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A Teologia da Missão Integral é marxista?

Mesmo afastado das questões religiosas, fui convidado a falar sobre a Teologia da Missão Integral (movimento protestante que se apresenta como uma alternativa à cultura evangélica tradicional) e sua relação com os movimentos de esquerda.

A pergunta básica que me fazem é: a TMI é marxista?

A verdade é que os personagens proeminentes do movimento, em geral, camuflam suas influências marxistas. Fazem isso por meio de uma linguagem diversionista, aproveitando-se das expressões e imaginário cristão e da linguagem bíblica.

Quando, porém, observamos os pioneiros da Teologia de Missão Integral, que é um movimento que nasce no auge de Guerra Fria, entre as décadas de 50 e 60, sua linguagem é muito mais explícita. Aqueles pastores e líderes falavam abertamente contra o capitalismo, contra a direita política e a favor do socialismo. Muitos se diziam marxistas mesmo e se expressavam, de maneira muito clara, sobre revolução.

Os integrantes da TMI de hoje em dia, com raras exceções já não falam de forma tão explícita sobre socialismo, nem apresentam-se como marxistas. Sua abordagem é muito mais sutil.

Na verdade, os novos apologetas da Missão Integral, apesar de não se declararem abertamente como marxistas, raciocinam à maneira marxista. Por mais que não se assumam, seus fundamentos são marxistas, sua forma de pensar é marxista, seus conceitos são marxistas. Se não são marxistas por convicção, no mínimo o são por influência.

É aquela velha história: tem cheiro de banana, gosto de banana, cor de banana, então é banana.

A Teologia da Missão Integral até pode não se apresentar como marxista, mas certamente ela é um dos filhotes do marxismo e da cultura marxista que se impregnou na mentalidade do Ocidente.

O espírito revolucionário da Missão Integral

Imagine alguém elogiar a coragem de um homicida. Imagine ele dizer que nós é que deveríamos ter o espírito daquele assassino. Estranho, não? Pois bem, é exatamente isso que o ideólogo máximo da Teologia da Missão Integral, René Padilla, faz em relação aos cristãos e ao comunismo.

Em seu livro, O que é Missão Integral, o pensador equatoriano deixa claro qual é o espírito desse movimento que vem fazendo a cabeça de uma parte dos protestantes latino-americanos.

Ao transcrever as ideias do jornalista Baez-Camargo, a quem ele não economiza louvores, afirmando, ainda, que suas palavras estão perfeitamente atualizadas, declara que o comunismo é um juízo de Deus sobre as igrejas e os cristãos, dizendo também que ele jamais teria surgido ou adquirido o poder que chegou a ter, se os cristãos tivessem sido fiéis à sua vocação revolucionária.

Entenderam, agora, a analogia que fiz com o homicida? Padilla, aqui, parece querer dizer que o comunismo é um mal, no entanto, reclama que o espírito que o envolve é, na verdade, o espírito que deveria ter o cristão.

Ora, se o espírito que deveria estar no cristão está no comunismo, então o que Padilla faz não é uma crítica, mas um óbvio elogio a essa ideologia demoníaca.

Alguém ainda vai querer contestar, dizendo que isso não tem nada a ver, pois seria possível elogiar a coragem do assassino, sem achar que seus atos estavam certos. O problema é que, no caso do comunismo, o espírito revolucionário não é uma mera característica, entre outras, nem uma virtude meramente acessória, mas, sim, sua própria definição. Não existe comunismo sem espírito revolucionário, como não existe assassino sem o desejo de matar. Também não existe espírito revolucionário sem descambar em algum tipo de ideologia como a comunista.

Quando, portanto, o escritor afirma que esse espírito deveria estar no cristão, ele, simplesmente, está declarando o que os integrantes do movimento da Missão Integral esperam de todos os crentes: que sejam como os comunistas!

Apesar da palavra revolução ter sofrido algumas mudanças no imaginário das pessoas, se tornando, para muitos, como algo positivo, como se fosse um elogio a alguém que inova, que tem coragem de fazer mudanças, a acepção correta dessa expressão, e que certamente não foge ao escritor, não parece coadunar muito bem com o que se espera de um cristão.

Ser revolucionário é ter o espírito de destruição do passado, da negação da tradição, da superação do que já foi feito. Ser revolucionário é acreditar que é possível a construção de um novo mundo (utopia) pelo trabalho das mãos humanas. Ser revolucionário é acreditar que tudo deve ser colocado abaixo, porque o que importa é o paraíso que está sendo pavimentado, a partir da ideologia que a pessoa carrega.

O espírito revolucionário é um inimigo do que existe, da sociedade como está posta, da vida como ela se apresenta. Sua essência é a desconstrução! É por isso que Padilla, apenas confirmando tudo isso que eu estou expondo aqui, critica a igreja por ela ter se convertido numa parte integral da ordem estabelecida, uma entidade francamente reacionária.

Quem pode negar, ao ler essas palavras, que o homem que é a grande referência da Missão Integral é alguém de ideologia muito bem definida, e esta é exatamente aquela das esquerdas mais radicais?

Digo isso porque os integrantes desse movimento se esforçam, quando são pressionados, a tentar passar uma imagem de politicamente neutros, como se não houvesse, da parte deles, uma posição muito clara no espectro ideológico.

O escrito de Padilla, que pode ser chamado o grande guru de todos eles, porém, não deixa dúvidas quanto a isso. Quando ele afirma, por exemplo, que a tarefa prioritária que somos chamados a encarar como cristãos é criar consciência entre nós mesmos de nossa vocação revolucionária, confesso que sinto até arrepios. Isso porque, na história, todos que se apresentaram como revolucionários, no mínimo, não tiveram nenhum problema em assassinar milhares de seus inimigos.

Não podemos deixar de ressaltar que o expurgo, o homicídio e até o genocídio estão no cerne do comportamento revolucionário. Isso porque quando alguém tem a construção do futuro como meta de sua vida e esse futuro, segundo sua concepção, é um verdadeiro paraíso, como todo revolucionário pensa, todos seus atos presentes são justificados.

Eu não quero dizer que os integrantes da Missão Integral são assassinos, nem mesmo que corroboram conscientemente os assassinatos praticados por seus espíritos irmãos. No entanto, não é possível deixar de afirmar que as palavras de René Padilla deixam muito claro o que está por trás desse movimento que tenta se afirmar como cristão.

A Missão Integral não tem na a a ver com teologia e, ouso dizer, nem mesmo com política. Ela é, na verdade, apenas mais uma expressão do espírito revolucionário, como ele se apresenta desde meados do século XVIII.

E por mais que seus membros tentem esconder isso, o fato é que eles se encontram entre aqueles que já causaram muita desgraça neste mundo moderno.

O manifesto da blasfêmia da Missão Integral

ariovaldo-comunistaCansei de, ao denunciar o esquerdismo escancarado dos componentes da Teologia da Missão Integral brasileira, ter de ouvir impropérios de seus defensores, principalmente tentando me convencer de que a TMI se trata apenas de um movimento voltado para uma nova forma de apresentar o Reino de Deus.

Apesar das diversas manifestações de minha parte e de tantos outros cristãos, atentos para os perigos que representa a Missão Integral para a Igreja brasileira, mostrando como seus integrantes são claramente tomados de ideologia de esquerda e agem, incessantemente, no sentido de inoculá-la no seio da comunidade cristã, tínhamos que, constantemente, nos deparar com contestações cheias de evasivas, que possuíam, como único objetivo, a dispersão, fazendo com que as pessoas não percebessem o radicalismo de suas propostas e continuassem aceitando-as como se meramente fossem obras de caridade, aplicadas por almas puras e bem intencionadas. Continue Reading

A Missão Integral é de esquerda

A Teologia da Missão Integral é um movimento de esquerda e para confirmar isso não é preciso muito esforço. Basta atentar para seus discursos, seu linguajar, sua práxis e as bandeiras que defendem.

É possível até discutir se as idéias da TMI são válidas. O que não se pode negar é o viés esquerdista de sua pregação. Fazer isto é dar prova de ignorância política plena ou de cinismo irremediável.

Muito se poderia evitar de debates sobre o tema se seus integrantes fossem mais honestos e assumissem, claramente, de que lado estão. No entanto, insistem em transmitir uma aparência de neutralidade que torna sua postura mais cínica do que realmente neutra.

Até porque há alguém são nesta terra que não perceba que homens como Ariovaldo Ramos, Ed René Kivitz, Ricardo Gondim, Levi Araújo e Valdir Steuermagel são esquerdistas até suas medulas?

O que mais me surpreende, porém, não é a visão política que os integrantes da Missão Integral possuem, mas a tentativa, quase desesperada, de esconder isso.

Teriam eles vergonha de serem vistos como esquerdistas ou, simplesmente, sabem que a partir do momento que se declararem como tais perderão boa parte de seus seguidores, que são iludidos por sua linguagem atrativa e aparentemente conciliadora?

O que é preciso, aliás, para identificar um movimento de esquerda, senão que defendam ideias típicas da esquerda? E a Missão Integral, apesar de todo o verniz verborrágico, não economiza na promoção das bandeiras que a esquerda sempre promoveu.

Poderíamos fazer um teste e perguntar, para cada um de seus integrantes, se eles acreditam no livre mercado, se defendem o porte de armas, se acreditam nos valores da meritocracia, se acham que o Estado dever ser mínimo entre outras plataformas típicas de uma visão conservadora. Se algum deles assumir essas bandeiras, certamente a TMI poderia ser considerada politicamente ecumênica. No entanto, alguém acredita que fariam isso?

Repito: não estou, neste momento, fazendo juízo de valor quanto às idéias da Missão Integral. Farei isso em outros textos. O que eu quero deixar claro é que, por mais que seus integrantes neguem, ela possui um claro viés esquerdista e seria muito mais honesto, da parte deles, deixar isso manifesto.

Mas eles continuam fingindo que não são e fazem isso por meio de subterfúgios bem ardilosos. Mais de uma vez, vi, por exemplo, integrantes da TMI se manifestando que o movimento não possui caráter marxista, apesar de dialogar com várias formas de pensamento.

Isso dá, em um primeiro momento, a impressão que a Missão Integral não tem comprometimento com o esquerdismo, o que não é verdade. Quando eles dizem que não são marxistas, apenas estão dando a entender que não possuem uma visão esquerdista mais dogmática. Ser marxista é ser esquerdista, mas ser esquerdista não significa, necessariamente, ser marxista. Assim, por meio desse artifício, eles conseguem responder um questionamento insistente, sem entregar a verdadeira natureza do que pensam.

Por isso, aconselho a quem quiser identificar algum integrante da TMI, não faça isso chamando-o de marxista, mas de revolucionário. E isto ele não pode negar, senão mentindo descaradamente. Até porque, um de seus maiores teóricos, René Padilla, em seu livro “Missão Integral“, afirma categoricamente que esse movimento possui, sim, caráter revolucionário.

Portanto, considerando que a mentalidade revolucionária se encontra do lado contrário da mentalidade conservadora e, obviamente, do lado esquerdo da política, não há como seus integrantes negarem que fazem parte de um movimento de esquerda.

Que fique claro, portanto, que antes de qualquer digressão sobre as idéias dos personagens da Missão Integral, é essencial identificá-los como pessoas com mentalidade, no mínimo, progressista. Isso facilita muito a compreensão de suas propostas e torna o debate em torno do que dizem muito mais definido.

Além do que, me parece mais justo ingressar nesse assunto com as posições já definidas. Isso porque, o jeito que fazem, permite que, como vimos, mesmo sendo esquerdistas evidentes, se esquivem das acusações mais comprometedoras, principalmente aquelas ligadas às mazelas promovidas pela esquerda histórica. Estando, porém, bem claras as posições, não há como fugir das implicações de serem esquerdistas.

O que eu não entendo é por que insistem em não se identificarem como tais. Se o que defendem é idêntico ao que os socialistas defendem, se que o rejeitam são as idéias que os esquerdistas rejeitam, o que falta para se verem, eles mesmos, como esquerdistas?

Na verdade, eles sabem que são. Apenas não pega bem falar assim, tão explicitamente.

Como interpretar um discurso esquerdista

Se você pretende interpretar corretamente a linguagem usada pelos integrantes da Teologia da Missão Integral, da Teologia da Libertação, como de qualquer movimento revolucionário, precisa superar o significado simbólico que eles impõem sobre as palavras que usam. Continue Reading

Arrogância e hipocrisia na Missão Integral

Missão na ìntegraMuitas pessoas me pedem para escrever sobre a Teologia da Missão Integral, desejosas que estão de entender melhor o que é esse movimento dentro das igrejas evangélicas. Confesso que este não está entre meus assuntos favoritos, e se comento sobre ele é apenas por uma questão de responsabilidade e necessidade. Isso porque considero a TMI como o maior perigo à igreja brasileira da atualidade, por trazer para dentro do ambiente eclesiástico uma visão contaminada de marxismo, esquerdismo e toda sua retórica materialista.

No entanto, neste artigo, especificamente, vou apenas tecer alguns comentários sobre um vídeo, com um pequeno trecho de uma conversa, em forma de palestra, entre o pastor Ed René Kivitz, meu conterrâneo da cidade de Santos, com quem até já almocei uma vez, quando ainda eu era bem jovem e que agora parece estar bem engajado na divulgação da Teologia da Missão Integral, o pastor Ariovaldo Ramos, talvez o maior expoente do movimento no Brasil e o pastor Davi Steuermagel, a quem conheci apenas aqui.

O pastor Kivitz, bem no início do vídeo, afirma que a Missão Integral assusta as igrejas evangélicas brasileiras porque “o evangelho assusta“. E aqui nós já encontramos a pretensão de ver a TMI como o reflexo do próprio evangelho, como se os princípios levantados pelo movimento fossem simplesmente a interpretação exata das palavras e exemplos de Cristo. Assim, não há dúvida que, para os integrantes da TMI, evangelho e Teologia da Missão Integral são a mesma coisa, tratam do mesma tema, possuem as mesma preocupações.

Mas o pastor segue afirmando que quando falam em igreja evangélica, não necessariamente estão falando “do povo convertido“, mas de “auditórios religiosos superlotados de pessoas que ouviram uma mensagem de que Deus existe para resolver os seus problemas, o que é absolutamente distinto do que é a convocação do evangelho de Jesus“.

Até aqui, as palavras de Kivitz não são tão problemáticas, ainda mais quando já conhecemos o que pensa o pessoal da TMI em relação às grandes igrejas neopentecostais. No entanto, a sequência do que diz contém algo bem mais sério e que se apresenta quase como calúnia contra a maioria evangélica brasileira. O pastor, simplesmente, afirma que “O evangelho de Jesus assusta [pois] você tem que negar a si mesmo, viver para o próximo, incluir o outro na sua agenda, repartir o que você tem, devolver o dinheiro injusto que você acumulou, você tem que restituir quem você roubou…” e por isso ele assusta a igreja evangélica.

Ora, é muito interessante a forma como esses representantes da TMI enxergam a população evangélica. Veja que o pastor afirma que as pessoas que frequentam esses auditórios lotados, dessas igrejas que vivem pregando as promessas divinas, não aceitam a proposta da TMI por ser ela verdadeira. E o que representa essa proposta é, entre outras coisas, não cometer crimes. Portanto, pode-se concluir que, segundo a cabeça do pastor Kivitz, as pessoas das igrejas evangélicas não aceitam a TMI porque pretendem continuar roubando, fraudando, enganando os outros. Ao dizer que os evangélicos se assustam por causa da proposta do evangelho, está acusando-os de serem egoístas, interesseiros e até criminosos.

Isso é de uma arrogância impressionante, mas não é tão surpreendente quando conhecemos as origens intelectuais e ideológicas da Teologia da Missão Integral. Como bons esquerdistas, eles se enxergam como os paladinos da justiça, santos imaculados que só fazem bem à sociedade, enquanto acusam aqueles que não abraçam sua causa de serem criminosos. Isso está no DNA da esquerda e parece que foi bem assimilado pelos representantes da TMI.

Além disso, a hipocrisia também é parte inerente ao discurso dessa turma. Tanto que o pastor fala em “repartir o que você tem“, quando, é bem sabido, que todos os líderes da Missão Integral são bons burgueses, pessoas da classe média, com uma vida bem confortável e, até onde se sabe, não repartiram seus apartamentos, carros, salários e outras benesses com os pobres. Isso apenas significa que a hipocrisia esquerdista também foi absorvida e está bem forte em seus discursos.

Antes de seguir na análise do vídeo, deixe-me fazer uma observação: para entender a linguagem dos representantes da TMI, é necessário alguma experiência com a linguagem das esquerdas, a fim de captar a sutileza do que dizem e entender onde realmente eles estão querendo chegar.

Por exemplo, para compreender o que diz o pastor Valdir Steuermagel, que falou logo em seguida, é preciso saber como os movimentos socialistas assumiram o poder em todos os lugares que lograram êxito na assunção ao poder. Ele diz que a TMI assusta as igrejas evangélicas porque elas não estão acostumadas com o sistema de “horizontalidade“, que significaria, nada menos, que a abolição do sistema hierárquico da igreja ou, como ele mesmo diz, o “sistema clerical“.

Quem estudou um pouquinho de história sabe que essa sempre foi a retórica dos marxistas. Da promessa da ditadura do proletariado, passando pelo governo dos sovietes, sempre lutaram pelo poder prometendo acabar com a força das autoridades e da hierarquia, distribuindo esse mesmo poder entre o povo. O problema é que o resultado, invariavelmente, foi apenas a substituição de uma elite por outra, sendo esta ainda mais centralizadora e poderosa.

Na Missão Integral não ocorre algo muito diferente. Apesar da linguagem bonita, conclamando à horizontalidade da gestão, o que vemos são os poucos e mesmos líderes a frente de todos os trabalhos. Ariovaldo Ramos (participante dessa conversa), o próprio Ed René Kivitz, Ricardo Gondim e mais uns dez fazem parte dessa liderança. Se houvesse uma horizontalidade verdadeira, isso já deveria ter se manifestado na própria representatividade da TMI no Brasil. Mas, na verdade, o que vemos são os mesmos nomes, os mesmos expoentes que estão a frente de todos os trabalhos. Portanto, a tal horizontalidade é apenas retórica, uma propaganda que não tem nada a ver com a realidade. Mas isso já é uma prática bem conhecida dos esquerdistas.

E o pastor Steuermagel ainda afirma que a Missão Integral “é um convite para baixo e não para cima, para a periferia e não para o shopping center“. Para quem não entendeu, ele quer dizer que a TMI trabalha com os pobres, não com a classe média e os ricos da sociedade, que ela está inserida dentro da população mais carente.

Só que aqui a realidade desmente fragorosamente o discurso. Na verdade, são as igrejas neopentecostais que se espalharam entre a população carente e têm contribuído para tirar muita gente das drogas, do tráfico e do crime. São essas igrejas pequenas e loucas que ajudam mulheres que apanham dos maridos, tirando estes do bar, trazendo-os para dentro do culto. Enquanto isso, as igrejas dos representantes da TMI são formadas, maciçamente, de pessoas com poder aquisitivo muito maior do que a média da população brasileira.

É muito fácil falar que preferem os pobres, difícil é viver entre eles!

O mesmo pastor ainda critica os modelos religiosos “que trabalham com o pressuposto que todos temos que chegar ao shopping center. E a Missão Integral é um convite (…) para a periferia“. Aqui, claramente, aparece o ranço anticapitalista que está no âmago do discurso da Missão Integral. Como se o evangelho fosse um chamado à pobreza, simplesmente. O problema, é que a vida de seus próprios líderes não reflete nada disso, pois todos vivem de forma bastante confortável. Inclusive, os seminários e palestras da TMI são todos feitos em auditórios luxuosos, como esse do vídeo, com uma plateia composta de pessoas da classe média, com ar condicionado, cadeira almofadadas e todo o conforto que todo bom burguês merece. Claro que há trabalhos desses grupos com gente da periferia, mas nada que um bom banho e a limpeza das mão com álcool gel não resolva. Viver entre os pobres, dividir o que têm, nenhum deles quer.

E apesar da crítica constante que esses líderes fazem do culto à personalidade e da hierarquia tão presentes nas grandes igrejas evangélicas, basta observar como o pastor Kivitz se refere ao líder maior da TMI, na América Latina, René Padilla, para perceber o grau de reverência, culto e quase idolatria como ele enxerga seu guru. Não adianta, quanto mais ouvirmos os representantes da Missão Integral mais perceberemos a oposição constante entre a fala e a vivência. Isso acontece porque, como todo pensamento de esquerda, a TMI é uma artificialidade, uma negação da experiência e sempre acaba em contradição.

Há diversos pontos que podem, teoricamente, ser levantados contra a Teologia da Missão Integral. Principalmente o fato de todos seus integrantes possuirem um viés esquerdista, como apontei no artigo A Missão Integral é de Esquerda. No entanto, por ora, basta ver esse pequeno trecho disponível em vídeo para perceber a arrogância e a hipocrisia que permeiam esse movimento.

Uma ênfase equivocada

Há muito tempo, a essência da verdade cristã, ainda que permaneça, não tem encontrado voz, pois vê-se sufocada pelos gritos histéricos de todas as bandeiras que se levantam sobre suas palavras

A real força de uma fé religiosa se encontra em seus fundamentos. Não é por acaso que, apesar de toda oposição, o cristianismo permanece por dois milênios. Seus alicerces são firmes, e, mesmo diante da diversificação de manifestações exteriores, ele mantém-se o mesmo, em essência. Todavia, os próprios cristãos costumam não enxergar essa verdade. O que em todas as vertentes cristãs mais se observa é a imposição prioritária dos aspectos cristãos marginais presentes em seus próprios artigos de fé. Não é por menos, já que são estes que identificam cada uma delas. Diante disso, ser cristão torna-se um detalhe diante do fato de ser parte deste ou daquele movimento evangélico.

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Elitismo da Missão Integral

Muitas vezes, o discurso de um grupo pode ser caracterizado, exatamente, pelo contrário de suas próprias atitudes. Enquanto berra aos quatro cantos que faz, acredita e defende algo, na prática age de maneira a negar, peremptoriamente, aquilo mesmo que apresentou como sendo sua bandeira. Isso é o que ocorre com a chamada Teologia da Missão Integral. Ela, que surgiu de um movimento que dizia ter como seus protegidos os excluídos, que lutava pela justiça social e que tinha uma preferência pelos pobres, não passa de uma ideologia, e como toda ideologia, mais fala do que faz.

Basta ver como os líderes da TMI ficam incomodados com a forma de atuar das igrejas pentecostais, estas, em sua grande maioria, inseridas nos bairros mais pobres das grandes cidades. Eles se incomodam com a ignorância teológica, com a falta de ordem, com as manifestações esteticamente feias, com a espiritualidade desvairada e com a total ausência de qualquer ideologia das “portinhas” que se abrem aos montes e que se autodenominam igrejas, ministérios, comunidades. Na verdade, os missionários da Missão Integral não suportam a pobreza da igreja brasileira, seu chão sujo e sua gritaria sem modos.

Se o pessoal da TMI diz amar os pobres, deveria começar amando os pobres domésticos da fé. Mas não! São capazes de fazer juras de amor a criminosos, a invasores de terras, a gayzistas declarados, mas não conseguem demonstrar um mínimo de misericórdia pela igreja pobre que, bem ou mal, vai se virando em meio à população mais carente. Só porque estas igrejas não têm ouvidos para seu discurso, pois sequer o entende e, com isso, acabam sendo mais conservadoras do que eles suportariam que fossem, não apenas as desprezam, mas criticam-nas impiedosamente. O que parece é que no mundo da ideologia evangélica esquerdista há pobres que são mais merecedores de compaixão do que outros.

Mas isso não acontece por acaso. Não se deve ignorar que todos os apóstolos da Missão Integral são burgueses. Nenhum desses pensadores veio do meio do povão. Nenhum deles é pobre, nenhum excluído. São todos homens abastados, com boa instrução e bons rendimentos, que escrevem de seus gabinetes climatizados, a partir de suas igrejas confortáveis. Por isso, o público que eles atingem é semelhante a eles: uma classe média evangélica, cansada da feiura da igreja brasileira. As pregações da TMI encontram receptividade em uma multidão de evangélicos que querem fugir do sufocamento promovido por uma igreja espiritual demais, preocupada demais com a santidade. O que eles querem é viver uma religiosidade light, sem sujar demais as mãos, principalmente com endemoninhados babões vomitando em cima deles.

Há até algumas obras assistenciais desses grupos, pois o discurso ficaria completamente no vazio se não as tivesse. Porém, observem como são quase todas obras oficiais, como de ONG’s, sustentadas, muitas vezes, com dinheiro público, com parcerias com o Estado e que existem mais para propaganda, mais para serem vistas pelos de fora. Os assistidos por eles são, invariavelmente, pobres distantes, que podem ser atendidos hoje, mas que permitem que o assistente volte para casa para limpar suas mãos em álcool gel. Quem fica com o trabalho sujo são os pastores de bairro, em sua grande maioria de igrejas pentecostais e neo-pentecostais, com sua teologia torta, com seu português errado e com suas loucuras espirituais, mas que estão libertando as pessoas das drogas, retirando jovens da vida criminosa, dando algum alento e esperança para o cotidiano selvagem da vida pobre nos rincões brasileiros.

Ninguém fez mais para a salvação de pessoas condenadas ao inferno da vida miserável do que as pequenas igrejas de bairro, onde não há espaço para ideologia, onde Karl Marx deve ser, no máximo, o nome de algum jogador gringo de futebol. Por isso, quando um representante da Teologia da Missão Integral escreve, direto de seu laptop de última geração, alguma coisa relativa a defesa dos pobres, isso me soa como absurdamente cínico.

Na verdade, a Teologia da Missão Integral é elitista. Seu cessacionismo, sua aversão às manifestações pentecostais e sua retórica empolada apenas colocam-na cada vez mais longe de onde estão aqueles que ela mesmo diz defender. Seus líderes dizem amar os pobres, mas jamais os vi dividindo seus bens com nenhum deles.