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Fabio Blanco

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Sobrevivendo do inimigo

Posted on 04/03/202004/03/2020 by Fabio Blanco

Uma tática que os grupos que defendem causas específicas usam é ampliar a definição daquilo que combatem. Por exemplo, o machismo: se antes ser machista era tratar uma mulher como inferior e incapaz, hoje basta se dirigir a ela com alguma rispidez para ser enquadrado no tipo. Assim, o termo que designava algo específico, vai ampliando-se, e absorvendo mais tipos e formas de ações.

Esse procedimento é comum a quase todos os chamados coletivos que levantam bandeiras em defesa de uma causa. O motivo para isso, porém, é mais sutil do que pode parecer à primeira vista.

Há diversos grupos e pessoas que investem toda sua atenção, tempo e energia para combater certos inimigos: o machismo, o racismo, o fascismo, o petismo, o comunismo entre outros. Eles se dedicam tão profundamente à causa que toda sua vida passa a girar em torno dessa luta. Há, da parte deles, um grande investimento emocional, físico e, muitas vezes, até financeiro nessa batalha.

Chega um momento que já não conseguem mais vislumbrar sua vidas além dessas lutas que escolheram. Todo o ser dessas pessoas passa a estar envolvido nessas causas e fora delas nada mais parece fazer sentido.

A consequência disso é que a última coisa que elas vão querer é que sua luta acabe. E, assim, paradoxalmente, ainda que não percebam, vão fazer de tudo para que seu inimigo sobreviva.

E como elas fazem isso? Ampliando os tipos que se encaixam dentro do perfil contra o qual lutam. Assim, se antes racismo era tratar uma pessoa de determinada cor de pele como inferior, agora, basta você discordar de uma pessoa de cor de pele diferente da sua para ser acusado de racista; se antes fascismo designava uma ideologia política muito específica, hoje é aplicada sobre qualquer ideia que não esteja de acordo com a própria concepção ideológica do acusador.

Os exemplos poderiam ser descritos aos montes. Ampliando a definição dos inimigos, quem luta contra eles garante que esses inimigos nunca sejam extintos. Dessa maneira, garante a própria sobrevivência. Mais ainda, garante sua própria razão de existir.

Por isso, eu sempre sou bastante cuidadoso com esses grupos que lutam por uma causa. Geralmente, essa luta torna-se sua razão de vida e, assim, eles passam a ser os primeiros a terem o interesse de manter essa luta indefinidamente.

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