A implantação de uma nova política não deveria ser o principal objetivo de um espírito conservador, mas sim a busca pela preservação de seu direito inalienável de ser apolítico.

O politicismo integral (nas palavras de Ortega y Gasset) caracterizou a mentalidade contemporânea contaminada pelas ideologias no século XX. E não é exatamente dela que o conservador foge, enxergando nessa mentalidade absorvida pela política a negação daquilo que é mais elevado e precioso?

A inserção na política, para a alma conservadora, é uma concessão que ela faz por necessidade, não por gosto. É algo que sente o dever de participar, mas exatamente porque se não o fizer aquelas coisas que lhe são mais caras estarão em perigo.

É como a guerra. Uma pessoa normal não a deseja, nem sente prazer em dela participar. Porém, não nega o seu chamado, principalmente se a causa for a defesa de seus valores e de seu país.

Mas há pessoas que vivem da política, que dependem dela e que, por isso, a usam como meio de vida, quando não encontram nela a própria razão de existir.

Estes são perigosos porque não se interessam pelo fim da política, que é a pacificação social. Se ela acontecer, morre a razão de suas vidas, finaliza o motivo do seu agir.

Por isso, fomentam as disputas, alimentam as querelas, instigam as desavenças e colocam lenha na fogueira das picuinhas cotidianas, apenas para que a novela política permaneça no ar. Assim, aquilo que lhes dá sentido se mantém.

Eu mesmo falo de política quando acho necessário e me interesso por seus movimentos. Mas esforço-me por não me deixar ser absorvido por ela.

A política é, para mim, um assunto que eu relevo, por necessidade e responsabilidade. Porém, ainda creio que o mais importante está fora e além dela.