Tag: Determinismo

Jules Payot: Determinismo

Na tradição do pensamento filosófico, determinismo sempre foi relacionado com algum tipo de fatalismo. Seria a doutrina que afirma que todos os fatos do universo são guiados inteiramente por determinantes. Viver sob o determinismo, portanto, seria não ter controle sobre o próprio destino, pois ele já estaria decretado por forças superiores, por leis universais inescapáveis ou mesmo por Deus.

Na psicologia, não é diferente. Nela, determinismo seria o direcionamento da vontade por um conjunto de motivos atuantes, geralmente inconscientes.

Sendo assim, no pensamento tradicional, determinismo sempre fora relacionado com falta de controle sobre a própria vida e, consequentemente, com falta de liberdade.

Em Payot, porém, determinismo tem o sentido exatamente oposto. Para ele, viver sob o determinismo significa tomar as rédeas do próprio destino, autodeterminando-se, por meio do direcionamento da própria vontade. Esse direcionamento se daria através de práticas que condicionem, conscientemente, nossa mente e corpo para que ajam de determinada maneira.

Assim, determinismo nada mais seria do que determinar (e fazer acontecer) como as coisas devem ser em nossas próprias vidas.

Na visão de Payot, ausente esse determinismo, o ser humano estaria à mercê das circunstâncias, sem o controle da própria existência.

Apenas com a aplicação desse determinismo é que ele passaria a ser senhor de si mesmo.

Portanto, quando Payot fala de determinismo, está se referindo a algo completamente diferente do que praticamente todos os pensadores sempre falaram. Enquanto para estes, determinismo é algo a se resignar e até se lamentar, para Payot deve ser o objetivo a ser buscado, sempre.

Boiando na merda

A única explicação para o fato das pessoas darem tanta credibilidade a teorias como do poder da atração, a supostos efeitos exteriores do pensamento positivo e a concepções deterministas em geral é que eles dão a ilusão de poder desapegar-se de uma sufocante autoridade divina, sem ter de ficar boiando à deriva no oceano da existência.

O problema surge quando descobrem que, no fim das contas, estão boiando, sim, só que num grande lago de merda.

O erro piedoso dos teólogos do absoluto

Há um tipo de erro de pensamento teológico que se dá por excesso de piedade. Ele ocorre quando, ao se conceber os atributos divinos, tender ao entendimento de que, quanto mais absoluta for essa concepção, mas correta ela será. E é assim que muitos teólogos pensam a soberania de Deus. Raciocinam que imaginar maior autonomia do ser divino significa ser mais piedoso e, pelo contrário, quanto mais se pensa em qualquer tipo de limitação da parte de Deus, mais esse pensamento é blasfemo. Continue Reading