O estoicismo costuma ser classificado como uma escola filosófica. Surgido na Grécia antiga, no período imediatamente posterior a Platão e Aristóteles, foi mais um movimento, entre muitos, oriundo daqueles tempos ricos em reflexões e pensamentos.
Não se pode negar que os pensadores estoicos tinham alguma influência dos conceitos filosóficos em voga na época e apresentaram ideias que fomentaram a discussão sobre a compreensão do mundo e dos homens. Inclusive, chegaram a divulgar uma física, uma lógica e uma cosmologia, além de, obviamente, uma ética. Por isso, vê-los como filósofos não chega a ser um absurdo.
O problema é que, diferente dos filósofos tradicionais, os estoicos nunca tiveram a compreensão da realidade como o seu objetivo. O objetivo sempre foi orientar sobre o que fazer para se viver bem.
No entanto, filosofia (philo + sophia) significa um amor ao conhecimento, ao saber. Filosofia é um exercício de reflexão e investigação, não uma proposta de ação.
Exatamente por isso eu entendo que o estoicismo não se trata propriamente de uma filosofia. Isso porque o estoicismo não se propõe a investigar nada. Seu objetivo é simplesmente dizer o que se deve fazer para viver bem. Não é um exercício de pensamento, mas um aconselhamento comportamental e um método de ação, sempre em busca de um resultado específico.
O fato é que, enquanto há muitas filosofias que possuem uma ética entre os seus conteúdos, o estoicismo é uma ética que possui alguma filosofia entre seus princípios.
Se os estoicos exercitaram alguma investigação e alguma reflexão sobre a realidade, fizeram isso apenas para justificar sua ética, que era o objetivo final de suas reflexões. Isso é diferente do que fizeram Platão e Aristóteles, por exemplo, que tinham como seu objetivo principal o conhecimento, a compreensão da realidade, apesar de apresentarem alguma ética em meio a tudo isso.
Portanto, eu não coloco o estoicismo como uma das escolas filosóficas, mas como um movimento ético, que tinha como preocupação maior o comportamento humano. Por esse motivo, o classifico, inclusive, mais perto da psicologia do que da própria filosofia.