Eu não confio nas instituições estatais. Sei que é impossível prescindir totalmente delas, mas prefiro, sempre que está ao meu alcance, tentar resolver minhas questões por mim mesmo. Eu sei que, como advogado, é estranho que eu faça tal afirmação. No entanto, é exatamente minha experiência de fórum que fortaleceu essa convicção. Principalmente, em situações envolvendo questões morais e ofensas, não consigo deixar de lembrar do caso Oscar Wilde, que, ao mover a máquina judiciária para defender-se de difamações e injúrias praticadas pelo pai de seu amante, acabou, em uma inversão processual, ele mesmo preso por dois anos, condenado por atos imorais e homossexualidade. Este foi o fim de sua trágica e errante vida, sendo que poderia ter usado seu talento literário, em vez do arbítrio de um funcionário público, para reaver aquilo que considerava sua honra aviltada. Quando eu vejo, por exemplo, o Jair Bolsonaro vacilante em tomar alguma atitude contra seus detratores, ainda que isso seja um provável erro estratégico, consigo compreender sua hesitação. É que se não for para impingir uma fragorosa derrota ao adversário, para que valem tais ações? Mas como ter certeza que a justiça será plenamente satisfeita, quando os julgadores variam tremendamente em suas visões de mundo e até ideologias? Mover um processo e perder é pior que não mover. Veja o caso do Jean Willys e seu cuspe. Acabou ele saindo fortalecido da história. Por isso, prefiro, sempre que me é possível, resolver minhas querelas por mim mesmo, deixando para o Estado apenas aquilo que não consigo obter com minhas próprias forças.