É muito bonito quando ouvimos esses discursos que pregam a tolerância, a diversidade e a inclusão. Soam sempre como uma demonstração de respeito e de cuidado ao ser humano que, em alguns casos, podem levar até às lágrimas aqueles que forem pegos de surpresa com tamanha demonstração de bondade.

O único problema é que basta esses mesmos apaixonados pela humanidade se depararem com o pensamento contrário, que não compartilha de uma visão de mundo semelhante a deles, para toda aquela máscara de tolerância cair por terra e surgir uma face virulenta que até assusta.

No entanto, há um motivo lógico para essa atitude descompensada que geralmente apresentam quando estão diante, principalmente, de alguém que demonstre possuir um pensamento mais conservador. E este motivo não é uma mera maldade que habita em seus corações, mas está muito bem justificado dentro deles.

O fato é que todos esses paladinos da diversidade e da tolerância acreditam em algo chamado progresso moral. Eles crêem, sinceramente, que os homens caminham, ininterruptamente, por uma evolução em sua moralidade, de maneira que o que eles promovem hoje, pelo simples fato de ser fruto desta sociedade contemporânea, é superior a tudo o que foi apregoado anteriormente.

Sendo assim, toda visão que não esteja de acordo com os ditames apregoados atualmente são considerados retrógrados e, consequentemente, não evoluídos. Dessa forma, quem não defende o que eles defendem simplesmente torna-se a encarnação do mal, a personificação do atraso, a oposição à virtude de uma sociedade avançada.

Não é à toa que acabam combatendo toda e qualquer manifestação conservadora como se fosse um mal real, que precisa ser extirpado, para o bem maior, o bem comum.

Ninguém pode negar, porém, que quando essas pessoas fazem seus discursos, senão conhecêssemos já toda a ideologia e contradição que reside por trás deles, tudo pareceria muito belo e atrativo. Inclusive, falar contra eles coloca imediatamente o opositor em uma aparente posição de ignorância e obscurantismo.

Tudo isso porque, como é comum aos discursos ideológicos, em tese, aquilo que dizem não é mentira. Se tomarmos apenas as palavras e expressões abstratamente, sem considerar a realidade que subjaz elas, tudo parece muito correto e bonito. Sequer há como contestar que é necessário que sejamos mais tolerantes e inclusivos.

Ocorre que, basta ver a forma como esses mesmos que insistem no discurso da diversidade tratam aqueles que pensam diferente deles para ter a convicção de que provavelmente há algo de errado com a mensagem que tentam transmitir.

O fato é que essas pessoas não são tolerantes, muito menos adeptos da diversidade. O que eles acreditam é que aquilo que defendem representa o que há de mais correto e superior e, portanto, quando lutam com todas suas forças para destruir aqueles que defendem ideias diferentes das suas, acreditam estar fazendo isso em defesa do bem e da moral.

Se uma visão conservadora é a antítese do que pensam, e o que pensam é confundido com o próprio bem, é correto e quase obrigatório destrui-la. Ou seja, combater o conservadorismo seria como uma nobre missão, um dever para aqueles que fazem parte dessa sociedade superior moralmente.

O único problema é que essa forma de pensar é idêntica a de todos os grandes genocidas do século XX, que não tiveram problema algum de dizimar populações inteiras simplesmente porque, segundo eles, representavam o atraso e era um obstáculo ao alcance de uma sociedade mais avançada e superior.

No fim das contas, essa gente que se acha boazinha, mesmo sem saber, é mais tirânica que qualquer pessoa normal.

Por isso, nunca se deixe intimidar por esse discurso que se apresenta como defensor dos excluídos e dos fracos, que se apresenta como moral e eticamente superior, mas que, no momento crucial, não aguenta qualquer manifestação contrária a ele.