Os militares não são de direita. Nunca foram.

Eu digo isso meio envergonhado, porque a informação que corrobora essa afirmação estava tão acessível que não tê-la visto antes foi um erro sério.

Quando eu ouvi o professor Olavo de Carvalho falando que o presidente Castelo Branco, em seu discurso de posse, em 1964, havia dito que seu governo lutaria contra a existência de uma direita reacionária, eu tomei um susto. Afinal, em nosso imaginário, o governo militar sempre fora retratado como a representação perfeita da direita brasileira mais truculenta que poderia existir.

No entanto, bastou uma busca muito rápida no site da presidência para constatar que o discurso do ex-presidente havia sido realmente aquele. Literalmente, ele disse: “Caminharemos para a frente com a segurança de que o remédio para os malefícios da extrema-esquerda não será o nascimento de uma direita reacionária, mas o das reformas que se fizerem necessárias”.

Vejam como a percepção que estamos tendo hoje, de que os militares brasileiros da atualidade não passam de burocratas, não anticomunistas, como imaginávamos, meros positivistas, não direitistas, como pensávamos, está certa.

Desde aquela época, os militares agem de maneira a escapar de qualquer filiação ideológica, fazendo da caserna um grupo capaz de aliar-se a qualquer um ou combater qualquer um, desde que isso colabore com sua visão desenvolvimentista tecnocrata.

De fato, não é apenas que a história se repita; às vezes, ela simplesmente não muda.