Nossos problemas privados mais fundamentais jamais serão solucionados por quaisquer mudanças na política.

Ainda assim, o que mais vejo são pessoas acreditando que um futuro melhor virá por meio de ajustes públicos, depositando assim sua esperança nos movimentos políticos que se apresentam. Acabam vivendo quase exclusivamente imersas na esfera política, deixando toda sua vida – do pensamento à ação – ser conduzida por ela.

No entanto, quando foi que a eleição de qualquer político ou a implantação de qualquer ideologia fez a vida de alguém mais feliz? No máximo, pode impedir a desgraça, mas nunca dará os fundamentos para qualquer realização substancial.

Julian Marias percebeu isso, ainda sobre os escombros da Segunda Guerra Mundial, identificando a incerteza radical que tomara os homens de seu tempo nessa transferência para a vida pública da esperança por dias mais felizes, “como se uma coisa tão problemática, delicada e pessoal como a felicidade pudesse estar cimentada em alguma forma de vida pública”.

A verdade é que o excesso de política nunca pode dar pleno sentido à vida de ninguém; só leva ao fastio.