Categoria: Psicologia

Psicologia

Gatilhos Emocionais

Palavras machucam. A algumas pessoas, machucam mais. Em algumas delas, existem manifestações, chamadas de “gatilhos emocionais”, que despertam sensações ruins, pois trazem à tona más experiências do passado que estavam guardadas em seus inconscientes.

O fato é que qualquer pessoa está potencialmente sujeita aos maus sentimentos provocados pelos gatilhos emocionais. O problema surge quando esses mesmos sentimentos se transformam em arma de censura.

Por exemplo: hoje em dia, muitas crianças crescem sem a figura paterna. A referência ao pai pode ser um gatilho para elas. Qual, então, a solução que os experts do comportamento humano propõem? Deixar de falar dos pais, inclusive de comemorar o Dia dos Pais.

O problema é que esse é um buraco sem fundo e qualquer referência a qualquer coisa pode se tornar um gatilho, dependendo do trauma que a pessoa carrega. Ela pode ter sido mordida por um cachorro e falar desse animal pode lhe trazer péssimos sentimentos. O que fazer, então: proibir falar sobre os bichanos?

O fato é que quando qualquer coisa é censurável pelo simples fato de ser um potencial gatilho, o sentimento mais íntimo de cada pessoa acaba se tornando uma arma de coerção. Para impedir uma manifestação, basta sacar a carta do gatilho e pronto: o outro está cerceado no seu, até aqui, direito natural.

Quando o sentimento pessoal se torna instrumento de censura, o que há é a promoção do vitimismo. Sentir pena de si mesmo, ter-se como uma vítima das situações do passado, transforma-se numa arma de poder.

Se o vitimismo torna-se vantajoso, cada vez mais gente passa a fazer uso dele, o que faz dele uma cultura. Quando isso acontece, a sociedade, como um todo, enfraquece, pois ela é o reflexo dos seus cidadãos.

Por isso, se queremos uma sociedade forte, o que deve ser estimulado nas pessoas não é o vitimismo, através do oferecimento de direitos especiais para os traumas pessoais, mas a superação desses traumas, através do incentivo ao sucesso pessoal, seja material, físico ou espiritual.

Os gatilhos, de fato, devem ser anulados, todavia, não pela sua proibição, mas simplesmente fazendo deles ineficazes.

Análise do Caráter

Tenho grande dificuldade de fazer uma análise caracterológica de mim mesmo. Quanto mais eu preencho os testes propostos pelos psicólogos, mais confuso fico, pelo simples fato de nunca ter certeza se minhas respostas correspondem à verdade dos fatos, refletem o meu desejo de comportamento ideal ou espelham o comportamento que eu me esforço por ter.

Para algumas pessoas os testes de temperamento são muito óbvios. Elas respondem suas perguntas com facilidade, pois conhecem tão bem a si mesmas que o questionário parece uma simples constatação evidente daquilo que elas sempre foram. Nelas, o temperamento se manifestou, desde cedo, de maneira tão evidente, que se sedimentou e permanece claramente até hoje. 

O que as caracterizava em sua juventude continua identificando-as atualmente, com alterações de conduta apenas marginais. Há nelas uma regularidade comportamental que pouco se modifica com o tempo. São tão regulares, que até mesmo seus colegas menos íntimos poderiam responder os questionários por elas.

No meu caso, não acontece assim. Percebi que minha dificuldade de responder os testes de caráter surge do fato de eu me ver hoje como uma pessoa completamente diferente daquela que eu era quando jovem. É uma diferença tão abissal que parecem tratar-se de pessoas distintas. 

Quando penso em minhas atitudes juvenis, meus modos, minha forma de pensar e o jeito como eu encarava a vida simplesmente não me reconheço. Olho aquele rapaz quase como um estranho. Não fosse o fato dele ter contribuído para constituir o meu cabedal de experiências e estas estarem em minhas memórias, eu diria que ele fora abduzido para longe deste mundo e substituído por outra pessoa.

Ao tentar analisar o meu caráter, deparo-me com comportamentos atuais muito diferentes daqueles que eu tinha quando jovem e se os uso como parâmetro para as respostas certamente estarei desviando o resultado, pois eles não representarão minha verdadeira natureza. 

Para fazer os testes de maneira devida eu preciso fazer um esforço colossal de rememoração não apenas das minhas atitudes, mas de meus sentimentos imaturos, das reações do meu corpo diante das situações da vida e da forma como minha mente lidava com os fatos que era obrigada a confrontar. Trazer à consciência tudo isso é muito difícil, porque o garoto que existia modificou-se tão radicalmente que o homem que se encontra aqui quase não se vê mais nele.

No entanto, se eu paro para prestar mais atenção em como as coisas realmente se dão, posso perceber que essa mudança drástica deveu-se ao sufocamento ou domesticação da natureza verdadeira, não por sua troca. Apenas quando dirijo minha consciência para a observação atenta dos meus próprios sentidos é que percebo que há um temperamento subjacente querendo o tempo todo manifestar-se, mas que o hábito, a maturidade e o cansaço da vida mantêm-no, a maior parte do tempo, domado.

De fato, não substituí quem sou: eduquei-o, no sentido mais puro que a pedagogia pode ter. Ensinei-o a não ser um mero escravo de um caráter herdado, mas temperá-lo com a força da vontade. E, claro, aprendi a não confiar demais nessas conquistas, pois a natureza continua ali ─ domada, é verdade ─, mas louca para manifestar, no primeiro momento de descuido, quem ela é realmente. E, sendo bastante honesto, algumas vezes ela consegue.

Medos e desejos

Há quem se envergonhe de sentir medo; também há quem acredite que seus desejos são intrinsecamente impuros. Sentem como se esses sentimentos fossem essencialmente maus; como se o mero fato de senti-los representasse fraqueza e pecado.

Sofrem, então, com a ininterrupta acusação interna, que afirma que possuir esses sentimentos é condenável. Vivem com um algoz estabelecido ao lado de suas consciências, pronto a executar a pena.

A vergonha e sua consequente culpa paralisam. Quem se envergonha se retrai; quem se culpa se pune. E não há como seguir em frente retraindo-se e punindo-se todo o tempo.

Isso não quer dizer que se deva abandonar todo o medo e dar vazão a todo desejo. O medo e o desejo existem, cada um deles, por um motivo e quando se aprende suas funções aprende-se também como conviver com eles.

A função do medo é alertar-nos dos perigos. Como forma de proteger-nos dos males que podem nos afetar, ele avisa-nos que podemos estar em risco. Por isso, se não tivéssemos medo algum, seríamos inconsequentes e nos meteríamos em grandes confusões. Certamente, uma pessoa sem medos mataria a si mesma.

Está claro que precisamos do medo. No entanto, apenas na medida em que ele nos sirva para livrar-nos de enrascadas. Quando, porém, ele se manifesta de uma forma desordenada, acaba paralisando-nos, impedindo-nos de usufruir daquilo que nos é lícito e impedindo-nos de experimentar aquilo que nos é agradável.

Do mesmo jeito, o desejo nos é necessário. É ele que nos impulsiona a perseguir aquilo que nos é imprescindível. Longe de ser impuro, o desejo induz-nos a coisas que nos mantém vivos, por isso ele é importante.

Sem o desejo, ficaríamos inertes e deprimidos. A ausência do desejo nos tornaria improdutivos e inúteis. O problema é quando ele torna-se transloucado. Neste caso, em vez de servir como um impulsionador àquilo que é útil, acaba por limitar-nos, não permitindo o gozo de nada além daquilo que é o objeto do desejo. O desejo descontrolado é um déspota, um escravizador. Ele, que deveria nos libertar da inércia, acaba por agrilhoar-nos no objeto desejado.

O medo e o desejo são como aqueles bons amigos, um tanto descabeçados, que nos impulsionam à vida, mas em quem não devemos confiar cegamente.

Ainda assim, não há porque se envergonhar do medo e negar os desejos – da mesma maneira que não nos envergonhamos de nossos amigos, nem negamos a amizade que eles nos oferecem.

Os medos e os desejos podem ser-nos bastante úteis desde que bem governados pela razão. Basta não permitir que extrapolem para além daquilo que existem, nem se retenham aquém de sua utilidade.

Coaching, coaches e o psicologismo popular

Grandes soluções, soluções especiais, só podem ser dadas por grandes pessoas, pessoas especiais. E estas, por definição, são poucas. Portanto, quando essas grandes e especiais soluções são oferecidas por muitas pessoas, é sinal de que, provavelmente, essas soluções não são nem tão grandes, nem tão especiais. Talvez nem sejam soluções.

É isso o que está acontecendo com o coaching. A não ser que se considere que a promessa de desenvolvimento da capacidade de superação dos entraves que impedem alguém de alcançar a excelência em sua atividade específica como algo de pouca monta, quem vai negar a grandiosidade daquilo que ele oferece?

Mas se a promessa é grandiosa, ninguém duvida que é necessário preparo para cumpri-la. Por isso, o mínimo que se espera de alguém que se disponha a conduzir o outro pelas vias até o sucesso é a posse efetiva de conhecimento, experiência, maturidade e inteligência que lhe capacitem para isso.

Tais qualidades, porém, não são universais. Pelo contrário, raros são aqueles que as possuem. Existem, mas são poucos. Por isso, quando constato o número crescente de pessoas que se apresentam como coaches, não tenho como não duvidar que trata-se de um inchaço mercadológico, disponibilizando o serviço de muita gente sem o mínimo de preparo para oferecer aquilo a que se propõe.

Assim, acabam muitos se metendo onde não deveriam, falando do que não sabem e prometendo o que não podem entregar. A não ser que se acredite que esses resultados prometidos pelos coaches possam ser alcançados com meras frases de efeito, fundamentados em um psicologismo bocó, suportados por um freudismo popularesco, tendo como instrumental quase único os recursos da programação neurolinguística e do motivacionismo superficial. Se for isso, realmente, o coaching não é algo muito sério. Se, porém, há a consciência de que ele trata de algo maior, mais profundo e mais importante, não há como não concluir que são poucos os preparados para cumprir o compromisso que o coaching firma com seus assistidos.

O fato é que raríssimos são os coaches realmente conhecedores da psiquê humana, estudiosos nos escritos psicológicos e filosóficos de qualidade, versados na literatura universal que espelha amplamente a natureza humana e com experiência no trato dos problemas humanos mais fundamentais.

A verdade é que grande parte daqueles que se lançam como coaches são pessoas sem a cultura necessária para compreender os caminhos obscuros da alma humana. Além disso, não possuem formação intelectual para montar os silogismos necessários que conduzam à resolução dos problemas que se apresentam. Muitos desses profissionais, inclusive, sequer conseguem solucionar seus próprios problemas essenciais, não possuindo, com isso, a vivência que lhes dê autoridade para resolver questões alheias. Há ainda – e não são poucos – aqueles que encontram-se em condições profissionais e emocionais precárias, muitas vezes até piores das de seus próprios clientes.

Só que o mercado não costuma ser paciente. Assim, para satisfazer uma multidão de profissionais ávidos por solucionar suas crises de produtividade, ele encontra seu material naquilo que está disponível e é imediatamente aceito pela massa, a saber, a crença popular na eficácia da psicologia comportamental, na neuropsicologia e na PNL como fatores impulsionadores para o desenvolvimento da excelência humana.

Assim, com exceção de pouquíssimos profissionais realmente competentes, preparados e experimentados para ajudar seus clientes a desenvolver-se profissionalmente, a regra entre aqueles que se denominam coaches é não fazer mais do que replicar slogans intelectualmente pobres, repetir lugares-comuns da psicologia popular e permanecer completamente ignorantes em relação aos fundamentos necessários para uma empreitada tão gigantesca como a de fazer uma outra pessoa superar seus obstáculos pessoais, muitas vezes enormes.

Porém, como para uma sociedade epidérmica o que geralmente importa é menos os resultados e mais a sensação de que as coisas vão bem, criou-se, com isso, uma indústria que se retroalimenta de promessas e esperanças, de onde todos acreditam virá a solução para seus problemas, ainda que essa solução pareça sempre estar em algum momento distante. Mas, o que isso importa? Se todos sentem que algo importante está sendo feito, isso basta para que motivem-se mutuamente e fortaleçam esse mercado.

Com isso, essa máquina de superficialidades vai crescendo, turbinada pelo combustível ilimitado de clichês, de pressuposições psicológicas e de slogans motivacionais. E como quase todos os envolvidos nesse negócio não estão preparados para compreender o que está acontecendo, absorvem toda essa parafernália de trivialidades como se se tratasse da mais valiosa sabedoria universal. E como “a ilusão de compreensão é mais importante para a grande maioria dos seres humanos do que a compreensão em si“, como diz Darlymple, todos acabam acreditando que estão entendendo alguma coisa, quando, na verdade, estão apenas repetindo as frases de efeito que tomam o lugar da verdade.

Basta observar como todos os coaches baseiam-se sempre nos mesmos pressupostos de crenças limitantes, estados desejados, ressignificação e outros, que fazem parte do arsenal mais raso da psicologia comportamental, para perceber que esse grande mercado é um enorme bolha de ar, ainda que cheia de dinheiro dentro dela.

O fato é que nesse mundo do coaching o que mais se vê são cegos guiando outros cegos, todos caminhando juntos, felizes e motivados, em direção à parede da realidade, que sempre se interpõe entre os sonhadores e seus objetivos.

Como consequência, vai aumentando o número de pertencentes a uma geração de gente frustrada, que acreditou nas promessas vazias das soluções psicologistas e que, no fim, por elas mesmas ou por imposição implacável da vida, vão se deparando com a verdade da complexidade da existência, que, aliás, costuma cobrar muito caro daqueles que acreditam em caminhos curtos e atalhos atraentes.

Se tudo isso vai acabar levando a indústria do coaching ao seu colapso eu não sei dizer. Até porque a imbecilidade humana é bastante profícua para servir de ração às grandes idiotices, por um período muito longo de tempo.

Rebeldes e selvagens

Pessoas de espírito rebelde gostam de referir-se a si mesmas como selvagens. Comparando-se ao animal que vive solto na natureza e que não é domesticado por ninguém, pensam suas vidas como a de leões que a ninguém se submetem.

No entanto, esta visão sobre o que é ser selvagem está profundamente equivocada. Na verdade, selvagem é a antítese de livre.

Até porque, apesar da aparência de autonomia, o selvagem não pode ser nada além daquilo que lhe foi determinado pela sua natureza. O selvagem está confinado a ela e dela nunca escapa. Isso porque o selvagem está inexoravelmente sujeito ao instinto e às inclinações e jamais pode superá-los.

Não há no selvagem nada daquele mínimo de razão que lhe permitiria agir de maneira diferente do que lhe foi imposto desde sempre. Sua tendência é seu cárcere, seu instinto sua prisão.

Portanto, aqueles que, encantados com os movimentos bestiais, tentam ser como feras, correndo para todo lado, agindo sem dar conta a ninguém e dando vazão indiscriminada a seus impulsos, saibam que o máximo que alcançarão é ser servos de suas partes mais inferiores, até o dia em que forem cativados pelo primeiro dono de circo que decidir domá-los.

A necessidade do propósito

A inexistência de propósito não representa apenas a ausência de algo que poderia existir por acréscimo na vida da pessoa. Na verdade, é a falta da própria essência que jamais deveria tê-la deixado.

No entanto, ao se deparar com a proposta da inserção do propósito na vida, como apresentada por Viktor Frankl, por exemplo, há quem tenha a impressão de que tudo não passa de um método terapêutico utilizado para ajudar as pessoas a saírem de seus estados mentais enfermos. A busca por um propósito na vida seria assim algo a ser inserido no cotidiano de quem apresenta alguma carência. O propósito seria uma alternativa, uma mera possibilidade para quem está insatisfeito com a existência.

Por isso, quando estão satisfeitos, quando sentem que tudo vai bem e que as coisas estão dando certo, sequer pensam na necessidade de um propósito. Seguem suas vidas tranquilamente, ainda que elas não reflitam nada de relevante, nem representem nada de importante.

O que algumas pessoas não percebem é que possuir um propósito na vida é mais do que achar a solução para um problema, mais do que encontrar uma maneira de viver mais feliz. O propósito faz parte da própria natureza humana. O que eu quero dizer é que não existe humanidade plena sem propósito. Viver sem ele é, de fato, existir indignamente. Por outro lado, possui-lo significa, nada menos, que cumprir a própria razão de viver.

Na verdade, ter um propósito é um antídoto contra a degradação da alma. Quem vive sem uma direção definida e sem uma missão simplesmente está corrompendo seu próprio ser, passando por esta vida de uma maneira inferiorizada, abaixo daquilo para que um ser humano existe.

Assim, uma vida com propósitos não é a descoberta de uma nova forma de viver melhor. Significa, sim, o resgate daquilo que nunca deveríamos ter perdido: a plenitude de nossa condição humana.

Os dois moralistas

O moralista religioso pode ser chato, mas o moralista secular é perigoso. Aquele defende sua fé, aponta os erros alheios e acredita que quem age fora de seu padrão vai para o inferno. O moralista secular, porém, como acredita que defende seu tempo e sua sociedade, não ameaça seus desafetos com uma punição futura, mas com o paredão logo ali.

Vigor na irrelevância, placidez na importância

Nos assuntos mais irrelevantes, nos quais poderiam manter, para o bem da convivência social, aquela atitude plácida e conciliadora, as pessoas gabam-se de ser sinceras e mostram a mais firme convicção, chegando a defender suas preferências com grosseria e violência.

Nos temas mais importantes, naqueles que exigem firmeza de ânimo e coragem, porém, são vacilantes, e esquivando-se de pensar neles, preferem a omissão e a complacência.

Briguento quixotesco

Alguém que não tenha consciência da complexidade da vida, não está pronto para escolher de qual lado deve estar. Como pode fazer isso, se sua perspectiva é unilateral, escolhida, invariavelmente, por afeições subjetivas e sentimentos superficiais? E ainda que seu lado seja fruto de uma tradição, apesar da não estar tão longe da verdade, ainda assim corre o sério risco de compreendê-la tortuosamente, sem as sutilezas e detalhes que lhe são características.

O mal, que Chesterton chama de concentração espiritual, ou seja, o vício de olhar tudo sempre sob o mesmo ponto de vista e obcecar-se por uma ideia única, afeta, sem dúvida, todos aqueles que mergulham em movimentos ideológicos e seitas heterodoxas, mas, por mais que isso pareça estranho, também ocorre, com certa frequência, mesmo em quem se diz conservador e defensor de liberdades.

Canso de testemunhar tradicionalistas, conservadores, liberais e direitistas que, em princípio, parecem se afastar do espectro ideológico, falando, pensando e agindo exatamente da mesma maneira que qualquer militante revolucionário. Sim, pois a partir do momento que não conseguem enxergar nada além de suas próprias perspectivas e as têm como a solução absoluta para todos os problemas mundanos, podem até não urrar nas ruas, mas pouco se diferenciam dos rebeldes barulhentos.

Longe de mim sugerir que o certo seria manter-se em uma zona indefinida, sem opiniões e sem partidarismos. Eu mesmo, vocês sabem, estou longe de fazer isso, expondo minhas ideias com o máximo de claridade possível e sem medo de tomar posição. O que eu entendo ser perigoso é fazer isso sem considerar as ideias a partir de pontos de vistas múltiplos, entendendo as razões que levaram às suas criações, para, a partir disso, tomar as próprias decisões.

Quem se fecha dentro de uma visão cerrada, como em um castelo, agindo como se fosse um guerreiro que luta contra seus inimigos, pode até parecer, para os olhares mais incautos, um templário ou um herói, porém, de fato, há uma grande chance ser apenas um briguento quixotesco, atacando seus próprios moinhos de vento.