img_1527O deputado Jair Bolsonaro, após sua fala na votação do Impeachment da presidente da República, passou a ser tratado, mesmo por expoentes do pensamento anti-esquerdista brasileiro, como um extremista louco e fanático, sem a mínima condição de se apresentar para ser uma alternativa à presidência do Brasil, como ele vem deixando claro que pretende fazer. Tudo isso porque, em sua manifestação, em frente às câmeras, para o país inteiro ver e ouvir, ao mesmo tempo, elogiou o trabalho do deputado Eduardo Cunha, exaltou o período militar e homenageou o Coronel do DOI-CODI, Brilhante Ustra.

A pergunta que se deve fazer a esses novos críticos de Bolsonaro é: o que realmente lhes incomodou tanto na fala do deputado?

Alguns deles deram a entender que sua manifestação fora extrema, descompensada, agressiva. No entanto, observando bem, Jair Bolsonaro falou de uma maneira tranquila, sem se exaltar e muito mais plácido do que boa parte dos outros parlamentares da casa.

Se não foram os modos que assustaram seus novos críticos, então, evidentemente, é no conteúdo que iremos encontrar o que tanto incomodou-os. Por isso, as manifestações de entojo, que muitos articulistas da direita e da esquerda moderada estão demonstrando, não passam de discordância pura e simples em relação ao que foi dito no voto do deputado.

Alguns afirmam, com toda a certeza do mundo, que ele deu um tiro no pé, perdendo, ali, qualquer chance de conquistar uma fatia maior do eleitorado. No entanto, como podem ter tata certeza disso, a ponto deles mesmos desistirem de apoiá-lo? Não se deve esquecer que Bolsonaro tem sido o deputado mais votado no Rio de Janeiro, exatamente por falar essas coisas que todo mundo ouviu no domingo. Pois bem, se esse discurso tem dado certo em um Estado, que sequer é tido como dos mais conservadores, como alguém pode dizer que não daria no restante do país? Mas é interessante como gente que não consegue arrebanhar dez pessoas para suas próprias reuniões quer ensinar, a quem já recebeu centenas de milhares de votos e hoje tem, conforme pesquisas oficiais, cerca de dez milhões de intenções de votos a seu favor, como fazer para ganhar eleitores.

Na verdade, talvez não seja bem a leviandade política que tenha incomodado essas pessoas, mas um reflexo de idéias que, apesar de serem negadas no nível retórico, permanecem fortes em seus inconscientes.

O que acontece com muitos quase-direitistas é que, apesar de, teoricamente, dizerem que o movimento militar dos anos 60 e 70 fora necessário para combater a ameaça comunista real que pairava sobre a nação, lá no fundo de suas almas cândidas ainda sobrevive o ranço da retórica marxista, que trata a aqueles tempos como um período de trevas.

Para ficar bem com a nova direita nascente, elogiam o governo militar, mas preferem, um milhão de vezes, que tais louvores sejam dados às escondidas, afastado das luzes da opinião pública, apenas em seus círculos mais fechados. Afinal, pega mal falar bem, em público, de uma ditadura, mesmo uma ditadura branda como a brasileira.

Homenagear um condenado por tortura, ainda que a sentença tenha sido proferida por um tribunal de exceção, como a Comissão da Verdade, então, é impensável. Isso porque eles dizem não acreditar nas histórias repetidas pelos mentirosos guerrilheiros, mas acabam sempre dando algum tipo de credibilidade a fatos contados repetidamente, mesmo por bocas inconfiáveis.

O mesmo pode-se dizer do elogio que Bolsonaro fez ao trabalho de Eduardo Cunha. Aliás, um elogio merecidíssimo. No entanto, como os esquerdistas já escolheram o presidente da Câmara como seu inimigo número um e fazem pulular dezenas de fatos criminosos contra ele, a turma do outro lado, sem nem mesmo aguardar que a realidade dos fatos venha à tona com todas suas nuances, agasalham essas acusações, mesmo sabendo que o que vem de petistas jamais pode ser aceito de primeira, como se fossem verdades plenas.

O que se vê, portanto, é que os não-esquerdistas escandalizados com a fala de Bolsonaro assim ficaram muito menos pelo jeito como ele se manifestou e mais porque o que ele disse ainda bate fundo em seus delicados corações, tão acostumados a escutar que os militares são malvados.

O que querem: que aquele que fez uma carreira política de sucesso, sendo quem é e falando o que sempre disse, de repente guarde suas opiniões contundentes apenas para as reuniões de caserna? O que esperam de Bolsonaro: que o militar convicto, que todo 31 de março comemora sozinho, em frente ao Palácio do Planalto, a contra-revolução de 64, agora, para agradar articulistas bundas-moles, que não têm coragem de dizer que o período militar brasileiro fora necessário e bom para o Brasil, retenha sua língua, apenas para não ficar mal diante deles?

Que me perdoem, inclusive alguns amigos muito queridos, mas isso é uma grande veadagem!