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A Quarta Teoria Política

Desde o século XVIII, utopias e ideologias revolucionárias sucederam-se, constituindo-se invariavelmente de elementos antiliberais e anti-individualistas. Todas elas se levantaram contra as forças do mercado, a autonomia dos indivíduos, a livre competição e a liberdade, de maneira geral. Mostraram-se, invariavelmente, coletivistas e apostaram num sistema social planificado, executado por meio de um poder centralizado, formado por uma elite iluminada.

O professor Alexander Dugin as tem como modelos a serem seguidos, propondo que se dê, de alguma maneira, continuidade ao que elas começaram. No entanto, ele identifica nesses movimentos características modernas, as quais rechaça, propondo que sejam abandonadas. Assim, o Eurasianismo acaba se apresentando como uma espécie de evolução das ideologias predecessoras, porém sem os elementos modernos que as caracterizaram.

O Eurasianismo denomina a si mesmo de Quarta Teoria Política porque, segundo sua interpretação, houve três movimentos políticos anteriores e que, agora, chegou a hora da manifestação do quarto movimento. O primeiro desses movimentos teria sido o liberalismo, que é o que dá origem ao capitalismo e, consequentemente, ao globalismo. Nele, o ator político principal é o indivíduo. Todos as ideologias posteriores vão se levantar contra ele, inclusive, o eurasianismo. Em seguida, viria o comunismo, que se caracterizaria por ser, além de antiliberal e anti-individualista, coletivista. Seu ator político principal é a classe. No entanto, o comunismo, segundo a visão duginiana, teria falhado por ser ateu, materialista e por querer se sobrepor às nacionalidades, por meio de uma união comunista internacional. O próximo movimento seria aquele que o professor Dugin chama de Terceira Via, que nada mais é do que o fascismo que se manifestou na Itália e na Alemanha. Este teria uma característica anti-individualista também bastante forte e isso é louvado no eurasianismo. Seu ator político principal é a nação. O defeito do fascismo, porém, estaria em sua xenofobia e racismo.

Após essas três teorias políticas, a Quarta Teoria Política, representada pelo eurasianismo, seria como uma evolução delas. Na verdade, seria como uma lapidação, principalmente do comunismo e do fascismo. O que o eurasianismo propõe é que simplesmente tome-se as ideias anticapitalistas, antiliberais e anti-individualistas dos dois movimentos anteriores, além de seu coletivismo e de sua índole revolucionária, apresentando uma nova versão ideológica, abrindo mão apenas daquilo que diz ser moderno neles e incompatível com a Tradição.

Fica claro, portanto, que a Quarta Teoria Política nada mais é do que mais uma manifestação revolucionária. Ela possui o mesmo espírito destrutivo dos movimentos ideológicos anteriores. Apesar de afirmar que pretende estabelecer um respeito ao tradicionalismo, propõe o fim do mundo como o conhecemos. À maneira revolucionária, deseja que não se deixe pedra sobre pedra do modo de vida atual (inclusive suas conquistas democráticas e a favor da liberdade do indivíduo), para o restabelecimento de um tipo de sociedade que se supõe ter existido num passado longínquo.

No entanto, que novidade há nisso? Não foi exatamente isso que todos os movimentos revolucionários propuseram? Não é essa crítica à forma de vida contemporânea e o sonho de trazer de volta algo de uma Era de Ouro, quando tudo parecia ser melhor e mais saudável, que estão contidos nos escritos dos socialistas utópicos, desde o século XVI?

Além do mais, apesar do professor Dugin se apresentar com um tipo de apóstolo antimoderno, ele mesmo está tomado de modernismo. Apesar de possuir uma retórica tradicionalista, seus valores basilares são todos modernos. 

Em primeiro lugar, o professor Dugin afirma que sua concepção do indivíduo é absorvida de Heidegger (um filósofo moderno). O sujeito da Quarta Teoria Política deve ser encontrado no conceito heideggeriano de “Dasein” (ser aí/aqui). No entanto, o “dasein” é tipicamente um conceito moderno, pois configura o indivíduo não como um ser metafísico, ontológico, nem individuado, mas como potencialidade, basicamente. É um conceito existencialista, que praticamente despreza o ser enquanto ser permanente – o que não deixa de ser uma compreensão bastante moderna.

Outro conceito defendido pelo professor Dugin é a multiculturalidade. O tempo todo ele reclama da unipolaridade do imperialismo americano e reivindica a dissolução desse etnocentrismo. Porém, isso também é um conceito bem moderno, diferente da perspectiva tradicional que, baseada na centralidade da religião, era mais universalista.

Além disso, o professor Dugin é saudosista de um tempo que não conheceu, mas acredita ter sido superior em diversos aspectos. Porém, essa é outra concepção característica da modernidade que, desde o Renascimento (pré-moderno), busca, de alguma maneira, a restauração de formas antigas. O próprio Rousseau propunha algo desse tipo. Praticamente todos os socialistas utópicos propuseram isso. Hitler propôs isso. Apenas o marxismo tentou evitar cair nesse saudosismo, mas nem ele pôde evitá-lo, quando pensou no comunismo como um sistema de vida semelhante aos tempos primitivos, quando não havia divisão de classes. De qualquer forma, esse saudosismo é mais um elemento moderno existente numa ideologia que se apresenta antimoderna.

Com tudo isso, considero demonstrado que o Eurasianismo (denominado de Quarta Teoria Política) é uma teoria contraditória, pois, apesar de sua retórica tradicionalista, não passa de uma ideologia revolucionária e apesar de seu apelo antimodernista não deixa ele mesmo de ser essencialmente moderno.

Breve Introdução ao Eurasianismo

Há uma guerra acontecendo, com o potencial de acarretar sérias consequências a todo mundo. Diante disso, acredito ser importante fazer uma análise mais aprofundada sobre as razões ideológicas que existem por trás das ações do governo de Vladimir Putin, e que estão além dos motivos geopolíticos e econômicos declarados.

Nem todo mundo sabe, mas Putin possui como que um conselheiro permanente em assuntos estratégicos. Alexandr Dugin é a mente por detrás de muitas das decisões do presidente russo e o principal responsável por fornecer para o governo uma estrutura ideológica que lhe dê sustentação.

Há dez anos, o professor Dugin – que possui alguns admiradores aqui no Brasil – foi convidado para um debate, por escrito, com o professor Olavo de Carvalho. O debate, então, transformou-se em um livro, chamado “Os Estados Unidos e a Nova Ordem Mundial”. Nele, a ideologia duginiana foi exposta e devidamente contraditada pelo professor Olavo. Nas próximas linhas, farei uma síntese daquilo que Dugin expôs, para que possamos começar a entender o seu pensamento.

Segundo o professor Dugin, depois do fim da guerra fria, nasceu uma Nova Ordem Mundial, baseada na cooperação entre os EUA e a URSS. No entanto, com a dissolução desta, os Estados Unidos passaram a buscar o controle hegemônico da política e da economia mundiais. Para isso, eles apostariam em três vias concomitantes: a do Império Americano (da preferência dos neocons), a da unipolaridade multilateral (da preferência dos democratas) e o do simples e direto governo mundial (delineada nas mesas do CFR).

Tudo isso porque, conforme pensa Dugin, os EUA enxergam a si mesmos como o pico da civilização e o fim da história. Com isso, entendem-se obrigados a impor uma ordem global unilateral, tendo seu estilo de vida como o modelo a ser seguido em todo o mundo. Nessa tentativa de imposição, os EUA estariam promovendo um período de transição, que seria a passagem do liberalismo para um tipo de pós-humanismo, com a destruição de qualquer entidade social holística e com a fragmentação e atomização da sociedade.

O que Dugin quer dizer é que os Estados Unidos querem impor o seu estilo de vida, baseado na competição, no individualismo e no materialismo sobre todo o mundo, sufocando as formas mais tradicionais e naturais de existência, dissolvendo as identidades nacionais e desprezando as raízes culturais dos povos.

Porém, explica Dugin, contra essa ordem americana, existem grupos que se opõem, propondo configurações globais alternativas. Um deles seria o mundo islâmico e outro o neo-socialismo. Porém, há também o eurasianismo, o qual o professor representa. O Eurasianismo propõe simplesmente a divisão do mundo em grandes espaços, com a união de nações através da comunidade de valores e princípios. Seria, então, um mundo repartido em blocos ideológicos, cada um possuindo seu próprio estilo de vida e, consequentemente, sua própria maneira de viver, incluindo aí, seu próprio sistema econômico. A proposta eurasiana é o rompimento com a ordem político-econômica global, como ela vem sendo desenhada, para apresentar um modelo alternativo, que, se diz não querer dominar o mundo inteiro, certamente quer ter autonomia para dominar as nações que estiverem sujeitas à sua própria ordem.

Sendo assim, é um objetivo manifesto da ideologia eurasiana fazer com que a Rússia rompa com o sistema global atual. Isso significaria, segundo sua perspectiva, a libertação em relação ao imperialismo americano e uma verdadeira independência daquilo que é considerado por ela como uma imposição de uma forma de vida que é uma afronta às tradições e história russas.

Há diversas teorias que sustentam a ideologia eurasiana e que precisam ser compreendidas com mais profundidade. Por ora, é preciso entender que se trata de uma ideologia revolucionária, com elementos socialistas e fascistas, que tem como objetivo não apenas romper com uma ordem imposta desde fora, mas que pretende criar uma nova ordem, da mesma maneira autoritária.

Soberania Diluída

Na história ocidental recente, foram os governantes que abriram as portas de seus gabinetes para os representantes das grandes fortunas. Houve um verdadeiro conluio entre burocratas e empresas, mas quem colocava sobre à mesa o plano geral e o objetivo a ser perseguido pela nação era o líder político. Hitler, Mussolini e mesmo Woodrow Wilson davam as cartas no jogo econômico, ainda que, para o empresário, houvesse vantagens inegáveis nesse consórcio.

A alcunha capitalismo de Estado vem do reconhecimento dessa proeminência do governante e formata o imaginário geopolítico dos analistas, que insistem em vislumbrar, ainda hoje, a existência de uma parceria entre as grandes corporações e os governos.

No entanto, fica cada vez mais evidente que o que era conluio foi suplantado por uma sujeição estatal aos monopólios que, se não era imprevista, ao menos revelou-se supreendente.

Os governos transformaram-se em meros chanceladores das vontades das corporações globais, recebendo delas, por meio de entidades supra-estatais, que fingem representá-los, mas que servem apenas para submete-los, os pacotes de ações a serem colocados em prática, dentro dos respectivos territórios nacionais. Boa parte das leis propostas e sancionadas, apesar de, exteriormente, seguirem os devidos ritos de aprovação, não são nada além do que o resultado de um teatro burlesco, que finge ser honrado, mas que serve apenas para certificar como vontade popular o que não passam de artigos rabiscados em escritórios de agências globais.

Não é possível, portanto, esperar que os Estados, quando essas grandes corporações, fazendo pouco caso dos direitos individuais dos cidadãos, suprimem suas liberdades fundamentais, protejam-nos. Teoricamente, seriam eles os únicos capazes de frear a sanha arbitrária desses monopólios planetários, mas, com a subserviência – com algumas poucas exceções – dos governos atuais, a tendência é que as soberanias nacionais sejam, cada vez mais, diluídas no caldeirão globalista, de maneira a fazer com que todos os países percam suas idiossincrasias, identidade e, principalmente, vontade própria.

Aos comuns mortais resta simular normalidade, tomando parte nessa encenação democrática, lambendo as migalhas de benefícios que caem da mesa dos poderosos ou fugir para as montanhas, sejam estas reais ou figuradas.

Revolta da Normalidade

A Nova Sociedade, proposta pela elite poderosa, e na qual seremos obrigados a viver, é um simulacro de realidade. Nada nela é genuíno; tudo é uma ilusão; uma imitação grosseira do real, fazendo com que nossos sentidos e percepções sejam o tempo todo enganados.

Isso porque a concepção de seus idealizadores é antimetafísica. Isso significa que nesse novo mundo nada pode ser considerado permanente, nada é perene. Na verdade, é uma sociedade essencialmente materialista, dissociada de qualquer transcendência e que valoriza apenas sua própria capacidade de transmutar-se naquilo que seus manipuladores desejarem.

Essa artificialidade faz com que a imposição dessa nova forma de vida só possa ocorrer por meio de violações graves à natureza humana, o que provoca reações naturais contrárias, contra as quais o projeto precisa se debater.

É por esse motivo que o plano traçado pela elite é delineado para ser implantado gradativamente, numa penetração contínua no seio da sociedade.

No entanto, a reação acaba sendo inevitável e, às vezes, toma proporções inesperadas, como foi o caso dos avivamentos patrióticos ocorridos na Inglaterra, nos Estados Unidos e no Brasil. Estes são movimentos que se caracterizaram por ser um tipo de revolta da natureza humana, da tradição e da normalidade contra o vilipendiamento que ela vinha sofrendo pela imposição de uma nova ordem social artificial.

Esse é o motivo porque governos como de Trump e Bolsonaro são tratados, pelas forças da elite bilionária globalista, como acidentes de percurso que precisam ser corrigidos rapidamente.

A elite, então, diante dos obstáculos oferecidos pela reação conservadora, a fim de conter aquilo que ela considera retrocessos e retomar suas conquistas, se vê obrigada a abandonar a paulatinidade da implantação dos seu projeto e a promover mudanças mais extremas, chamadas de saltos dialéticos. Faz isso por meio de crises, tragédias ou revoluções capazes de proporcionar mudanças mais dramáticas.

O problema é que saltos, por sua própria natureza, não são facilmente calculáveis em seus efeitos, o que faz com que as políticas globalistas acabem sendo retomadas com ainda mais violência e velocidade.

Assim, após um pequeno alívio reacionário, a multidão, que pôde desfrutar o gosto da esperança de ter seu mundo normal de volta, agora tem de se preparar para uma agressão ainda mais feroz a esse mundo e a tudo aquilo que ela valoriza e deseja preservar.

Prisão global

Os grandes poderes destes tempos estão desenhando um futuro para todos nós. Eles dizem que se preocupam conosco e, por isso, planejam um mundo ideal, onde todas as mazelas serão removidas.

Por meio da Agenda 2030, prometem erradicar a pobreza, salvar o planeta, dar uma vida digna a todo mundo.

No entanto, ninguém nos perguntou que mundo nós queremos ou mesmo se queremos mudar o mundo. Simplesmente, arquitetam uma nova vida na qual seremos todos obrigados a viver.

Segundo a própria Agenda da ONU, tudo o que eles estão estabelecendo constitui-se uma “lista de tarefas para todas as pessoas, em todas as partes, a serem cumpridas até 2030”. Isso quer dizer que não haverá espaço para dissensão. Não será uma opção. As potestades determinarão o que deve ser feito e nossa função será executar o que a nós for imposto.

Definitivamente, as duas mais famosas expressões rousseaunianas nunca mostraram sua face de forma tão evidente: o ‘contrato social’ que nunca assinamos e a ‘vontade geral’ da qual nunca participamos.

Nem serão mais necessários muros, como de Berlim, nem arames farpados, nem fronteiras vigiadas. O planeta todo será um grande campo de trabalhos forçados sem possibilidade de exílio.

Está sendo construída uma grande unidade global. Uma unidade em torno de uma nova mentalidade, a qual se caracteriza principalmente pelo rechaço a qualquer forma de individualidade autônoma e de manifestação original. Como eles mesmos gostam de dizer, seremos como um, seremos todos irmãos. E não era assim que os escravos se tratavam, chamando uns aos outros de irmãos?

Totalitarismo da Agenda 2030

A agenda 2030 é um plano de ação, promovido pelas grandes forças globalistas, que promete transformar o nosso mundo (segundo a visão deles) em um lugar quase perfeito. Sua proposta é ousada e, convenhamos, impossível, mas, segundo suas próprias definições, perfeitamente exequível.

Quando lemos as ODS (objetivos de desenvolvimento sustentável), a primeira impressão que temos é tratar-se de uma redação ginasiana. Sim! O texto, escrito sob a chancela das maiores autoridades globais, soa como um escrito de uma garotinha de 10 anos, que não tem a mínima ideia de como funciona o mundo e sobre a complexidade das coisas.

A proposta da agenda 2030 fala em erradicação da pobreza, em desenvolvimento sustentável, em igualdade de acesso à riqueza, educação igualitária, igualdade de gênero, paz mundial, preservação do ambiente, distribuição de terras, racionamento da distribuição de alimentos e tantas outras coisas que, no papel, podem parecer louváveis, mas que, na prática, não passam de utopia juvenil.

No entanto, é exatamente nessa impossibilidade do proposto que reside todo o perigo. Isso porque a questão não é se o que eles pretendem fazer pode ser feito, mas se eles acreditam que pode ser feito. Porque se eles acreditarem na possibilidade da implantação do que propõem, podem até não conseguir fazer nada do que dizem, mas irão causar bastante problemas tentando.

Até porque tudo o que está desenhado ali exige uma mão forte dos poderes estatais. Subjacente à utopia, está a necessidade de um dirigismo completo, de uma planificação total. Não há espaço para a livre iniciativa, no sentido pleno dessa expressão. O Estado precisa estar presente em tudo, fiscalizando tudo, direcionando tudo.

O totalitarismo da Agenda 2030 é evidente. Nas próprias palavras expostas na apresentação do projeto, fica claro que, na concepção deles, não há espaço para oposição, nem dissensão. Segundo afirmam, o que eles estão delineando é “uma lista de tarefas para todas as pessoas, em todas as partes, a serem cumpridas”. Isso quer dizer que ninguém terá o direito de ficar de fora: nem você, nem eu, nem quem não se sentir empolgado por ingressar nessa viagem.

Aliás, isso não é novidade na história. Após a revolução bolchevique, o que mais a União Soviética experimentou foram seus planos quinquenais, decenais etc. O governo simplesmente decidia que em tantos anos o país tinha de atingir tais e quais metas e, assim, colocava o povo para trabalhar nesse sentido. E quem não concordasse e não quisesse participar desse direcionamento, vocês já sabem…

O que está se apresentando para todos nós com essa agenda 2030 é exatamente a mesma coisa. Os grandes poderes estão tentando enfiar goela abaixo de todo mundo uma proposta de civilização. E, como eles mesmos afirmam, é algo para todos seguirem. A pergunta, portanto, inescapável, é: o que será de quem não quiser segui-la?

Mudanças elitistas

Grandes mudanças civilizacionais geralmente são concebidas por poderosos. Pessoas comuns estão preocupadas em viver suas próprias vidas. São os poderosos que acham que podem e devem definir o destino dos outros.

O engraçado é que esses poderosos têm tudo o que desejam, possuem autoridade e riquezas em abundância e, ainda assim, querem convencer-nos de que estão insatisfeitos com a situação atual do mundo.

Os poderosos, então, propõem as grandes mudanças globais, apresentam-se obviamente como os administradores dessas mudanças e querem fazer acreditar que isso é para o bem de todos. Mas será que existe alguém que crê que eles propõem essas mudanças com a intenção de dividir seu poder e suas riquezas?

Claro que não! Toda vez que a sociedade sofreu mudanças radicais, a elite tornou-se mais poderosa, enquanto as pessoas comuns pagaram a conta, sofrendo todo tipo de privações e cerceamentos.

Por isso, mudanças radicais na sociedade sempre são um passo em direção ao totalitarismo.

A elite nunca se dá mal quando há revoluções, exceto quando ela é substituída por uma outra elite. O povo, esse sempre se fode.

Portanto, não confie em mudanças radicais, principalmente aquelas propostas pelos poderosos. Elas são uma mera desculpa para lhe aprisionar ainda mais.

Escravidão solicitada

Praticamente todas as ditaduras foram implantadas no mundo com base em muito sangue e terror. Foi preciso matar muita gente e escravizar o restante, a fim de tornar possível o governo totalitário. Rússia, China e Cuba são exemplos de quantos cadáveres foram necessários para que o sonho socialista fosse implantado.

A dificuldade que as ditaduras sempre enfrentaram é que elas foram impostas contra o senso comum da população. Isso porque os ideais revolucionários geralmente vão de encontro à visão de mundo das pessoas normais. O que o revolucionário pensa é algo totalmente estranho ao que pensa o trabalhador comum, o lavrador, o pescador, o comerciante e a dona-de-casa.

Por isso, toda ditadura sofre muitos percalços. Geralmente, a sociedade sob ela é como uma panela de pressão, pronta a explodir. A União Soviética explodiu, o Leste Europeu explodiu. A China vive sob tensão. Cuba e Coreia do Norte só não explodem porque seus governos não têm escrúpulos em sufocar qualquer tentativa de insurreição.

Diante dessa experiência, os novos aspirantes a ditadores aprenderam que agir contra o senso comum representa uma luta inglória. Isso porque pessoas simples não agem movidas por idéias (idéias são coisas de intelectuais e ideólogos); pessoas simples vivem de maneira espontânea, guiadas pelo senso comum. Por isso, agir contra o senso comum é um erro tático de qualquer pretenso déspota.

Os novos ditadores aprenderam que melhor do que desafiar o senso comum é modificá-lo. Entenderam que é uma atitude muito mais inteligente alterar a forma como as pessoas percebem a realidade. Viram que fazer com que uma nova normalidade seja formatada na mentalidade do povo é a melhor maneira de aplainar o caminho para sua tirania.

Com a descoberta das métodos de manipulação psicológica e a possibilidade de sua aplicação por meio da tecnologia desenvolvida, o que era um sonho para antigos ditadores tornou-se perfeitamente possível para os novos. Formatar o senso comum, ideal de todo revolucionário, deixou de ser uma utopia.

Assim, há décadas, os poderes deste mundo têm investido em alterar a percepção que as pessoas têm da realidade. Com a aplicação de técnicas de manipulação em massa, muito daquilo que sempre foi tido como certo, já começa a ser visto pelas pessoas comuns como errado; o que era inconcebível, agora é desejado; a mentira virou verdade. É por isso que hoje vemos gente aparentemente normal louvando saqueadores, elogiando criminosos, apoiando assassinatos e desprezando os valores tradicionais.

Com o senso comum modificado, essas pessoas que, em condições normais, rejeitariam a tentativa de implantação de uma ditadura e lutariam contra ela começam, de maneira contrária, a clamar por ela. Então, vemos pais e mães, jovens bem formados, profissionais respeitados e até gente religiosa pedindo para que as garras ditatoriais sejam impostas contra todos; clamando que os governos ajam com dureza; pedindo que suas próprias liberdades sejam suprimidas.

A ditadura, então, ao invés de opositores, ganha apoiadores; no lugar de insurgentes, passa a contar com verdadeiros militantes, dispostos a sustentar a causa. São estes os cidadãos prontos a denunciar todos aqueles que pensam, falam e agem em desacordo com a nova mentalidade. São os que denunciam os vizinhos, acusam os dissidentes e até desejam a morte dos insurgentes. Para eles, toda pessoa que não segue seu modelo de vida é digno de punição.

Uma ditadura quando se depara com mentalidades assim formatadas já não precisa mais ser imposta. Na verdade, ela passa a ser uma concessão; uma entrega daquilo que as próprias pessoas anseiam. E uma ditadura assim é longeva, porque tem os próprios servos para sustentá-la alegremente. Afinal, uma escravidão perfeita não é aquela imposta à força, mas uma que seja apoiada pelos próprios escravos.

Globalistas socialistas e o salto dialético

O que está acontecendo no planeta não é uma mera fatalidade e as reações a tudo isso não são simples reações.

Para entender o que está acontecendo é preciso ter em mente que globalistas são socialistas. Não é por acaso que suas ideias são plenamente absorvidas e propagadas por esquerdistas do mundo inteiro.

O socialismo globalista, porém, não é o ortodoxo, mas de linha mais parecida com aquela pregada pela Sociedade Fabiana. Trata-se de um socialismo reformista e paciente. Também é um socialismo que se adapta às regras mercadológicas vigentes, preocupando-se mais em controlá-las do que em destrui-las.

De qualquer forma, todo globalista é forjado por uma mentalidade socialista. Isso significa que todo globalista acredita e segue os
princípios socialistas.

Assim, as entidades dirigidas por globalistas atuam de acordo com os princípios socialistas.

Um desses princípios é o materialismo dialético, que se caracteriza pela crença de que os fenômenos físicos do mundo estão em uma relação de desenvolvimento entre si, por meio da fórmula tese-antítese-síntese. Assim, o mundo estaria em constante desenvolvimento, sempre na direção do progresso.

Segundo o materialismo dialético, as mudanças são graduais. Há uma evolução constante. Periodicamente, porém, devem ocorrer mudanças mais radicais. São os chamados saltos.

Esses saltos geralmente manifestam-se por meio de grandes crises e revoluções.

No entanto, seria um erro imaginar que todo esse movimento se dá espontaneamente. Sem negar a existência de alguma espontaneidade no desenvolvimento dialético, todo processo também pressupõe a ação humana. Os homens são agentes do progresso dialético.

Em relação aos saltos não é diferente. Há também o elemento humano em sua ocorrência. Principalmente, com o aproveitamento das oportunidades críticas que se apresentam. Portanto, pode-se dizer que esses saltos se dão por crises, que ocorrem pelo desenvolvimento dialético, mas que também são aproveitados, nesse sentido, pelos agentes históricos.

Em resumo: uma boa crise, para a mente socialista, é uma grande oportunidade de mudança. E nesse sentido que se deve entender as palavras de David Rockefeller, quando disse que a crise certa fará surgir a Nova Ordem.

Está claro que estamos diante de um desses momentos-chave. A crise está posta e os agentes estão fazendo de tudo para aproveitá-la ao máximo. O que eles estão fazendo não é apenas reação, não é um mero combate para aplacar uma crise. Eles estão claramente usando da crise para impor toda sua agenda e fazer a humanidade dar um salto em direção do cumprimento de sua utopia.

Cooptados pela Nova Ordem Mundial

Não há o que se surpreender com as saídas de Sérgio Moro e de Luiz Mandetta (e de outros que provavelmente ainda ocorrerão). Eles não estão necessariamente defendendo seus interesses pessoais. Ainda que possa haver algum projeto privado envolvido, eles, principalmente, se submeteram a poderes maiores que os deles e do próprio presidente.

Uma Nova Ordem Mundial já foi instaurada, e ela anda a passos largos em direção ao aprofundamento de seus objetivos. Suas últimas jogadas é sufocar o que pode haver ainda de focos de resistências pelo mundo.

Os maiores focos dessa resistência estão, em primeiro lugar, nos Estados Unidos (provavelmente, o último bastião relevante de liberdade) e no Brasil (por causa de sua extensão e importância estratégica).

Assim, o que essa Nova Ordem, instrumentalizada principalmente através das Nações Unidas, busca é fazer de tudo para minar o que resta dessa força contrária. Neste momento, a principal estratégia para isso é a cooptação.

Ainda não chegamos na fase da repressão mundial. Portanto, os movimentos ainda são políticos. Assim, o que essa Nova Ordem está fazendo é aliciar peças específicas de dentro desses governos de resistência.

Está sendo assim com o Dr. Fauci, nos Estados Unidos, foi assim com o Mandetta, aqui no Brasil e, claramente, foi com o Moro, agora.

Percebam a forma quase robótica como esses políticos granjeados por esses poderes começam a agir. Eles, basicamente, parecem que se tornam letárgicos diante das determinações absurdas vindas do centro de comando global, além de passarem a repetir, como que em um mantra hipnótico, todas as “verdades indiscutíveis” proferidas pelas autoridades planetárias. Mais ainda: passam a agir, passando por cima de seus superiores nacionais, enfiando goela abaixo do próprio povo aquilo que foi determinado nas salas frias das Nações Unidas.

Quem testemunhou as falas e ações dos dois ministros demitidos pôde constatar isso com uma clareza ofuscante. Ambos parecem ter tido suas almas suprimidas, restando o autômato, repetidor de chavões e de regras impostas desde fora.

Não digo que não haja interesses pessoais envolvidos, mas são exatamente esses interesses que servem de porta para a cooptação.

Portanto, não se espantem com o que está ocorrendo. Provavelmente, estes nem serão os últimos casos. Há, ainda, gente dentro do governo pronta para ser seduzida pelas forças. Melhor: já foram e só estão esperando o convite para deitar no leito da Nova Ordem Mundial.