Um reformado do século XVI, sendo honesto e conhecedor da história, não poderia acusar o cristianismo anterior de paganismo, mas, no máximo, de despaganização parcial.

É que, quando da absorção das hordas pagãs do norte, o que o cristianismo ofereceu foi uma atenuação progressiva da mentalidade supersticiosa que as dominava. E não só elas, mas os próprios helenos e romanos viviam tempos anti-científicos desde, pelo menos, duzentos anos antes de Cristo.

Talvez, a despaganização tenha sido limitada ou pode ser que a racionalização posterior seja um tanto exagerada. O mais importante, porém, é entender que o que aconteceu entre os séculos IV e V foi mais uma cristianização do mundo do que uma paganização do cristianismo.