macacosHá uma característica comum nos integrantes dos movimentos coletivos, que é aquela atitude descerebrada e macaqueada que torna todos eles semelhantes uns aos outros, esteticamente, psicologicamente e na forma como se comunicam. Observá-los é quase como olhar para uma jaula de símios, onde o que prevalece são as atitudes e hábitos comuns, com apenas pequenos traços de distinção entre seus viventes.

Mas parece mesmo que há um certo primitivismo em todos nós, afinal, o apelo coletivo sempre nos atrai. Isso explica-se pela tendência primordial de agrupar-se, o que é próprio da natureza humana, mas também, não se pode negar, por um certo conforto que se encontra na concordância alheia ao que fazemos. O apoio coletivo afaga e afirma que viver sob sua égide é o que há de mais seguro.

Muita gente, por isso, se entrega aos movimentos de massa. Principalmente, porque perderam a confiança em si mesmos, não acreditam que são capazes de desenvolverem suas próprias personalidades ou, simplesmente, são preguiçosos o bastante para deixar de procurar entender as próprias razões, lançando-se, alegremente, nos braços do bando.

Alguns chegam até a pensar que é impossível fugir das exigências coletivas, como se seus apelos fossem inexoráveis. No entanto, não apenas é possível proteger-se delas, como é a maneira mais inteligente de desenvolver a si mesmo e não cair na estupidez que invariavelmente promovem esses movimentos.

Na verdade, é na valorização do indivíduo que se encontra a chave para livrar-se da força atrativa que os movimentos coletivos possuem.

O indivíduo, ao compreender que seu valor está exatamente nessa sua distinção, que o torna único e diferente de todos os demais, tem a possibilidade de autoconhecer-se realmente. Ao concentrar-se em seu próprio eu, tem a possibilidade de identificar suas características e necessidades, interpretando o mundo não mais como uma mera engrenagem acrítica, mas como um ser inteligente e eterno. Assim, o chamado coletivo deixa de ser um recanto de consolo a uma alma vazia, mas algo a ser analisado por uma inteligência única e confiante.

Também, é na valorização do indivíduo que é possível o fortalecimento das convicções. É verdade que os pertencentes aos movimentos de massa parecem ser bastante convictos do que fazem, mas aquilo não passa de mimetismo rasteiro, simulacro de certeza, que não passa de imitação. Quando, porém, a pessoa aprende que, antes de ouvir a voz da falsa unanimidade externa, é bom que aprenda a escutar a voz que vem de dentro, passa a compreender que a soma de idiotices não pode formar nada inteligente.

De fato, quando o indivíduo aprende que olhar para dentro de si, prestando atenção às suas percepções e intuições, antes de ser uma atitude egoísta, é o princípio do desenvolvimento da inteligência, começa a criar em si uma barreira intransponível para os ataques coletivistas.

É verdade que tudo isso pode parecer um louvor ao subjetivismo e ao relativismo. Mas quando eu me refiro à interioridade e à valorização do indivíduo, não estou instigando a nada além daquilo que a sabedoria antiga sempre promoveu também. O que se deve buscar, com efeito, não é o isolacionismo imbecil, que acha que toda a verdade encontra-se dentro de si, nem o eudeusamento próprio, acreditando que toda verdade brota de dentro, mas o fortalecimento da consciência individual, que se desenvolve com a absorção crítica daquilo que, principalmente, outros indivíduos descobriram e estabeleceram e do que Deus revela para a humanidade, não dos gritos histéricos coletivos que, invariavelmente, apenas replicam ideias geridas em gabinetes de engenheiros sociais.

Por isso, tenho convicção que os apelos coletivistas não são irresistíveis. Pelo contrário, quando há um desenvolvimento pessoal sadio, baseado no autoconhecimento e na observação honesta da realidade, fortalece-se assim a convicção individual, a chamada consciência pessoal, que se torna o verdadeiro bastião a proteger a alma da investida invasora e corrosiva dos movimentos de massa.