A sensação de que seus argumentos não valem de nada no esforço de convencer seu antagonista, como se ele não fosse capaz de compreender a lógica do que está sendo dito e apenas lhe acusa de tais e quais intenções, não está equivocada. É assim mesmo que acontece, mas não por acaso. Isso é fruto de décadas de uma tendência acadêmica que acabou por penetrar na mentalidade das pessoas em geral.

O que a chamada Análise do Discurso (matéria acadêmica iniciada por Michel Pêcheux) tem promovido é o desprezo por qualquer realidade que exista além do discurso. Segundo seus preceitos, o que importa é captar a intenção do autor, considerando o contexto de sua fala, especialmente a historicidade e a ideologia que a permeiam.

A razão das palavras e a origem das idéias devem, simplesmente, ser ignoradas. Toda tentativa de encontrar um sentido que se situe para além do âmbito do próprio discurso é visto como uma coação, uma tentativa de imposição indevida.

Não é à toa que as pessoas, principalmente aquelas influenciadas, conscientemente ou não, pela ideologia subjacente a essas teorias, não conseguem entender a lógica de nada do que é apresentado a elas. Na verdade, nem as interessa. Quando ouvem alguém argumentando, ainda que seja com um esforço lógico sincero, o que elas conseguem enxergar é apenas as prováveis intenções por trás do discurso, apenas a ideologia que acreditam mover o orador.

Em casos assim, não há como esperar que possam entender qualquer coisa do que está sendo dito. Seus ouvidos e mentes estão fechados às razões. São apenas críticos, não do que se diz, mas da pessoa que diz. Assim, rótulos como fascista, misógino, racista são postos sobre qualquer um que exponha quaisquer assuntos, bastando que nele seja identificado o contexto ideológico que justifique a qualificação.

Quando, portanto, você argumentar e seu interlocutor não entender nada, mas se apressar para colocar sobre seu discurso uma pecha qualquer, seja compreensivo: trata-se apenas de mais um afetado pelas teorias relativistas e teve sua capacidade de compreensão prejudicada por idéias que inundaram a academia e transbordaram para a sociedade.