Quem já tentou debater com uma pessoa ignorante sabe o quão desgastante pode ser tal experiência. Quando me refiro a ignorante, quero dizer daquela pessoa que não tem a mínima noção do que está falando, no entanto, acredita, sinceramente, que é um expert no assunto. Diante disso, não perde nenhuma oportunidade para dar palpites, mesmo que ninguém tenha sequer cogitado a conveniência de sua intervenção.

E se engana quem acredita que esta é uma espécie rara. Muito pelo contrário, seu tipo tem se reproduzido de tal maneira por estas terras, que é quase impossível, após alguém dar alguma opinião coerente sobre alguma coisa, não surgir alguns exemplares deles, dando a conhecer aquilo que se encontra armazenado em suas entranhas.

Para os pertencentes do tipo, a necessidade de emitir opiniões é infinitamente mais forte do que a vontade de conhecer, causando, neles, uma angústia enorme, forçando-os a expelirem a matéria que se encontra já apodrecida em seus intestinos, não deixando dúvidas, para quem passa por perto, por causa do mal estar causado pelo conteúdo compartilhado, que estiveram por ali.

O pior é que são arrogantes, mas isto tem uma explicação lógica. Como o que eles possuem dentro deles é algo muito limitado, aquilo que sabem lhes parece tudo. Sendo assim, não é difícil concluírem que sabem tudo. Por causa disso, não sentem nenhuma necessidade de aprender, ao mesmo tempo que sentem-se absolutamente seguros para falar tudo o que pensam. O resultado é a expelição de tudo aquilo que ruminam, contaminando, onde quer que o façam, o ambiente.

Quem já mexeu com um gambá sabe o quanto pode ser desagradável o odor que ele expele. Quem já segurou uma joaninha sabe que seu cheiro pode impregnar nas mãos por um bom tempo. Mas muito pior é tratar com a espécie relatada acima. Enquanto aqueles simpáticos animais afetam, no máximo, nossos sentidos mais superficiais, os falastrões debatedores têm a capacidade de destruir o humor e paciência de qualquer um.

Por isso, a tolerância não é a melhor maneira de lidar com eles. A melhor solução é, sem nenhum dúvida, expeli-los antes que se manifestem.

Publicado originalmente no Liceu de Oratória