Como minhas atividades me conduziram a ter de falar em público desde muito jovem, fui obrigado a, se quisesse me manter oferecendo minhas palestras e dando minhas aulas, sempre me preocupar com a qualidade de minhas apresentações. Isso naturalmente despertou meu interesse pela procura de autores que tratassem o discurso como algo relevante, que precisa ser estudado, compreendido e desenvolvido.
Estudioso de autores filosóficos que eu já era, fui conduzido, por meio dessas leituras, a pensadores clássicos que tratavam do tema da Retórica e da Oratória, como Quintiliano, Cícero e o próprio Aristóteles.
Foi quando percebi que a Oratória não era apenas um desenvolvimento de técnicas que ajudam o discursante a se apresentar de maneira eficiente diante de seu público, mas se tratava mesmo de uma ciência, com uma linguagem própria e peculiaridades.
Não foi difícil perceber que a Oratória, além de tudo, não é um estudo autônomo, mas faz uso de outras ciências para seu próprio conhecimento, como a Psicologia, a Linguística, a Comunicação, a Anatomia entre outras.
Quanto mais eu lia, mais me apaixonava pelo tema, mergulhando nas nuances e propriedades de uma ciência um tanto ignorada pela maioria dos filósofos, mas que era parte essencial da vida de quem fala com públicos e precisa, de alguma maneira, convencê-los de algo.
Por necessidade, fui buscar autores que dessem também ênfase à questão prática, que se preocupassem em ensinar técnicas que ajudassem o orador a portar-se de forma a, no mínimo, não ter o seu discurso prejudicado por um comportamento inadequado diante de uma plateia.
Ao ler esses autores, vi que, mesmo muitos deles sendo simplistas demais, havia posturas que eram fundamentais em qualquer situação. Que saber usá-las permitia ao orador desenvolver sua apresentação de maneira muito mais eficiente.
Passei a aplicar esses ensinamentos em minhas próprias apresentações e pude experimentar resultados altamente satisfatórios que estavam me ajudando a conseguir melhorar muito a qualidade de meu discurso. Disso, tendo o ensino como minha vocação, logo começou a despertar em mim o desejo de ensinar tudo aquilo a pessoas que sentissem a necessidade de melhorar a forma como eles falavam em público.
Esse desejo tornou-se ainda mais forte quando ficou mais claro para mim que a Psicologia, com todas suas implicações, era um fator crucial no desafio que é falar em público. Foi nisto que eu percebi que as aulas que eu desse não seriam úteis apenas para futuros palestrantes, mas para qualquer pessoa que, pelas exigências sociais óbvias, precisasse falar diante de um grupo de ouvintes.
Assim surge a ideia do Liceu de Oratória, que começou como uma seção de um outro projeto meu, O NEC, mas que, devido a suas peculiaridades, não demorou para se tornar um projeto autônomo, com estudos específicos na área da Oratória, da Comunicação e da Psicologia do Discurso