A espiritualidade precisa necessariamente abdicar da razão?
Essa pergunta tem sentido porque nos orgulhamos do nosso mundo de conquistas tecnológicas, científicas e arquitetônicas – tudo fruto da nossa inteligência – e, nele, parece que não há lugar para o que é espiritual.
Não que tenhamos negado completamente a espiritualidade, mas é certo que a afastamos da razão. Aceitamos acessá-la, mas por vias inconscientes, por uma luz interior, por um salto de fé ou por uma força anímica latente.
Na verdade, em nosso tempo, o reino do espírito passou a ser assunto exclusivo de religiosos e espiritualistas, não de filósofos. Até porque estes se ocuparam demais no exercício de decifrar as engrenagens cerebrais e os movimentos mundanos para perder tempo com o que não pode ser tratado empiricamente.
Só que esses mesmos filósofos se gabam de perscrutar a verdade – e a espiritualidade faz parte dela.
Ainda que muitos aspectos do espírito desafiem a lógica e se furtem das explicações óbvias, eles estão inseridos na estrutura total da realidade. Sendo assim, podem ser, de alguma forma, observados, investigados, refletidos e criticados.
Por isso, não faz sentido o filósofo abrir mão das coisas do espírito. Se fizer isso, sua filosofia ficará capenga, pois estará dispensando um aspecto essencial da experiência humana.
Com base nisso é que a Teologosofia se apresenta como um olhar filosófico em relação à espiritualidade. Seu objetivo é meditar sobre os temas propostos pela Teologia e que envolvem o aspecto espiritual da vida, fazendo deles mais compreensíveis.
E, no fundo, se o fim da filosofia é pensar sobre a verdade, sendo as coisas do espírito pensáveis e verdadeiras, não há motivo para o filósofo se esquivar de meditar sobre elas.
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