Deus falou aos homens, sobre os homens. A igreja, às vezes, fala sobre muitas coisas, mas deixa o homem, em sua substância, esquecido

Um discurso cristão que tenha alguma relevância não pode se ater apenas às trivialidades da vida, em seus aspectos materiais e emocionais, que envolvem o que é palpável e sensível. Nem se preocupar demais com o que se refere às atividades eclesiásticas, à realidade ministerial, como se a práxis cristã fosse um fim em si mesma.

Todas essas coisas têm seu grau de importância, mas são apenas acessórios daquilo que é realmente crucial: a restauração do homem.

Enquanto o homem, em seu aspecto universal, não for colocado no centro da pregação, as palavras não alcançarão as mentes e os corações dos ouvintes. Poderão até atingir seus ventres, arrepiar seus pelos, poderão até fazer chorar, mas não significarão nada além do que está restrito à vida temporal.

Deus falou aos homens, sobre os homens. A igreja, às vezes, fala sobre muitas coisas, mas deixa o homem, em sua substância, esquecido. Fala, sim, até em demasia, em projetos, em trabalhos, em metas e ações. Fala, também, muito em conquistas, vitórias, bênçãos e soluções. Não fala, porém, ou diz muito pouco, sobre quem somos, não como pó, mas em essência.

Por isso, tantos têm abandonado seus bancos. Não sentem que ela está se dirigindo a eles, nem falando sobre eles.

Se falar apenas para o homem carnal, em suas necessidades inferiores e sua visão horizontal, alcançará apenas um humano animalesco. Pode até conseguir cooptá-lo, mas será algo temporário e fugaz. Isso porque o homem carnal é volúvel. Sua inconstância é o reflexo de sua natureza: mutável e finita.

É para o homem superior, aquele que é chamado de espiritual, que deve dirigir suas palavras. Assim, alcançará o que há de maior nele, em seu aspecto que toca a realidade celestial e é perene. Quando fizer isso, se tornará realmente relevante.