A busca de uma linguagem conciliadora, que tenha por objetivo o acordo, é o que alguns teóricos entendem como o ideal na política.

Sonham com debates ordeiros e educados, onde todas as partes expõem seus pontos de vista para chegarem a uma espécie de síntese superior a qual todos se submeteriam respeitosamente.

O que esse ideal não conta é com o fato de que, em política, alguns grupos estabelecem a linguagem unicamente como uma arma de guerra. Eles não possuem o discurso como um instrumento para a composição, nem mesmo para o convencimento, mas como recurso para alcançar a vitória sobre seus adversários.

Nesse caso, a possibilidade de composição simplesmente extingui-se.

Pode até parecer bonito e superior ter o consenso como objetivo, mas é absolutamente ingênuo acreditar que isso é possível com quem não está em um diálogo, mas em uma disputa.

Nesse sentido é que eu entendo que a comunicação não-violenta, do Marshall Rosenberg, ou a interpretação sobre a Nova Retórica de Perelman, feita por Mieczyslaw Maneli, podem ser vistas, no máximo, como técnicas de comunicação restritas a circunstâncias muito específicas, mas não servem para orientar a linguagem usada na realidade do cotidiano, principalmente político.