Luiz Felipe Pondé apequenou-se diante da bancada comandada por Luis Ernesto Lacombe. Ao esforçar-se por não ser confundido com aqueles que defendiam o presidente Bolsonaro, conseguiu apenas mostrar a fragilidade de seu próprio raciocínio e a incongruência de quem não defende a verdade, mas apenas sua autoimagem.

Primeiro, o filósofo afirmou que o presidente erra ao não se comunicar de maneira litúrgica. Depois, quando o presidente, no mesmo programa, dá uma resposta litúrgica à pergunta de uma jornalista presente, o mesmo Pondé afirma que a resposta não poderia ser levada a sério exatamente por ser litúrgica.

Mas o pecado lógico do Pondé é característico. Todo aquele que tem obsessão por se mostrar independente cega-se. O ansioso por se afastar do senso comum aprisiona-se.

Quando uma pessoa coloca a independência como sua maior virtude, a realidade deixa de importar. Encastela-se no interior de si mesma, num esforço insano de diferenciar-se do vulgo, restando apenas uma dança retórica constante para colocar-se à parte de opinião geral.

No entanto, toda pessoa inteligente — especialmente, um filósofo — deveria perseguir a verdade acima de tudo, não a independência. Seja esta verdade vista por todos ou por ninguém.

O fato é que a independência de um pensador reside na busca da verdade, esteja ela onde estiver.

O pensador realmente independente não tem medo de isolar-se do público, nem de confundir-se com ele. Ele teme, sim, perder sua independência, todavia não apenas para o senso comum, mas também para seu próprio pavor de ser confundido com ele.