderá aos apelos do Novo Mundo. Não que ela deseje negar seu Cristo, nem abandonar sua fé, mas, ignorante que permanece, sujeita à manipulação por causa de seu desinteresse dos assuntos realmente importantes e impossibilitada de compreender às razões mais profundas de tudo, enxergará na fraude a sinceridade, na usurpação a verdade e na falsidade os valores que ela sabe serem os melhores.

Assim se formará a religião universal, alimentada não apenas por opositores do cristianismo, mas, e talvez principalmente, por cristãos dissociados da essência da sua fé e apegados meramente aos efeitos dela. Uma fé ecumênica se formará e levará consigo uma multidão de crentes enganados pela própria inocência estúpida.

Basta atentar para o quanto, dentro dos próprios apriscos evangélicos, se fala de um amor abstrato, de uma caridade meramente humana e de uma tolerância excessiva como virtude. Tem se multiplicado a pregação de um evangelho sem justiça eterna, de um Deus que fecha os olhos às impiedades humanas e a todos perdoa, ainda que não haja arrependimentos. Não é difícil encontrar o evangelho da inclusão, que não propõe a mudança, nem a transformação, mas apenas finge imitar Cristo que não julgou a adúltera, esquecendo sua determinação que ela cessasse com seu pecado.

A nova Religião Universal não se levantará frontalmente contra uma fé chamada cristã, mas, a esvaziará de tal maneira que a tornará uma mera associação de boas maneiras, sem conteúdo vital algum, sem qualquer convocação a algum tipo de arrependimento, nem chamada a alguma escolha definitiva. Será uma religião que se coadunará perfeitamente com a mentalidade moderna que é superficial, fútil e desinteressada.