Os jornais são, antes de tudo, empresas. Empresas vivem de seus lucros. Os lucros, vêm, principalmente, do consumo. Os consumidores são os leitores. O que é mais indicado fazer, portanto, é, sem ferir a ética jornalística, nem a verdade dos fatos, tentar entender a visão daqueles que compram seus exemplares e, principalmente na emissão de suas opiniões, tentar representá-los de alguma maneira.

O que os periódicos brasileiros, no entanto, escolhem é exatamente o contrário: servem de escudeiros de um governo que tem a reprovação da quase totalidade do povo do país. Claro que fazem isso de maneira um tanto discreta, fingindo pluralismo. No entanto, menos pelo que informam, mas, principalmente, pelo que deixam de informar, criam um espaço de alienação dos verdadeiros problemas da nação e uma verdadeira omissão dos objetivos mais escusos do governo.

Fazendo isso, colhem os frutos que merecem. Suas vendas e seus lucros despencam ininterruptamente. Sua influência se esvai, pois as pessoas já não enxergam neles nenhum tipo de representatividade. Se ainda os lêem, é mais pela inexistência de empresas de mesma magnitude que façam o trabalho corretamente do que por uma deliberada escolha por preferência.

Essa atitude quase suicida dessas empresas jornalísticas certamente se escora nas propagandas governamentais que, atualmente, são o grosso da renda delas. Entre a incerteza e inconstância da adesão dos leitores e a garantia da receita vinda diretamente do governo, eles não têm dúvida de escolher por esta..

Por isso, sou absolutamente a favor da proibição irrestrita de propagandas governamentais em qualquer meio de comunicação. Elas não servem para absolutamente nada, senão para enganar o povo em relação ao trabalho, quase sempre ineficaz, do governo. E se isso fosse implantado, veríamos, finalmente, essas empresas jornalísticas, definitivamente, indo à bancarrota.