Mesmo afastado das questões religiosas, fui convidado a falar sobre a Teologia da Missão Integral (movimento protestante que se apresenta como uma alternativa à cultura evangélica tradicional) e sua relação com os movimentos de esquerda.

A pergunta básica que me fazem é: a TMI é marxista?

A verdade é que os personagens proeminentes do movimento, em geral, camuflam suas influências marxistas. Fazem isso por meio de uma linguagem diversionista, aproveitando-se das expressões e imaginário cristão e da linguagem bíblica.

Quando, porém, observamos os pioneiros da Teologia de Missão Integral, que é um movimento que nasce no auge de Guerra Fria, entre as décadas de 50 e 60, sua linguagem é muito mais explícita. Aqueles pastores e líderes falavam abertamente contra o capitalismo, contra a direita política e a favor do socialismo. Muitos se diziam marxistas mesmo e se expressavam, de maneira muito clara, sobre revolução.

Os integrantes da TMI de hoje em dia, com raras exceções já não falam de forma tão explícita sobre socialismo, nem apresentam-se como marxistas. Sua abordagem é muito mais sutil.

Na verdade, os novos apologetas da Missão Integral, apesar de não se declararem abertamente como marxistas, raciocinam à maneira marxista. Por mais que não se assumam, seus fundamentos são marxistas, sua forma de pensar é marxista, seus conceitos são marxistas. Se não são marxistas por convicção, no mínimo o são por influência.

É aquela velha história: tem cheiro de banana, gosto de banana, cor de banana, então é banana.

A Teologia da Missão Integral até pode não se apresentar como marxista, mas certamente ela é um dos filhotes do marxismo e da cultura marxista que se impregnou na mentalidade do Ocidente.