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Sejam Céticos

O sentimento religioso e a necessidade de fé é o combustível que alimenta os manipuladores. A urgência que as pessoas têm de seguir alguém torna-as um instrumento perfeito para que sejam direcionadas para onde os manipuladores desejam.

Não é à toa que Deus ensinou que não se deve confiar na força do próprio braço, mas resumiu esse conselho à frase “maldito do homem que confia no homem”. O problema é depositar uma confiança cega na própria humanidade, que é falha e volátil.

A fé é uma força dispensada para ser lançada sobre aquilo que é infalível. Por isso, o cristianismo ensina que se deve ter fé em Cristo, que é o próprio Deus. Assim, fora dele tudo seria incerto e inconfiável.

A lição que fica é que, quando se trata de depender dos outros, de seguir as instruções dos outros, um pouco de ceticismo sempre é aconselhável. A fé é virtude apenas quando voltada para o inerrante, a desconfiança só é pecado quando direcionada para o infalível.

Mas existe uma necessidade natural de fé e é isso que leva as pessoas a buscarem guias humanos. Então, elas ingressam em movimentos não – como é aconselhável – de uma maneira cética e cuidadosa, mas com fé, até com ardor religioso. A partir daquele momento, tudo o que é dito ali é certo, tudo o que vem de fora, errado.

As pessoas costumam substituir os antigos guias por novos guias, param de ouvir os velhos conselhos para seguir os novos conselhos, trocam as antigas verdades absolutas por novas verdades absolutas. Não há suspeita, apenas troca de crença.

Aqueles, então, que têm uma visão do processo, que entendem como funciona a alma humana e possuem objetivos escusos, para os quais as massas tornam-se imprescindíveis, usam-nas a seu bel-prazer, manobrando as mentes como bem entendem.

Nossos tempos, com seu excesso de informação e conexões imensas, são propícios, como nunca se foi, para todos os tipos de jogos manipulatórios. Por isso, se eu pudesse, daria apenas um conselho: “sejam céticos!”.

Não sou politicamente incorreto

Eu não tenho nenhum prazer em ser politicamente incorreto. Este é apenas um rótulo que dão àqueles que não falam o idioma de quem se pensa justiceiro social. No meu caso, porém, não há qualquer alegria em não me expressar nessa língua.

A única coisa que eu quero é ter a liberdade de descrever as coisas como as vejo. Se vejo homem, digo homem; se vejo mulher, digo mulher; se vejo branco, digo branco; se vejo preto, digo preto. Só isso! Não sou politicamente incorreto, apenas falo como gente normal.

Às vezes, dou-me até o direito de usar algumas figuras de linguagem, mas nunca com intenção de agredir, acredite! É que a linguagem não pode ser apenas descritiva. Dizer “o negão é gente boa” é muito mais humano e sincero e real do que falar “o afrodescendente é uma pessoa justa”. Nem mesmo chamá-lo pelo nome tem o mesmo efeito. É frio, é distante…

A linguagem precisa ser mais do que uma sequência de palavras corretas. Ela contém a própria alma humana nela. As expressões que se escolhe, nas circunstâncias que se apresentam, falam mais do que qualquer uso pretensamente correto.

É bem possível chamar alguém de afrodescendente sendo agressivo, como referir-se ao amigo como negão com todo amor do mundo.

A comunicação é a expressão do espírito, o meio que ele usa para expor-se. Por isso, querer restringir a expressão é, no fundo, o desejo de restringir o espírito. Controlar a linguagem é apenas mais uma forma de aprisionar a alma.

Mas espírito humano não pode ser encaixotado. Por isso, o controle das intenções por meio da restrição linguística é uma ilusão. No entanto, pressupõe uma ideia que já havia sido prenunciada na década de 30, por Edward Sapir e Benjamin Lee Whorf, que inverteram o senso comum, que entendia que o pensamento moldava a linguagem, e propuseram exatamente o contrário: a linguagem seria a responsável por moldar o pensamento.

A partir daí, o comichão totalitário aguçou-se. Todos aqueles grupos que sonhavam em controlar a sociedade acreditaram encontrar na manipulação da linguagem uma forma de modelar a mente das pessoas.

Portanto, todo esse movimento politicamente correto, apesar do verniz de compaixão pelos mais fracos, carrega, sim, uma verve autoritária e manipulatória. Ele não quer tornar o mundo mais justo e amoroso, mas formatar as consciências, segundo os preceitos que ele próprio determina.

Escravidão solicitada

Praticamente todas as ditaduras foram implantadas no mundo com base em muito sangue e terror. Foi preciso matar muita gente e escravizar o restante, a fim de tornar possível o governo totalitário. Rússia, China e Cuba são exemplos de quantos cadáveres foram necessários para que o sonho socialista fosse implantado.

A dificuldade que as ditaduras sempre enfrentaram é que elas foram impostas contra o senso comum da população. Isso porque os ideais revolucionários geralmente vão de encontro à visão de mundo das pessoas normais. O que o revolucionário pensa é algo totalmente estranho ao que pensa o trabalhador comum, o lavrador, o pescador, o comerciante e a dona-de-casa.

Por isso, toda ditadura sofre muitos percalços. Geralmente, a sociedade sob ela é como uma panela de pressão, pronta a explodir. A União Soviética explodiu, o Leste Europeu explodiu. A China vive sob tensão. Cuba e Coreia do Norte só não explodem porque seus governos não têm escrúpulos em sufocar qualquer tentativa de insurreição.

Diante dessa experiência, os novos aspirantes a ditadores aprenderam que agir contra o senso comum representa uma luta inglória. Isso porque pessoas simples não agem movidas por idéias (idéias são coisas de intelectuais e ideólogos); pessoas simples vivem de maneira espontânea, guiadas pelo senso comum. Por isso, agir contra o senso comum é um erro tático de qualquer pretenso déspota.

Os novos ditadores aprenderam que melhor do que desafiar o senso comum é modificá-lo. Entenderam que é uma atitude muito mais inteligente alterar a forma como as pessoas percebem a realidade. Viram que fazer com que uma nova normalidade seja formatada na mentalidade do povo é a melhor maneira de aplainar o caminho para sua tirania.

Com a descoberta das métodos de manipulação psicológica e a possibilidade de sua aplicação por meio da tecnologia desenvolvida, o que era um sonho para antigos ditadores tornou-se perfeitamente possível para os novos. Formatar o senso comum, ideal de todo revolucionário, deixou de ser uma utopia.

Assim, há décadas, os poderes deste mundo têm investido em alterar a percepção que as pessoas têm da realidade. Com a aplicação de técnicas de manipulação em massa, muito daquilo que sempre foi tido como certo, já começa a ser visto pelas pessoas comuns como errado; o que era inconcebível, agora é desejado; a mentira virou verdade. É por isso que hoje vemos gente aparentemente normal louvando saqueadores, elogiando criminosos, apoiando assassinatos e desprezando os valores tradicionais.

Com o senso comum modificado, essas pessoas que, em condições normais, rejeitariam a tentativa de implantação de uma ditadura e lutariam contra ela começam, de maneira contrária, a clamar por ela. Então, vemos pais e mães, jovens bem formados, profissionais respeitados e até gente religiosa pedindo para que as garras ditatoriais sejam impostas contra todos; clamando que os governos ajam com dureza; pedindo que suas próprias liberdades sejam suprimidas.

A ditadura, então, ao invés de opositores, ganha apoiadores; no lugar de insurgentes, passa a contar com verdadeiros militantes, dispostos a sustentar a causa. São estes os cidadãos prontos a denunciar todos aqueles que pensam, falam e agem em desacordo com a nova mentalidade. São os que denunciam os vizinhos, acusam os dissidentes e até desejam a morte dos insurgentes. Para eles, toda pessoa que não segue seu modelo de vida é digno de punição.

Uma ditadura quando se depara com mentalidades assim formatadas já não precisa mais ser imposta. Na verdade, ela passa a ser uma concessão; uma entrega daquilo que as próprias pessoas anseiam. E uma ditadura assim é longeva, porque tem os próprios servos para sustentá-la alegremente. Afinal, uma escravidão perfeita não é aquela imposta à força, mas uma que seja apoiada pelos próprios escravos.

Consciências lobotomizadas

Antes de qualquer revolução, os ideologistas descobriram que é preciso preparar o terreno. Entenderam que é mais eficiente agir quando as mentalidades já estão submetidas às suas propostas, do que ter de lutar contra quem não concorda com seus métodos. Formatar as mentes é, portanto, imprescindível.

A guerra de dominação, antes das ruas e dos parlamentos, é travada na cabeça das pessoas. É uma guerra psicológica antes de tudo. É um ataque às consciências, submentendo-as a uma inversão da realidade tão intensa, até o ponto que elas passem a aceitar a mentira como verdade, o errado como certo, o grotesco como belo.

Pelo uso da linguagem, os sodomizadores de consciências mudam os sentidos do que há e fazem com que a própria percepção da realidade seja alterada. Chamam de democratas os que agem como fascistas e de fascistas pessoas comuns; de defensores da liberdade arruaceiros e saqueadores e de criminosos quem apenas quer o direito de trabalhar. E assim, pela repetição de mentiras, vão subjugando a mente de quem os escuta.

A partir do momento que as verdades fabricadas tomam seu lugar na cabeça do povo, os revolucionários passam a agir de acordo com elas. Sentem-se com isso autorizados a atacar, mesmo com violência, aqueles que suas narrativas estabeleceram como os inimigos. Passam então a ameaçar senhores e senhoras, agredir trabalhadores e destruir estabelecimentos – tudo justificado pela percepção engendrada de que combatem o mal.

Sustentando as ações violentas e os crimes existe uma parcela da população lobotomizada, que já não tem mais a capacidade de distinguir o bem e o mal e que não consegue ver o crime onde ele se mostra claramente. São esses os justificadores da revolução – gente que teve sua consciência destruída pelos ataques ininterruptos sobre sua mente.

Entenda que existe uma guerra acontecendo. No entanto, antes dela existir diante de seus olhos, ela está acontecendo dentro de você. Uma guerra na qual sua consciência é o estandarte procurado por um inimigo sem escrúpulos. Uma guerra que tem como missão tornar-lhe estúpido, incapaz de distinguir os aspectos triviais da realidade. Uma guerra que tem como objetivo mitigar sua capacidade de pensar por si mesmo e, com isso, usá-lo como avalizador de todo tipo de crimes e atrocidades.

Macropatia permanente

É incrível como as pessoas obedecem qualquer regra inventada pelas autoridades, ainda que elas sejam de aplicabilidade discutível, e mesmo que lhes façam mal. Parece até que a regra está acima da verdade, acima do bem e do mal.

As pessoas tomam as leis como se realidade fossem. Ainda que nada tenha mudado no mundo real, o comportamento delas muda quando seus governantes baixam seus decretos.

Observem o caso das máscaras: até um dia antes da obrigatoriedade de seu uso, poucas pessoas davam importância para elas. Bastou, porém, os governantes tornarem-nas obrigatórias e os cidadãos agora tratam-nas como um acessório de vida ou morte. São capazes, inclusive de brigar com seus vizinhos e ter ataques histéricos no caso de testemunharem alguém que não respeite seu uso.

Outro fenômeno interessante ocorre no caso dos restaurantes. As leis permitem que a pessoa tire a máscara quando ela se senta para comer. No entanto, o que muda em relação ao perigo real? Absolutamente nada, afinal, o vírus não tem altura mínima. No entanto, o mesmo histérico que grita com qualquer um que veja sem máscara, sente-se seguro ao acomodar-se na mesa de refeição sem o acessório de proteção. De onde vem essa segurança? Da realidade? Não, da lei. É como se, só porque a lei determina que na mesa de refeição não é obrigatório o uso de máscaras, não houvesse o mesmo perigo de quando a pessoa está de pé.

Andrew Lobaczewski percebeu algo desse fenômeno, que ele chamou de macropatia permanente. Esse nome é dado por ser um problema muito comum em sociedades de grandes dimensões. Nelas, por causa de suas grandes distâncias e heterogeneidade, estando as autoridades centrais geralmente distantes dos assuntos locais e individuais, os regulamentos, que costumam fazer sentido nos grandes centros, que é de onde eles partem, ao serem aplicados pelas comunidades menores e mais afastadas, acarretam graves distorções.

No fenômeno identificado por Lobaczewski, quando uma lei é imposta, de maneira uniforme, em um país grande e diverso, as pessoas são forçadas a aplicá-las de maneira indiscriminada, sem as adaptações necessárias. Assim, a população acaba forçada a recepcionar essas leis, que nada têm a ver com sua realidade, como se representassem a mais absoluta verdade, ainda que sua experiência imediata e bom senso não confirmem isso. Daí, ver as pessoas tendo atitudes absolutamente contradizentes é uma consequência óbvia.

A diferença é que agora esse fenômeno é global. Isso porque há regras uniformes regendo o mundo inteiro. Determinações oriundas de cientistas e burocratas encastelados em seus gabinetes profiláticos, forçando até mesmo pessoas de afastados rincões a obedecer normas que nada têm a ver com sua realidade cotidiana. A consequência é que o cidadão de Birigui acaba submetido às mesmas determinações que o de Nova Iorque. Portanto, a macropatia, que era a enfermidade social típica de países grandes, alcançou escala planetária.

Como consequência, o povo, forçado a adaptar-se constantemente para recepcionar regras que nada têm a ver com seu cotidiano, nem com a realidade experimentada, acaba com sua própria percepção afetada. Ele não pensa mais de acordo com sua experiência direta, mas conforme a abstração da lei, tomando-a como a definidora do que é do que não é. Um dia antes viva como se tudo fosse normal, depois que a autoridade a baixou, parece que tudo mudou.

Os governantes percebem isso e a lei, então, torna-se um instrumento de manipulação, servindo como berrante para qualquer prefeitinho, por meio de qualquer decretinho, conduzir sua boiada.

O tom emocional do manipulador

Quando a intenção é convencer que o problema da epidemia é sério, os patrocinadores do pânico não economizam as expressões mais agudas. Assim, deixam claro, para a plateia descrente, o quanto é preciso estar convencido da gravidade da situação.

Nessa cavalgada apocalíptica, não se satisfazem com a mera descrição dos fatos (principalmente, porque esses fatos não corroboram seu alarmismo), mas laçam mão de um tom extremamente dramático, com o intuito, não de informar, mas de chocar o ouvinte ainda resistente ao pânico.

O tom usual é o mais emocional possível. O objetivo é despertar sentimentos histéricos. Recorre-se então a frases de efeito que constranjam o interlocutor a render-se ao sentimentalismo obrigatório, sob pena de ser tachado de insensível.

Não são meros arroubos retóricos, mas escolhas de expressões muito bem selecionadas selecionadas, com o intuito de revelar o quanto é sensível o seu pronunciador e frígido quem não embarca em sua jornada de horror.

“Famílias dilaceradas”, em vez de “mortes”; “epidemia devastadora”, em vez de “doença séria”; “choramos as vidas interrompidas”, em vez de “lamentamos os falecimentos” – são exemplos de escolhas de formas de expressar, que têm o claro objetivo de causar impacto, não expor uma realidade.

O fato é que a definição da forma de expressão indica as intenções de quem fala. O tom retórico impingido denuncia o intuito disfarçado.

Em geral, o uso da emoção é recurso retórico legítimo. Porém, quando usado não como mera ênfase, mas como forma de desenhar, com traços ainda mais dramáticos, uma situação que já é séria, sinaliza um propósito manipulatório.

Uma pessoa honesta respeita os fatos, dando a cada um deles a denominação devida. Um manipulador ultraja-os, manejando-os de maneira a servirem seus interesses.

Por isso, esteja atento a quem descreve os fatos com entoação muito catastrófica. Se o discurso for excessivamente emocional, pode ter certeza que por trás dele há alguém tentando lhe manipular.

Nossas decisões seriam nossas?

A força da manipulação psicológica e uma reflexão sobre o nível dela hoje em dia

Somos gados?

Eu gostaria que vocês parassem para pensar um pouquinho sobre a possibilidade de nossas decisões, como povo, não serem nossas decisões, não serem decisões realmente conscientes.

Para isso, eu sugiro que vocês prestem atenção no conteúdo dos cursos de marketing que abundam por aí. A quase totalidade de seus ensinamentos é sobre as características do cérebro humano, gatilhos mentais, experiências psicológicas e coisas do gênero. Tudo o que eles ensinam envolve o fato de fazer com que seus potenciais clientes sejam levados a agir, por reflexo, no sentido de consumir o que eles estão oferecendo.

O mais importante que vocês precisam saber é que a maioria dessas técnicas funcionam. Tem gente fazendo muito dinheiro com isso. Qualquer garoto de vinte anos tem acesso a informações que lhe permitem conduzir milhares de pessoas, ao mesmo tempo, a agirem segundo suas determinações.

Posto isso, eu quero que vocês apliquem o seguinte raciocínio: se um jovenzinho, sem qualquer instrução especial, tem acesso a informações sobre técnicas capazes de fazer multidões agirem como gado, qual deve ser o estado desses conhecimentos disponíveis para os grandes poderes deste mundo?

Saiba que tudo o que os profissionais do marketing aplicam hoje, são técnicas criadas e desenvolvidas por volta da década de setenta. E vocês acham que esses estudos estacionaram naquela época? Obviamente, não! Pelo contrário, os experimentos em psicologia social continuam sendo aqueles que detém os maiores investimentos.

De lá até aqui, portanto, quantos desenvolvimentos nessa área devem ter sido feitos, quantas descobertas, quantos conhecimentos?

O que eu quero que vocês pensem um pouco é sobre quais os níveis de sutileza e de força que esses instrumentos de manipulação devem ter alcançado e estão disponíveis para serem usados pelos poderosos.

Com isso, não é difícil entender a facilidade que é fazer o mundo todo seguir numa direção, acreditando que está fazendo tudo por sua própria vontade e determinação.

Muita influência, pouco conteúdo

Que as palavras têm poder é uma verdade que pode ser afirmada em vários níveis. Se esse poder existe em um plano espiritual, eu não sei dizer, mas é certo que, quando se trata dos negócios meramente humanos e visíveis, a história já demonstrou que livros e discursos podem tocar fogo no mundo. Por esse motivo, muitas pessoas ficam tentadas a aprender a usar as palavras para exercer força e assim manipular os outros. Desse desejo nascem estelionatários intelectuais que, cientes do poder das palavras, usam-nas para ludibriar as pessoas e conduzirem-nas até onde os objetivos personalistas e tirânicos deles determinarem.

Se homens como Robespierre, Lenin, Gurdjieff, Hitler, Fidel e Osho usaram das palavras para tornarem-se poderosos a ponto de movimentar a roda da história segundo seus desejos, isso deveu-se menos ao conteúdo do que diziam, mas à confiança que eles tinham no poder das palavras que proferiam. A eficácia das palavras está, principalmente, em saber usá-las. A força delas reside, em grande parte, na autoridade de quem fala.

Diante disso, pessoas comuns, ao testemunhar o que homens poderosos alcançaram com seus discursos, ficam encantadas com a força que as palavras possuem e anseiam adquirir a mesma capacidade de manipulá-las. Saber falar em público tornou-se o poder mágico a ser conquistado. Poucas se importam sobre o que falar, mas sim como falar. Poucas pensam em informar, mas muitas querem influenciar.

O sucesso de tantos fraudadores intelectuais que, inversamente proporcional à relevância de seu conteúdo, obtêm reconhecimento público, tem sido a inspiração para uma multidão de gente que quer também ser reconhecida, mas sem precisar passar pelas agruras do esforço cognitivo necessário para ter algo de importante para compartilhar.

Se vivemos o paradoxo da avalanche de conteúdos e, ao mesmo tempo, escassez de relevância, isso deveu-se à inversão da prioridade, que colocou a capacidade de influência antes da busca por conhecimento. O sonho de qualquer garoto, hoje em dia, não é ser um gênio, mas um influencer. Todos querem ser referência, não pelo que sabem, mas pelo quanto são notados pelos outros. Obviamente, se o que importa mais é o efeito sobre o ouvinte do que o material a ser apresentado, o resultado será inevitavelmente pouca profundidade e muita apelação.

Concorrência na falsidade

As grandes corporações de mídia não estão incomodadas com a profusão de notícias falsas, por causa da essência enganadora que estas possuem. O que as está incomodando é sua perda do monopólio de mentir descaradamente e manipular à vontade seus leitores.

As pequenas mídias mentirosas fizeram, sem querer, um grande serviço. Trouxeram à tona a forma mentirosa como quase toda a imprensa trabalha.

O leitor, que antes acreditava em tudo o que a grande mídia dizia agora não acredita em mais ninguém. Além disso, passou a desconfiar inclusive daquela que antes era tida por fonte fidedigna de informações, mas que está cada dia mais claro que não passa de porta-voz dos interesses de seus patrões.