Cientistas erram demais em seus prognósticos por possuírem uma visão extremamente matematizada da vida. Seus cálculos são baseados na aritmética, considerando, no máximo, a interferência de hipóteses já conhecidas por eles.
A visão matematizada dos cientistas impede-os de considerar as infinitas possibilidades que a vida possui, mas que se encontram fora do campo de visão deles, afetando obviamente o acerto de suas previsões.
Vejam os casos das previsões de contágios e de mortes pelo vírus. Matematicamente, seus cálculos são exatos. Porém, há tantas hipóteses incidentais que a realidade impõe que, entre os prognósticos e os fatos acaba existindo um abismo.
Cientistas fizeram seus cálculos de contágio e mortes baseados na hipótese de todo contaminado ser um transmissor e quase todo mundo ser um receptor do vírus. Os últimos estudos, porém, têm demonstrado que provavelmente essas duas hipóteses estão erradas.
Os cálculos dos especialistas fundamentaram-se em hipóteses extremas. No entanto, tudo indica que raramente um assintomático torna-se um transmissor e que nem vinte por cento das pessoas serão contaminadas. Duas hipóteses sequer consideradas nos estudos iniciais.
Isso seria como calcular o tempo de viagem entre São Paulo e Rio de Janeiro, pela via Dutra, levando em conta apenas a distância e eventual congestionamento, desconsiderando todas os imprevistos que podem ocorrer em uma viagem desse tipo.
O problema é que as políticas públicas são tomadas com base nessa visão matematizada dos cientistas. Assim, acabamos submetendo-nos a restrições severas fundamentadas em cálculos que não representam a realidade.
Está claro, portanto, que deveríamos começar a ser mais cuidadosos ao aceitar as previsões baseadas nos modelos matemáticos dos cientistas. Pelo menos, deixar de segui-las de maneira acéfala, como temos feito.
É preciso sempre levar em conta que a realidade é muito mais diversa e misteriosa do que imaginamos, além de possuir uma verdade complexa e ampla que é inabarcável até mesmo para os mais renomados cientistas.
Quando reconhecemos essa grandiosidade da existência, nos prevenimos de cair no erro do orgulho e da vaidade que caracteriza boa parte dos cientistas, lembrando que, no fim das contas, apesar de nossos cálculos, somos meramente humanos e o controle que temos da realidade é muito menor do que imaginamos.