O marxismo cresceu muito por causa do sorrisinho debochado de seus adversários. Estes, ao se depararem com toda a fragilidade e incongruência da doutrina marxista, acreditaram que desmoralizá-la seria suficiente para destruí-la. Ledo engano!

Na verdade, é na incoerência que o marxismo encontra sua maior força. Se ele fosse um todo coerente, condizente com a realidade e logicamente exequível, estaria sujeito a todas as contestações imagináveis; seria uma doutrina aberta a ser destruída definitivamente. Um sonho, uma quimera, uma utopia, uma ideia vaga são coisas indestrutíveis porque são impalpáveis. Exatamente por não ser factível e não poder ser colocada à prova é que a doutrina marxista se mantém.

Por isso, o maior erro que alguém pode cometer contra o marxismo é menosprezá-lo. Se um adversário já deu provas de sua força, dominando mentes, conquistando nações, desdenhá-lo é uma atitude perigosa. E o que muitas inteligências teóricas fazem, e assim ajudam com que o marxismo continue a dominar o mundo, é tratá-lo como uma grande besteira. Dessa forma, permitem que ele cresça e se mantenha consistentemente.

Diante disso, diferente da maioria de seus críticos, eu aprendi a respeitar o marxismo. Não por suas qualidades intrínsecas, nem pela veracidade de suas ideias, muito menos pelos resultados da implantação de suas teorias. Eu aprendi a respeitar o marxismo pela sua capacidade de impor-se na sociedade, de maneira a praticamente dominá-la. Obviamente, esse respeito não é como aqueles que nós temos pelos grandes homens e pelas grandes ideias, mas o que temos pelos grandes inimigos. É o respeito que eu teria por Napoleão, que teria por Hitler, que tenho pelo diabo e que tenho também pelo marxismo – o respeito que temos por aquilo que reconhecemos o poder e malignidade.

Só esse respeito me leva a estudá-lo e a procurar entendê-lo, não apenas em suas manifestações mais superficiais e caricaturais, mas no sentido mais profundo de sua proposta. E é isso que me conduz à sua filosofia, a qual, na verdade, é sua base de sustentação, a única de suas partes que tem alguma lógica e que é a responsável por mantê-lo de pé.