Nem todos sabem, mas eu mantenho um blog desde 2005 e mesmo hoje, quando meios de comunicação mais dinâmicos e de alcance maior e mais imediato dominam as formas como as pessoas compartilham suas ideias, eu ainda tenho os textos que publico por lá como meu principal meio de expressão. Sou retrógrado? Sou teimoso? Não! Apenas acredito na força de influência permanente da escrita.

Eu tenho consciência do impacto da linguagem verbal. Inclusive, sou professor de oratória. Sei que a linguagem falada é rica em possibilidades, permitindo mais interpretações, possibilitando mais nuances e ênfases. A transmissão da emoção, pelo orador, é imediata, porque é direta. No entanto, apesar de tudo isso, falta-lhe algo que apenas o texto escrito possui: a permanência.

Palavras faladas são como o vento: movimentam as coisas, causam alvoroço, fazem revoluções, promovem destruição, porém, sempre passam e, depois que passam, já não se sente mais tanto a sua força. A palavra escrita, por outro lado, tende a ser mais serena, menos barulhenta, mas é profunda, penetrante, pois permanece, ininterruptamente, diante dos olhos, impregnando a alma. Por isso, sua influência, no tempo, é maior.

Perceba como, dos autores, pouco lembramos daquilo que deles ouvimos, mas há textos que se tornam imortais. Já ouvi centenas de aulas do professor Olavo de Carvalho, por exemplo, mas o que eu sempre guardo na memória são seus artigos, apostilas e até postagens nas redes sociais que ficaram imortalizadas. ‘Bandidos e Letrados’ é um desses; ‘As 12 camadas da personalidade’, uma das apostilas memoráveis’; aqueles post sobre a loucura que o mundo atingiria ressoa na minha cabeça até hoje.

O texto, diferente da fala, fica ali, na nossa frente, insinuando-se ininterruptamente, pedindo para ser mastigado, deglutido, ruminado. Talvez, esse seja o motivo porque ele, diferente da palavra falada, que é ingerida de uma vez só, tenha tanto poder. Além do que, a linguagem verbal sempre é a manifestação do outro, o som que o outro emite e passivamente absorvemos. No caso da escrita, o leitor é forçado a ouvir o texto com sua própria voz dentro de sua cabeça, tornando-o íntimo seu, fazendo dele algo quase pessoal.

O mundo tecnológico pode privilegiar os sons e as imagens, os vídeos e as falas; ainda assim, continuo acreditando que a verdadeira força reside no texto. Por isso escrevo. Disso vem minha convicção de que se algo meu ficar para a posteridade será em virtude da minha escrita.