Estamos vivendo um momento quando tudo o que se diga pode ser interpretado como uma agressão a um grupo qualquer. Às vezes, até as manifestações mais inocentes são tachadas de discurso de ódio por alguém que, por algum motivo, tenha se sentido ofendido pelas palavras proferidas. Até alusões indiretas ou que apenas remetem de forma distante a um grupo étnico, uma religião, uma ideologia, um gênero, uma opção sexual ou qualquer outro grupo que possa ser representado na infinitude da diversidade humana, se tornam motivo de reclamação.

O que esses protetores da sensibilidade não percebem é que sempre que um grupo sente-se humilhado por uma declaração qualquer, imediatamente está declarando sua própria inferioridade. Isso porque só os fracos sentem-se afetados pelo que se diz deles. Apenas quem é subjugado, portanto inferior, acredita que deve levantar a voz em defesa de si mesmo. Os superiores não precisam disso. Quem sabe que não está abaixo de ninguém não tem a sensibilidade aguçada em relação ao que se fala sobre ele.

Mas os escandalizados se multiplicam. A cada dia surge uma categoria de vítimas da sociedade que enxergam nas palavras alheias algum tipo de violência que lhes afeta. Chegamos ao ponto, portanto, que manifestar-se tornou-se muito perigoso, pois quase sempre o que se diz conterá algum tipo de conteúdo escandaloso para alguém.

No entanto, não é por acaso que isso acontece. Quando uma pessoa fica escandalizada está demonstrando automaticamente seu senso de inferioridade. E quem se sente inferiorizado alimenta, ainda que inconscientemente, uma necessidade de vingança. Portanto, alguém que é estimulado a enxergar agressão em qualquer coisa que se diga em referência a ele está, na verdade, sendo levado ao ressentimento.

A lógica é bem óbvia: estimula-se o escândalo, que leva a um senso de inferioridade, que conduz ao ressentimento e que alimenta o desejo de vingança. Temos, então, delineada a forma como os poderosos mantém sob o cabresto os diversos grupos da sociedade.

Assim, esses grupos, ao mesmo tempo que pensam estar em uma luta por sua liberdade e se vêem como os paladinos da justiça social, estão simplesmente servindo de massa de manobra de quem usa seus ressentimentos – muitas vezes forjados – para controlá-los.

Portanto, se você é dessas pessoas que se sentem ameaçadas e humilhadas por qualquer manifestação que escutam por aí, em referência ao grupos do qual faz parte, repense seus conceitos e observe se não está sendo um mero joguete nas mãos de pessoas que sabem muito bem como lhe controlar.

Deixe de ser frágil! – é o que eu gostaria de lhe dizer.

Se alguém manifestar algo estúpido sobre você ou sobre o grupo ao qual você pertence, em vez de escandalizar-se, aprenda que muitas pessoas são mesmo estúpidas e que não merecem nada mais do que o seu desprezo. Por isso, não humilhe-se, escandalizando-se. Nestes casos, o escândalo é um elogio imerecido.


Comentários

Uma resposta para “Escândalo alimentado”

  1. Muito importante ter esta consciência. No meu caso, principalmente este trecho:
    “Quem sabe que não está abaixo de ninguém não tem a sensibilidade aguçada em relação ao que se fala sobre ele.”
    O que ocorre comigo é ter esta noção, porém ter resquícios ou marcas desta sensibilidade aguçada.

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