É do conhecimento geral que as universidades brasileiras se tornaram um antro de agentes de ideologização. Frequentar uma faculdade pode ser uma experiência degradante para qualquer jovem. O fato é que o pouco que se aprende por lá não compensa o mal que afeta a cabeça dos alunos. Apesar disso, a universidade brasileira mantém sua força de influência social, mas isso não provém do conteúdo que nela é ensinado e sim por ela continuar sendo a única certificadora, por meio de seus diplomas, para o exercício profissional. Médicos, advogados, psicólogos e engenheiros, por exemplo, só podem trabalhar em suas respectivas áreas se forem formados em suas respectivas faculdades. Além disso, o próprio mercado aprendeu a exigir o diploma universitário para contratar seus empregados.

O que há, portanto, é um monopólio que reserva à universidade o direito de ser o que quiser, de agir como bem entender, de atuar até de maneira contrária aos interesses da sociedade, pois o seu poder está garantido pela autoridade que lhe foi constituída pelo nosso ordenamento e cultura.

Dessa forma, não vejo outra maneira de ferir seriamente a universidade brasileira, forçando-a a reinventar-se ou morrer, senão acabando com esse privilégio que ela possui de agir como praticamente a única autorizadora do exercício profissional.

Minha proposta, diante disso, seria bem extrema: permitir que qualquer pessoa exerça a profissão que bem entender, obviamente, sujeita à fiscalização, tanto do Estado como das entidades representativas de classe.

No entanto, tendo plena consciência que tal proposta seria extrema para a mentalidade atual de nossa sociedade, sugeriria que, para o exercício das profissões regulamentadas, fosse exigida apenas a aprovação em exame específico, nos moldes como faz a OAB. Assim, para que alguém pudesse trabalhar em determinada área, bastaria que fosse aprovado em provas que testassem seu conhecimento e preparo, independentemente de sua formação acadêmica.

Assim, caberia a cada pessoa preparar-se adequadamente para obter o certificado. Quem se sentisse capacitado poderia, inclusive, estudar por conta própria, sozinho, em casa. Quem preferisse aprender com professores e orientadores poderia fazer isso nas escolas dos mais diversos tipos e modelos que se ofereceriam para preparar adequadamente os candidatos, nos mesmos moldes como os cursos preparatórios para concursos.

O resultado disso seria, obviamente, a melhora da qualidade do ensino, porque cada escola, para manter-se no mercado, dependeria do resultado de seus alunos. Além disso, por causa da concorrência que surgiria, os preços praticados seriam mais condizentes com a realidade do brasileiro, além de permitir aos alunos maior liberdade de escolha.

Se isso fosse implantado, tenho certeza que as universidades precisariam rever seus conceitos, rever seus professores e, principalmente, rever seus currículos. Quem sabe, elas não voltariam à sua vocação original, que é a de formação de uma elite intelectual? Ou, então, simplesmente, poderiam se fechar em seus muros, regurgitando a ideologia de seus professores militantes, se deliciando na fumaça da maconha expelida por seus alunos, mas, pelo menos, só estaria lá quem quisesse experimentar esse mundo alternativo e estúpido que elas criaram.