Quem tenta proteger aquilo que lhe parece importante, evitando o risco, só tem uma coisa que vai proteger, com certeza: sua própria mediocridade.

É que o apego àquilo que se tem vira medo, pois transforma tudo em ameaça. Por isso, quem é demasiado amante de si mesmo tem pavor de se expor. Todos, para ele, transformam-se em juízes, críticos desesperados por apontar seus erros e defeitos.

Os olhos de quem quer preservar a si e o bens que lhe pertencem estão sempre voltados para dentro. As rápidas espiadas que dá para fora são apenas para identificar o que pode lhe roubar. É como carregar jóias no meio da rua: não tem mais paz.

O problema é que quem tem como meta manter as coisas como estão, não apenas deixará de conquistar o que poderia, mas até o que possui arrisca-se a perder. Isto porque, pela própria essência da vida, que é dinâmica, nada fica como está. Sendo assim, quando não há um movimento de implementação, de evolução ou de conquista, o que existe não permanecerá, mas se corromperá. Não faça nada e a casa onde você mora se tornará em ruínas num tempo breve.

Não adianta tentar viver sem riscos. Quem evita arriscar-se vai ter de se contentar com uma existência pequena. Nos riscos estão as grandes chances; neles residem aquilo que realmente tem sentido; sem eles, sobram apenas as pequenas coisas, aquelas que representam uma passagem quase inútil pela existência.

Há muitas possibilidades diante de todos. Reconhecê-las e agarrá-las é quase um dever. Como disse Quintiliano, “é vergonhoso desistir do que quer que se possa fazer”.

Essas possibilidades não são meras oportunidades, disponíveis para o caso de você querer aproveitá-las. São, de fato, como que portas destrancadas esperando para ser abertas. O que se encontra do outro lado não é certo, mas não atravessá-las é covardia.

Tudo o que vale a pena, o que faz sentido, o que tem valor, só pode ser conquistado assumindo riscos. A regra é esta: sem riscos, o que sobra é a miséria.