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Revolta da Normalidade

A Nova Sociedade, proposta pela elite poderosa, e na qual seremos obrigados a viver, é um simulacro de realidade. Nada nela é genuíno; tudo é uma ilusão; uma imitação grosseira do real, fazendo com que nossos sentidos e percepções sejam o tempo todo enganados.

Isso porque a concepção de seus idealizadores é antimetafísica. Isso significa que nesse novo mundo nada pode ser considerado permanente, nada é perene. Na verdade, é uma sociedade essencialmente materialista, dissociada de qualquer transcendência e que valoriza apenas sua própria capacidade de transmutar-se naquilo que seus manipuladores desejarem.

Essa artificialidade faz com que a imposição dessa nova forma de vida só possa ocorrer por meio de violações graves à natureza humana, o que provoca reações naturais contrárias, contra as quais o projeto precisa se debater.

É por esse motivo que o plano traçado pela elite é delineado para ser implantado gradativamente, numa penetração contínua no seio da sociedade.

No entanto, a reação acaba sendo inevitável e, às vezes, toma proporções inesperadas, como foi o caso dos avivamentos patrióticos ocorridos na Inglaterra, nos Estados Unidos e no Brasil. Estes são movimentos que se caracterizaram por ser um tipo de revolta da natureza humana, da tradição e da normalidade contra o vilipendiamento que ela vinha sofrendo pela imposição de uma nova ordem social artificial.

Esse é o motivo porque governos como de Trump e Bolsonaro são tratados, pelas forças da elite bilionária globalista, como acidentes de percurso que precisam ser corrigidos rapidamente.

A elite, então, diante dos obstáculos oferecidos pela reação conservadora, a fim de conter aquilo que ela considera retrocessos e retomar suas conquistas, se vê obrigada a abandonar a paulatinidade da implantação dos seu projeto e a promover mudanças mais extremas, chamadas de saltos dialéticos. Faz isso por meio de crises, tragédias ou revoluções capazes de proporcionar mudanças mais dramáticas.

O problema é que saltos, por sua própria natureza, não são facilmente calculáveis em seus efeitos, o que faz com que as políticas globalistas acabem sendo retomadas com ainda mais violência e velocidade.

Assim, após um pequeno alívio reacionário, a multidão, que pôde desfrutar o gosto da esperança de ter seu mundo normal de volta, agora tem de se preparar para uma agressão ainda mais feroz a esse mundo e a tudo aquilo que ela valoriza e deseja preservar.

A gripezinha de Bolsonaro: uma lição de oratória

Bolsonaro não disse que o coronavírus era uma gripezinha. Quem afirma isso, age de má-fé ou então sofre da mesma tendência que a média dos ouvintes brasileiros: a de se deixar levar pela impressão do que ouvem ou lêem.

O que o presidente disse é que, em síntese, para uma pessoa com imunidade alta, o coronavírus provavelmente vai ser como uma gripe ou até mesmo um resfriado – a pessoa mal vai sentir que teve.

Bom, isso é o que os próprios especialistas dizem, inclusive, colocando a imunidade baixa como uma das maiores causas para a complicação com a doença.

No entanto, a fala de Bolsonaro foi mal interpretada não apenas por causa da deficiência dos ouvintes, mas também pela falta de traquejo oratório do presidente.

Bolsonaro cometeu dois erros oratórios clássicos: deixou subentendido um ponto importante de sua fala, além de dar ênfases à palavras erradas, em seu discurso.

Eu sempre aconselho meus alunos a deixar o mínimo possível de ideias subentendidas. Brinco com eles que o melhor é tratar o público como estúpido, sempre esperando que ele não vá compreender o que está sendo dito. A gente pode se surpreender como ideias subentendidas, que parecem tão óbvias, podem passar desapercebidas pelas pessoas.

Assim, quando Bolsonaro fala sobre gente como ele, com um histórico de atleta, ele está deixando subentendido a ideia de pessoas com boa saúde e, consequentemente, com provável sistema imunológico saudável. No entanto, essa é uma inferência que poucas pessoas conseguem fazer. A maioria vai apenas interpretar isso como se ele estivesse se gabando e menosprezando a força da doença.

O certo seria ele explicar isso, completando a frase, dizendo “Pessoas como eu, com um histórico de atleta, POR TER A IMUNIDADE MAIS ALTA, provavelmente não sentirão nada se contraírem essa doença”. Ao referir-se a imunidade, ele deixaria claro sobre o que ele está falando.

O fato é: jamais confie na capacidade de inferência de seu auditório.

O segundo erro oratório de Bolsonaro deu-se na ênfase errada. Explico: uma das características principais da arte oratória é saber destacar bem algumas palavras e as ideias, além de atenuar outras. Para isso, o orador precisa fazer com que palavras importantes se destaquem e que as incômodas se escondam.

Por exemplo, em seu discurso em cadeia nacional, o presidente disse a seguinte frase: “No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, de um GRIPIZINHA ou RESFRIADINHO, como bem disse aquele conhecido médico, daquela conhecida televisão”.

Conforme eu destaquei, a ênfase dada pelo presidente foi às palavras gripizinha e resfriadinho, fazendo com que elas soassem mais fortes do que as outras. No entanto, essas eram exatamente as palavras mais incômodas. Sendo assim, elas deveriam ter sido faladas em um volume mais baixo e de forma mais veloz, como se fossem algo sem importância. O que o presidente fez foi exatamente o contrário.

O destaque deveria ter sido dado, considerando o que ele disse, às expressões CONSIDERANDO O MEU HISTÓRICO DE ATLETA e CASO FOSSE CONTAMINADO. Melhor ainda, se ele tivesse falado sobre a imunidade, como eu apontei. Caso tivesse feito isso, a referência à gripe teria causado menos impacto e passado uma impressão menos ruim.

Como vocês podem ver, oratória envolve também entender como funciona a apreensão que as pessoas fazem daquilo que é dito. Afinal, essa apreensão é o objetivo mesmo da oratória.

O deputado que cindiu a direita no Brasil

jair BolsonaroComo, no Brasil, a direita ainda é nascente e não chegou a estabelecer bem suas convicções e objetivos, até aqui ela se caracterizou principalmente pelo seu anti-esquerdismo, mais especificamente pelo seu anti-petismo. O partido de PT e Lula fez com que todos que não fossem a seu favor, de alguma maneira de unissem contra ele, dando a impressão que o bloco opositor era algo minimamente coeso.

Quando eu lia em autores conservadores estrangeiros, como Russell Kirk, uma crítica ferrenha aos liberais, chegando até a um certo desprezo em relação a eles, aquilo me parecia estranho e exagerado. A percepção do que se via aqui no Brasil era, sim, de certas diferenças entre os direitistas, mas que pareciam ser divergências marginais, que não afetavam a coesão do grupo. Continue Reading

O que esperam de Bolsonaro?

img_1527O deputado Jair Bolsonaro, após sua fala na votação do Impeachment da presidente da República, passou a ser tratado, mesmo por expoentes do pensamento anti-esquerdista brasileiro, como um extremista louco e fanático, sem a mínima condição de se apresentar para ser uma alternativa à presidência do Brasil, como ele vem deixando claro que pretende fazer. Tudo isso porque, em sua manifestação, em frente às câmeras, para o país inteiro ver e ouvir, ao mesmo tempo, elogiou o trabalho do deputado Eduardo Cunha, exaltou o período militar e homenageou o Coronel do DOI-CODI, Brilhante Ustra.

A pergunta que se deve fazer a esses novos críticos de Bolsonaro é: o que realmente lhes incomodou tanto na fala do deputado? Continue Reading

O primitivismo de todos nós

A ideologia progressista e a esquerda, em geral, no Brasil, encontra eco em qual porcentagem dos deputados nacionais? Sem nenhuma dúvida, um discurso que confronte o socialismo brasileiro não sai das bocas sequer de 0,5% desses legisladores. Então, por que, quando alguém, como o deputado federal Jair Messias Bolsonaro, fala algo, isso é motivo para reações tão destemperadas e manifestações de temores desesperados, como do jurista Conrado Hubner Mendes, em seu artigo Reféns do Bolsonarismo?

A única resposta plausível é que parece notório que o discurso da maioria dos políticos não tem receptividade no seio da população da mesma maneira que o tem o de um único deputado. E isso incomoda muita gente, que vive da negação constante dos anseios do povo. Além disso, reações tão histéricas apenas demonstram que o que Bolsonaro diz não chega sequer perto do absurdo, pelo contrário, aponta problemas bem reais na atuação dos grupos de esquerda no Congresso.

O deputado Bolsonaro não é nenhum louco. Ele sequer é excêntrico. Se fosse, seria como o falecido deputado Enéas Carneiro, que apesar de amealhar uma quantidade impressionante de votos pelo país, dentro da casa legislativa não teve força para incomodar muita gente. De forma diferente, Bolsonaro incomoda, e isso acontece, principalmente, porque ele é um homem comum, que diz coisas comuns, que refletem a cabeça da população comum.

E é exatamente esta forma de pensar que incomoda a elite esquerdista e pensante deste país. Quando o Dr. Conrado Mendes chama essas manifestações de primitivismo político, ele apenas está destilando o seu horror ante a manifestação da mentalidade do homem médio brasileiro. Este,que é, em geral, conservador, trabalhador e não tem viés ideológico.

Mas o Dr. Mendes é um homem da intelligentzia e, portanto, fica horrorizado quando o deputado Bolsonaro afirma que “a minoria tem de se calar e se curvar ante à maioria“. Mesmo sendo um professor de Direito da maior universidade do país, ele, talvez contaminado por sua ideologia, se esquece que isso que o deputado falou é, exatamente, o que caracteriza a democracia. Inclusive, é por conta disso que o PT está no poder há tanto tempo. Mesmo a maioria sendo burra ou comprada, a minoria deve se curvar ante suas escolhas. É estranho ver um militar, como é o deputado, entender melhor de Direito do que um professor da USP, mas, assim é o que parece.

Mas o jurista também fica incomodado de Bolsonaro dizer que “não podemos estimular crianças a serem homossexuais“. Talvez, o nobre doutor, se tiver filhos, ache bastante normal conduzi-los a prática do coito anal entre eles e seus eventuais parceiros do mesmo sexo. No entanto, a imensa maioria dos brasileiros não acha isso. Pelo contrário, tem horror só de pensar em uma coisa dessas. Portanto, o escândalo do professor é apenas mais uma manifestação de uma ideologia transviada e que afronta a própria natureza humana.

O articulista do Estadão não economiza nos adjetivos ao se referir ao deputado Jair Bolsonaro, porém, se ele acusa aquele que foi eleito pelo povo, que diz aquilo que a maioria das pessoas gostaria de dizer, de proferir palavras e manter atitudes discriminatórias, na verdade acaba ele mesmo demonstrando o quanto discrimina a maioria. Mas essas pessoas são assim mesmo: discriminação para eles não é tratar os outros de maneira desigual, mas apenas não defender as tortas ideias que eles mesmos defendem.

Até é possível concordar com ele que o governo da maioria, por vezes, se transforma em tirania. Mas, no fim das contas, essa é a própria natureza da democracia. Pior é o que está ocorrendo hoje, quando as minorias tomaram o poder de assalto. O que o Dr. Mendes precisa entender é que não há meio-termo neste caso: ou o governo é exercido por vontade da maioria e, bem ou mal, vive-se a imperfeição da democracia ou dá-se o poder a uma minoria vingativa que tem como único objetivo obter privilégios para sua própria classe.

Mas o professor não pode aceitar isso, pois ele acredita ser o representante de uma elite pensante, moderna, de um mundo novo, tolerante e bonito. Talvez, por isso, chame essas manifestações conservadoras de primitivismo político. Para ele, não passam de ideias retrógradas, que precisam ser extirpadas, em favor das luzes que brilham nas cabeças pensantes desses que estão à frente do pensamento progressista moderno.

No fim das contas, o que eles querem não é entender a cabeça do brasileiro para bem representá-la, mas, quando não puderem cooptá-la para sua ideologia, decapitá-la do pensamento político nacional.