Nosso delírio burocrático

O apego obsessivo às minúcias processuais, em detrimento aos fatos indubitáveis que os condenam, é atitude típica dos criminosos. Representa também uma enfermidade brasileira, que privilegia a forma à verdade. É uma mania tão delirante, que o homicida, que se safa da condenação por um erro procedimental qualquer, é capaz de sair gritando que nunca matou ninguém, xingando seus acusadores de mentirosos, acreditando sinceramente que o assassinato jamais aconteceu. Isso faz parte do nosso delírio burocrático, que afeta não apenas os atuais bandidos do governo, mas seus inimigos também.