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Fabio Blanco
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Fabio Blanco

A impossibilidade da unidade transcendente das religiões

Posted on 20/07/201731/01/2018

Frithjof Schuon, ao propor a existência de uma unidade transcendente das religiões, faz isso baseado em sua convicção de que “uma religião é forçosamente uma forma (…) por seu modo de expressão”.

Considerando que “uma forma, por definição, não pode ser única e exclusiva“, isso daria margem ao entendimento da possibilidade de uma verdade religiosa universal, que seria una em seu mais profundo sentido, apesar de múltipla em sua manifestação externa.

O que, porém, me parece que Schuon deixa de lado é o fato de que uma religião não pode ser definida apenas por sua forma, mas possui fatos históricos que são a base e o fundamento de sua expressão exterior e posterior.

Com isso eu quero dizer que me parece impossível que as religiões possuam algum tipo de unidade quando seus fatos fundadores não são compatíveis entre si, por vezes até contrapondo-se.

Por exemplo, se a morte de Cristo pretende ser um fato expiatório, possibilitando, por meio dele, a salvação de todos aqueles que o aceitarem, como conciliar isso com a expectativa maometana que sequer considera a existência desse fato, menos ainda dos efeitos pretendidos por este?

É verdade que Schuon vai explicar isso dizendo que os fatos, que seriam a Revelação das religiões, possuem um alcance limitado, conforme as circunstâncias e localidade, mas seriam eficazes naquele ambiente específico, apesar de representarem apenas símbolos em um sentido universal. No entanto, dizer isso é o mesmo que negar a validade desses fatos, pois se um fato é apenas um símbolo que, em vez de conduzir ao sentido real mais profundo, apresenta-se como sua negação, inclusive reivindicando a interpretação absoluta de si mesmo, então ele não pode ser considerado verdadeiro, nem mesmo de maneira limitada. O símbolo, para ser válido, não pode negar seu sentido mais profundo, ainda que não o revele com claridade.

Considerando isso, é preciso lembrar que não pode haver unidade onde não há compatibilidade, e esta, para existir conforme a pretensão dos esotéricos, precisa ignorar os fatos históricos, tratando-os, se não como inexistentes, ao menos como irrelevantes em seus efeitos espirituais pretendidos e menores diante das chamadas verdades metafísicas, transcendentes e superiores pregadas pelos iluminados.

Para aceitar-se uma unidade transcendente das religiões, portanto, é preciso mutilá-las, tornando os fatos que lhes dão sentido meros símbolos, com alcance limitado e completamente irrelevantes diante da profundidade da verdade esotérica.

A unidade transcendente das religiões, na verdade, me parece apenas mais uma doutrina competindo na infinidade de doutrinas que já existem por aí. E apesar de parecer unir os credos, o que faz é rejeitá-los, talvez, no máximo, tolerá-los, mas, de fato, torná-los inúteis ante um sentido que apresenta-se como mais profundo que todos eles.

 

Publicado originalmente em Teologosofia

8 thoughts on “A impossibilidade da unidade transcendente das religiões”

  1. Julio disse:
    16/10/2024 às 22:52

    A sua tese esta totalmente certa, quem faz blá blá é esse tal de Schuon idealizando um Islã que nunca existiu a jihad em que se fala no Alcorão existe em dois tipos a externa e a interna.Uma que seria a guerra externa contra os infiéis e a outra a guerra interna contra o proprio ego ou seja o sufi.
    Todos os sufis depois de se converter a o islã tem que trabalhar as duas que são juntas.
    É muita cara de pau desse Schuon , os próprios Muçulmanos dissem que os Judeus e Cristãos modificaram os textos uma forma de malabarismo para convergir com esses , o proprio Jesus disse que veriam falsos profetas falando o nome dele

  2. André Murta Morais disse:
    24/03/2023 às 21:33

    Caralhôooo.. derrubou em três parágrafos livros e mais livros, todas as civilizações da história e suas religiões. CARALHÔOOOOO. (Vc é abortista?)

  3. Daniel disse:
    01/09/2022 às 15:16

    Tagarelou, tagarelou e não disse nada além de um blablabla malabarista tecnico a respeito de divergências doutrinárias – e pra isso não precisa um texto verborrágico, qualquer um entende que as religiões mencionadas se diferem quase que integralmente entre nesse aspecto –
    todo esse texto é inútil do ponto de vista METAFÍSICO que é a pontuação para qual tu te propôs refutar.

    Na verdade tua explicação só tem pretensão, mira uma coisa discorrendo sobre outra.

  4. Victor Fidel disse:
    09/01/2020 às 21:10

    No título já tá a síntese da tese. A unidade é no reconhecimento (metafísico) da “estrutura” da realidade e em nenhum outro lugar.

  5. solidmutax disse:
    03/11/2018 às 07:35

    As pessoas ainda tem dificuldade em separar política e religião. E individual e social. O resultado é confusão. Enviesamento que seria desnecessário se soubessem o critério de demarcação.

  6. Fabio Blanco disse:
    26/08/2018 às 10:15

    Parabéns! Seus argumentos são muito persuasivos e colaboram muito para o debate sobre o tema.

  7. And disse:
    26/08/2018 às 04:24

    Cara, fiquei com pena dos seus alunos depois de ler tanta idiotice, na boa você é um evanjégue metido a sabichão é uma pena que possua alunos.

  8. Aduad Attar disse:
    10/12/2017 às 16:13

    Que coisa, estou lendo algo que pensa como você…. Para Schuon – os islamismo Sufi é belo, tolerante, consciente. Estou vendo uma nota sobre o livro de Schuon publicada na Folha de São Paulo que vê o Islã como intolerante e violento. Isso tudo me faz lembrar do filme: Cruzada (2005) quando o Ferreiro participa da batalha do rei leproso (metáfora de todo mandatário: caduco, cego, que quer manter-se no poder), e do lado dos muçulmanos está o Rei Saladino – que no filme pega o crucifixo e põe de pé na mesa (umas das últimas cenas do filme). É esse mesmo rei que vai se tornar uma das imagens da conduta cavalheiresca da Idade Média. O que houve com o diálogo da Europa com o Oriente Médio? Por que se perdeu? O que vemos hoje é reflexo do que? Obrigado, Aduad Attar.

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