Eu já não tenho mais nenhuma dúvida que estamos sendo castigados, como nação, pelos nossos próprios pecados. E devemos agradecer por isso, afinal, Deus corrige aqueles a quem ama. Considerando essa realidade, estou convencido que o PT e a Dilma são meros instrumentos de Deus para o nosso flagelo.

Isso não significa que não temos nada ver com eles estarem no poder. Pelo contrário, fomos nós, como sociedade, que os colocamos lá. Na verdade, os governantes são, de alguma maneira, um reflexo do próprio povo. E por mais que queiramos encontrar justificativas, os nossos não são muito diferentes de nós.

Nesse ponto, não há como discordar de Calvino, quando diz que “se formos atormentados por um governante cruel ou esbulhados por um governante ganancioso e esbanjador, se formos negligenciados por um governante indolente ou afligidos na nossa devoção por um governante ímpio e sacrílego, devemos primeiro trazer à mente nossos pecados, pois sem dúvida são eles que Deus está punindo com tais flagelos“.

Por isso, posso afirmar, sem temer o erro, que a ascensão do PT não foi uma excrescência em nossa história política, mas o resultado inevitável dela. A quadrilha que tomou o Planalto não fez isso como uma trupe que invade a propriedade alheia mas, da mesma forma que Hitler na Alemanha, antes conquistou o povo, vendeu sua imagem de maneira que a sociedade, em todos os níveis, desejou sua presença no governo.

Nisso, concluo que o PT somos nós, de alguma maneira. Não, individualmente, porque sei que muitas pessoas não se identificam com esse partido de maneira alguma, mas como nação. O PT é meramente o fruto de nossa árvore cultural e política. O PT é filho que nasceu de nosso seio.

Por isso, não basta querer tirá-lo do poder sem, concomitantemente, trabalhar por uma restauração de nossa mentalidade, da forma como pensamos. Uma eventual deposição será apenas remediação, sem, contudo, atacar a doença diretamente. De fato, penso que uma nação que luta contra sua desgraça política é como um doente brigando contra seu próprio vício; todo o tempo se depara com sua própria enfermidade, com suas recaídas. Portanto, podemos tirar o governo, mas se não combatermos nossos vícios culturais, nada impede que outros bandidos sejam elevados, novamente,

Todas essas conclusões, porém, não impedem de continuarmos a querer e buscar que os governantes mudem, que os maus sejam castigados. No entanto, se isso não for acompanhado de uma auto-análise série e sincera, será apenas abismo atrás de abismo.