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Capitalismo e cristianismo

Cristãos, se forem coerentes com os escritos e tradição de sua religião, não têm como não experimentar um certo mal-estar ao ser favoráveis ao capitalismo e à busca pela prosperidade. Eu mesmo, no que parece uma bipolaridade intelectual, escrevo constantemente em defesa da riqueza e do capital, enquanto teço críticas à postura de quem dirige sua vida em favor das coisas materiais, perdendo contato com o que é superior. Tal atitude, eu tenho consciência disso, deve causar algum tipo de confusão em quem acompanha meus pensamentos.

O fato é que não há como negar que o cristianismo possui um histórico de, no mínimo, imposição de sérias restrições ao lucro, aos juros, ao acúmulo e à busca pela riqueza, que são o cerne do sistema capitalista. Textos bíblicos, como o que afirma que “é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus” e outro que diz: “Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus”, além da conhecida tradição católica de condenação ao lucro e aos juros, deixam em uma situação constrangedora qualquer cristão que tente manter-se fiel à sua religião e permanecer favorável ao capitalismo.

Diante desse verdadeiro dilema, muitos não sabem se defendem abertamente o capitalismo, com o risco de não serem tidos como cristãos verdadeiros ou se mantêm a tradição cristã, sob pena de serem vistos como anticapitalistas ou mesmo esquerdistas.

No entanto, toda essa questão, vista desse maneira dualista, está muito mal colocada e necessita ser melhor compreendida, a fim de solucionar essa aparente contradição.

O fato é que não há nenhuma contradição entre o sistema capitalista, com todo seu impulso à riqueza e o cristianismo. Isso porque não há contradição entre a aplicação universal de um valor, um sistema ou uma ideia e, ao mesmo tempo, a condenação do abuso individual em relação a essa mesma ideia.

Por exemplo: todos somos favoráveis à liberdade, como um valor geral. Defendemos que as pessoas devem ser livres e ninguém deve estar sujeito a nada e a ninguém, senão por sua própria decisão. No entanto, ao mesmo tempo, condenamos aqueles que abusam de sua liberdade, que a usam para sua própria degradação e seu próprio mal.

Da mesma maneira, podemos defender o sistema capitalista, com seu fomento à busca pela riqueza, por meio do lucro, do acúmulo e dos juros e, ao mesmo tempo, condenar aqueles que usam desses meios de maneira desordenada, a ponto de perder-se em uma vida preocupada apenas com o dinheiro, com o luxo e com o que é relativo à matéria. Isso porque a defesa do capitalismo diz respeito a algo que é geral, como a liberdade, que mesmo mostrando-se benéfico como regra de aplicação universal, pode corromper o indivíduo que dele faz uso de maneira desmedida e desarrazoada.

Portanto, um cristão favorável ao capitalismo não precisa sentir-se constrangido de condenar o materialismo desmesurado que muitas pessoas praticam, buscando apenas os bens deste mundo e desprezando o que é espiritual. A pregação permanece a mesma: sempre que a atitude do ser humano privilegiar o material em detrimento do espiritual, o cristianismo a denunciará.

No entanto, essa pregação é unicamente moral e tem como alvo o indivíduo. Nunca será uma proposta de sociedade e jamais se tornará uma condenação ao sistema. É apenas um alerta para que a pessoa, em sua individualidade, oriente-se de uma maneira melhor diante de Deus.

Dinheiro não é pecado

Um jovem, recém milionário, que havia acabado de solidificar sua fortuna ao desenvolver sistemas de tecnologia para internet, tendo mudado sua residência definitivamente de Nova York para San Francisco, fora questionado pelo repórter que o entrevistava sobre o que havia mudado em seu estilo de vida após ele sair de um padrão de renda mediano para a riqueza.

Sua resposta foi clara e objetiva: “Nada!”

Sem hipocrisia, ele explicou que, na verdade, o que havia mudado era que, antes, ele se preocupava com dinheiro e, agora que o possuía em abundância, não precisava mais esquentar sua cabeça com isso, podendo se concentrar no que realmente importava.

O fato é que muita gente tem medo de ganhar dinheiro, acreditando que almejar ficar milionário representa um tipo de ambição reprovável. Nós, que crescemos em um ambiente cultural forjado pela ideia da moderação, principalmente vindo da mentalidade cristã, inclusive em relação ao dinheiro, acabamos acreditando que há um certo tipo de pecado no acúmulo de capital, como se o simples fato de ter dinheiro tornasse a pessoa suspeita de impiedade.

O resultado disso é que, apesar de querer ter uma vida um tanto mais confortável, muitas pessoas criam um certo tipo de limitação, contentando-se apenas com o suficiente para viver razoavelmente bem, mas nada mais que isso.

A consequência é que, já que é impossível controlar exatamente quanto se pode ganhar, pois há variáveis infinitas que acabam determinando isso, muita gente acaba ganhando muito menos dinheiro do que teria a possibilidade e a capacidade de ganhar.

No fim das contas, acabam vivendo, até o fim dos seus dias, contando trocados, tendo de se preocupar se o dinheiro do mês cobrirá todas as despesas e não conseguindo deixar de pensar nos débitos jamais.

O que muita gente não entende é que ter muito dinheiro não precisa significar uma vida de dispêndio transloucado, nem de entrega desvairada às paixões que podem ser compradas. Ter muito dinheiro pode significar muitas coisas boas, como poder ajudar mais pessoas, poder viver de maneira tranquila, poder apoiar bons projetos, poder concentrar-se no que realmente importa nesta vida e, principalmente, não ser engolido pelo redemoinho das preocupações financeiras, que extingue a energia, tira o foco, suga os dias e abala os relacionamentos.

É verdade que há quem que não deveria ganhar tanto dinheiro, pois não sabe usá-lo de maneira sábia e virtuosa. Mas há muita gente que poderia enriquecer, de forma inteligente e altruísta, mas que não consegue, porque tem medo de ferir algum preceito divino.

Não tenha medo de ficar rico. Apenas peça a Deus que seu espírito esteja preparado para tanto. Melhor ainda, prepare-se mentalmente para ganhar dinheiro de maneira virtuosa e já pense como fará para torná-lo um instrumento de alegria e desenvolvimento para si e para os outros.

Ódio ao empresário

Está arraigada na cultura brasileira o ódio ao patrão. Na cabeça do homem simples, que foi envenenada com décadas de discursos anticapitalistas, aquele que lhe dá emprego, na verdade, o explora.

Um professor destilou ódio contra os ricos empresários e disse que luta para que seus alunos não se conformem em ser subalternos, pois eles podem ser patrões. Que pena que seus alunos, quando alcançarem isso, serão odiados pelo seu ex-professor.

As pessoas, quando odeiam seus patrões, costumam apenas pensar no dinheiro que estes ganham, mas ignoram completamente os problemas, os temores e os riscos que eles suportam. Na verdade, tais críticos não possuem a fibra comum ao empresário e não têm coragem para arriscar-se como ele. Odeiam o empreendedor porque não sabem ganhar dinheiro da mesma maneira.

O fato é que aqueles que mais reclamam de seus patrões, normalmente, são os mais vagabundos. Quem trabalha seriamente sabe o valor que o trabalho tem. Quem entende a nobreza do esforço e o sentido da recompensa não fala mal de quem lhe dá emprego, mas quer um dia ser como ele.

Nunca tenha inveja de alguém rico. São as fortunas que proporcionam as oportunidades, os empregos e fazem a economia girar. Acabe com os ricos e sobrará apenas a miséria para ser equanimemente distribuída.

Quem tem medo da riqueza?

Tio PatinhasSempre gostei de gente rica. Na verdade, alguns ricos são bem chatos, principalmente quando acreditam que a riqueza lhes faz superiores. No entanto, em geral, sempre apreciei a riqueza, mesmo eu jamais tendo-a conquistado. Para mim, os ricos sempre me serviram como referência de que alguma coisa deu certo. No mínimo, significa que souberam ser eficientes no quesito ganhar dinheiro.

Se você estranhou o que escrevi acima ou achou inconveniente minha manifestação, talvez esteja sofrendo daquele ressentimento muito comum nos corações revoltados. Se ao saber quanto ganha um Neymar ou Gisele Bündchen o que lhe toma é um senso de justiça e protesto, achando que aquilo é muito dinheiro para uma pessoa apenas, é provável que você esteja contaminado de uma inveja improdutiva, tão comum nos militantes progressistas. Continue Reading