O PECADO DE ADÃO | A verdade por trás do símbolo

Por trás do mito adâmico encontra-se uma verdade perene e um símbolo que representa a própria condição humana. Nele, aparece o pecado original do homem, motivo pelo qual foi castigado com a expulsão do Paraíso. Mas qual, de fato, teria sido esse pecado e qual a razão para atitude tão drástica da parte de Deus?

Tradicionalmente, pensa-se no pecado de Adão como um mero ato de desobediência: ter tomado do fruto da árvore do conhecimento ─ ato que lhe havia sido expressamente proibido. Porém, por detrás da simbologia do ato pecaminoso encontra-se uma decisão muito mais séria do que comer uma fruta; encontra-se uma rebelião deliberada.

Muitos teólogos entendem que o pecado de Adão seria ter a pretensão de conhecer (tomar da árvore do conhecimento) mais do que Deus lhe permitia. Porém, esse jamais poderia ser o seu pecado, pois Deus o criou como um ser pensante e o pensamento sempre exige expansão. Seria, portanto, um contrassenso Deus condenar alguém por agir exatamente de acordo como Ele o fez.

Adão, na verdade, pecou não por querer conhecer, mas por querer conhecer sem o auxílio divino, sem a orientação do seu Criador. Isso porque o projeto de Deus, para ele, era ajudá-lo no seu processo de amadurecimento da autoconsciência. Deus queria que ele crescesse no conhecimento, mas sob sua tutela.

Mas por que esse desejo de autonomia é tão grave? Por ter sido fruto de sua inveja em relação à soberania intelectual divina. Adão quis ser como Deus, quis pensar por si mesmo, conhecer por si mesmo, descobrir as verdades por si mesmo, através de suas próprias percepções e sentidos.

Um pecado, aliás, que não é apenas do primeiro homem, mas, incrustado na alma da humanidade, passou a ser repetido continuamente por ela. Os homens tornaram-se como deuses e passaram sua história esforçando-se por desvelar e definir a verdade por conta própria. Um esforço que lhes rendeu, certamente, muitas conquistas, mas também muitos erros e mazelas.


Comentários

Deixe uma resposta