O mundo se depara, constantemente, com fatos que se nos parecem com anomalias. São acontecimentos que nos dão a impressão de que as coisas saíram do lugar. Podem ser abalos econômicos, desastres naturais, convulsões sociais ou conflitos militares.

Tais fatos, apesar de não serem totalmente inesperados, quando acontecem, parecem, para alguns, como sinais de uma nova era. Enxergam neles um prenúncio da decomposição da sociedade como a vivenciamos. Seriam como dores de parto de um novo tempo.

Essas pessoas são como profetas do apocalipse, captando presságios de catástrofes e sintomas de calamidades para vaticinar o flagelo. Esperam, com isso, gerar uma expectativa pelo pior e, em consequência, medo.

Um tipo especial de cultor da desgraça é o revolucionário.
Sua pregação afirma que a sociedade atual tem seus dias contados e é preciso que ela seja destruída para uma outra surja em seu lugar. A qualquer sinal de perturbação, ele se excita com a possibilidade do fim do capitalismo, da sociedade burguesa ou da civilização ocidental.

No entanto, todas as sociedades são compostas por interesses diversos, objetivos diferentes e visões de mundo antagônicas. Por esse motivo, os planos, os projetos, as configurações e os acertos existentes nelas são sempre frágeis e temporários.

Sendo assim, é da natureza de qualquer sociedade que haja conflitos. Seria estranho, inclusive, que tudo permanecesse sempre em paz e sem perturbações. Por isso, ocorrer crises é bastante esperado.

O problema não é a crise, nem a ênfase que esses pregadores dão a ela, mas o vaticínio da assolação que a acompanha. O que prejudica a vida das pessoas é a retórica da destruição que esses profetas do fim disseminam, criando uma expectativa pelo pior.

O que muita gente não percebe, porém, é que muitos desses prognosticadores agourentos ganham com suas previsões. Apesar de não se arriscarem com elas e não serem cobrados mesmo quando seus prognósticos não se concretizam, eles obtêm vantagens com tudo isso.

Seguir cultores da destruição não é, de fato, inteligente. Afinal, enquanto sofremos com a expectativa de desgraça, eles se fartam com ela.