Skip to content

Menu
  • Filosofia
  • Psicologia
  • Inteligência
  • Cultura
  • Comunicação
  • Escrita
  • Sociedade
  • Espiritualidade
Menu

A argumentação na busca da verdade

Posted on 08/08/201908/08/2019 by Fabio Blanco

Certa vez, um amigo questionou-me se eu acreditava que meus argumentos estavam sempre certos. De pronto, respondi-lhe que sim. Afinal, se eu não acreditasse nisso, que motivo teria para expô-los?

Eu sempre gostei de argumentar. Para mim, é como um exercício: ao mesmo tempo que cansa, fortalece. É que a argumentação exige raciocínio, e também coerência . Isso demanda concentração, consumindo energia mental. Mas também tonifica o cérebro, tornando-o capaz de desbravar mesmo idéias que parecem as mais obscuras.

No entanto, a força intimida, e quem demonstra ter um raciocínio robusto e bem treinado é visto como uma potência ameaçadora. Talvez por isso meu amigo tenha feito aquela pergunta. Talvez ele, simplesmente, tenha se sentido ameaçado.

Até certo ponto, isso é compreensível. Argumentos, com sua obsessão por dar razão a tudo, são tentativas de desmascarar o erro. E as pessoas não se sentem à vontade quando seus erros, geralmente baseados em idéias prontas, são perturbados.

Um argumentador compulsivo como eu, às vezes, é visto como um chato. Não só isso. Quem insiste em apresentar motivos sempre que fala parece arrogante, como alguém que faz de tudo para mostrar que tem razão.

Porém, é preciso ver as coisas por uma outra perspectiva. Quem reclama de um argumentador não percebe a grandeza do ato de argumentar. É que, como afirma Chaim Perelman, “para argumentar é preciso ter apreço pela adesão do interlocutor, pelo seu consentimento, pela sua participação mental”.

Uma pessoa só se esforça por apresentar fundamento para o que diz porque acredita que seu ouvinte é inteligente o suficiente para entender o raciocínio, justo o suficiente para poder ser convencido e importante o suficiente para merecer tal esforço. No fundo, o argumento – seja ele qual for – é um elogio.

Quem dera as pessoas abandonassem um pouco suas certezas estabelecidas e suas sentenças pré-formatadas e começassem a usar da argumentação como um meio, não apenas de apresentar razões, mas também de compreender a realidade. Afinal, um argumento não nasce na boca do argumentador, mas começa em sua mente, em uma conversa dele com ele mesmo.

Por isso, não se deve desprezar um esforço argumentativo, afinal, o primeiro a ser convencido por ele é o próprio argumentador e é isso que faz da argumentação um instrumento indispensável na busca da verdade.

Relacionado

Continue Reading

Next Post:
Falar não é pensar
Previous Post:
O paradoxo do argumento pragmático

Deixe uma resposta Cancelar resposta

Últimos Escritos

  • Vocação para a Política
  • Eficiência na Democracia
  • Gatilhos Emocionais
  • Manual Esquemático de História da Filosofia
  • Como Iniciar os Estudos de Filosofia
  • Necessidade de Sentido
  • Reflexos de Deus
  • Casais que Não Têm Harmonia
  • O Verdadeiro Pecado de Adão
  • Paradoxos da Solidão Contemporânea
  • Excesso de Vozes nas Redes Sociais
  • A Vida é Imprevisível
  • O Fechamento da Livraria Cultura
  • Choro pelo Monopólio Perdido
  • Douto Desconhecimento
  • Análise dos Dois “São Mateus” de Caravaggio
  • Censura e Inteligência
  • O Que Caracteriza a Dialética Marxista
  • Culpa, Um Sentimento Moderno
  • Nem Tudo é Importante
  • A Essência da Democracia
  • Análise do Caráter
  • Enfadonhas Certezas Políticas
  • A Natureza da Nação
  • Sejam Céticos
  • Guerra Silenciosa
  • Espectadores de um Teatro Macabro
  • Enquanto a Guerra Durar
  • Artes e Cultura de Massa
  • Darkest Hour
  • As Ideias dos Náufragos
  • Retórica do Oprimido Amigo do Poder
  • Eleições e Soberania
  • Mal-Estar pela Influência Marxista
  • Lideranças nos Movimentos de Massa em Tempos de Redes Sociais
  • Fascistas e Nazistas
  • Ideologia e Natureza
  • Cultura de Massa
  • Resistência da Natureza à Ideologia
  • O Pior dos Elitismos
  • Vocações Especiais
  • Respeito ao Passado
  • Igreja é Refúgio
  • Velhice Desprezada
  • A Experiência de Escrever um Livro
  • Filosofia Esclarecedora
  • Pensar por Palavras
  • Escrita Habitual
  • O Preço do Conhecimento
  • Pensamento Crítico
  • Informação e Instrução
  • Filosofia Prática
  • A Vontade que Sustenta o Mundo
  • Democracia dos Mortos
  • A Racionalidade do Cristianismo
  • Populismo Elitista
  • A Loucura do Pensamento Moderno
  • A Revelação da Verdade
  • A Quarta Teoria Política
  • A Sociedade Holística
  • Vítima do Projeto Globalista
  • Breve Introdução ao Eurasianismo
  • O Preço da Ordem e da Segurança
  • Direito de Duvidar
  • Verdade Sequestrada
  • A Importância da Política
  • Tecnologia e Poder
  • Puritanos Seculares
  • Como Chegamos na Pós-Modernidade
  • Eu Não Planejo Meus Estudos
  • Por Que o Socialismo não Funciona
  • Incentivo forçado
  • O Consumidor é Soberano
  • Lei da Natureza Humana
  • Psicanálise e o Vício do Olhar Autocentrado
  • Expectativas e Realidade
  • O Revolucionário é um Conservador
  • A Felicidade Nunca é Publica
  • O Homem é o Lobo do Homem
  • Preservação da Nossa História
  • Fragmentação da Sociedade Contemporânea
  • A Perspectiva Superior da Filosofia
  • Por uma Filosofia Integral
  • O Preço da Verdade
  • Revelação Gradativa da Verdade
  • Platão: Prisioneiros da Caverna
  • Busca pela Verdade
  • Faculdade de Marxismo
  • Linguagem, Arma Política
  • Professor Reflexivo
  • Soberania Diluída
  • A Força da Escrita
  • Revolta da Normalidade
  • O Ordinário e o Misterioso
  • Defesa das Pequenas Liberdades
  • Liberdade Casuísta ou por Princípio
  • A Linguagem Diversionista dos Frankfurtianos
  • Inocência ou missão
  • O espírito de Frankfurt
  • O PCO e a defesa do indivíduo
©2023 | Built using WordPress and Responsive Blogily theme by Superb