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Quem deseja experimentar a vida e deixar que ela ofereça o que ela tiver para dar precisa aprender a relevar certa bagunça, a permitir certa desordem. A verdadeira vida existe em meio a algum caos. Não é à toa que uma das casas mais limpas e organizadas que visitei – onde não havia um pequeno souvenir fora do lugar – era também a mais triste. Depois descobri que todas as três pessoas que viviam ali sofriam de depressão – sim, as três!
Os objetos esquecidos pelos cantos, os pequenos desleixos, os brinquedos espalhados pela casa, os livros deixados sobre os móveis, a reforma a se fazer, a louça a se lavar, a cama a se arrumar – tudo isso, em certa medida, faz parte de uma vida real e indica que existem pessoas reais morando ali. São detalhes que irritam, às vezes, mas, ao mesmo tempo, dão colorido à existência e lembram que somos gente de verdade, vivendo uma vida de verdade.
Um pouco de desordem nos faz lembrar que afinal somos humanos.