Essa confusão entre as ideias e as pessoas acaba gerando erros de avaliação, estigmatizando um lado ou beatificando o outro. Percebi isso, claramente, na resposta que a dra. Janaina Paschoal (que, aliás, teve uma participação muito coerente e muito esclarecedora no programa Roda Viva, juntamente com Helio Bicudo, que tratava sobre o pedido de impeachment da presidente Dilma) deu a um jornalista, quando indagada sobre em qual vertente política ela se encaixaria. A advogada, após titubear um pouco, deu uma resposta mais ou menos nesta linha: que não se enxergava de esquerda porque via que as ideias esquerdistas estavam erradas, mas também não se via de direita porque, segundo ela, os direitistas costumam ser a favor de abusos aos direitos humanos e preconceitos. Você percebe o erro de avaliação aqui? Quando ela julga a direita, não faz isso baseada nas ideias da direita, mas no estereótipo dos direitistas criado dentro da cabeça dela. Em nenhum momento ela aponta o que a direita defende, de fato, como a redução do Estado, a defesa da família, o apoio à livre iniciativa. Se atém, apenas, no que ela acha que os ditos direitistas fazem e aí está seu erro. Mesmo pessoas inteligentes estão sujeitas a se confundir dessa maneira. Julgando as ideias com base nas pessoas elas, muitas vezes, rejeitam o que é bom e acolhem o que é mau. Por isso, repito, é preciso conhecer, antes, as ideias e compreendê-las. Só assim é possível fazer um julgamento coerente.