Confiança no momento da crise

É muito fácil ser cristão quando tudo vai bem

Não é fácil acreditar que aquele que não se apresenta visivelmente e a quem sequer percebemos sensivelmente sua presença, irá, no momento certo, colocar suas mãos poderosas e livrar-nos do perigo. Há a constante tentação de nos agarrarmos àquelas coisas visíveis que estão bem ali, na nossa frente, dizendo-nos que, elas, sim, aliviarão nossas cargas.

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Antes rejeitar do que conquistar

Antes de planejar o que você vai fazer, o que vai ser e o que pretende obter, por que não planeja o que você precisa rejeitar?

Todos os povos têm seus vícios. Os nossos, porém, ao menos para mim, são insuportáveis. Acho que todo brasileiro, antes de traçar qualquer plano de conquistas, deveria fazer um esforço e um planejamento de superação desses males.

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Minoria: uma pequenina ditadora

Tente falar contra qualquer grupo que se diz oprimido ou marginalizado e você poderá se deparar com um monstro nada pacífico, nada frágil e tampouco compreensível

Alguns analistas acreditam que o mundo já foi mais radical. Houve tempos de nacionalismos exacerbados, religiosidades fanáticas e utopias revolucionárias violentas. Hoje, pensam eles, as pessoas estão mais ponderadas. Será? Acho que não. O que eu vejo é o mesmo radicalismo de sempre, o que mudou, no entanto, foram os motivos. Atualmente, ao mesmo tempo que as pessoas deixaram de defender ardorosamente coisas importantes como a nação e a fé, se tornaram paladinas extremistas de uma infinidade de bandeiras que interessam apenas a minorias. E nisso, podem ser tão ou mais cruéis que os fanáticos de qualquer época.

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Um homem, um beagle

Para o ativista o ser humano não possui mais dignidade que um animal

Ontem, assisti um vídeo sobre o caso da invasão do Instituto Royal, onde um daqueles ativistas, que militam em defesa dos bichos, soltou algumas pérolas. O cara, bem afeiçoado, apresentado como presidente de uma dessas ONG's de defesa dos animais, com um jeitão até bem articulado, disse algumas coisas que você, leitor, que já se mostrou mais sagaz que eu em muitas observações, vai perceber rapidamente as incongruências em suas palavras.

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O fardo da religião

Somente quando a vida em Cristo for nossa finalidade é que tudo o que nos envolve vai começar a se direcionar para o que é do alto

O cristianismo, se não abarcar a totalidade da vida do indivíduo, não passa de um fardo moral e religioso. Isso porque ele se confronta com a natureza decaída do homem. Sejamos sinceros, nosso corpo e nossa alma, naturalmente, não querem sofrer as restrições de uma vida religiosa. Por nossa natureza, o que queremos mesmo é relaxar, não sentir-se obrigados a nada, viver alimentando os desejos e os impulsos conforme eles aparecem para nós. E eu nem estou falando que queremos viver na esbórnia – mesmo sabendo que há alguns que até gostariam, sim – mas que as obrigações morais e religiosas são sentidas, boa parte do tempo, como pesos que precisam ser carregados.

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O medo de falar em público

A maioria dos nossos temores são monstros fantásticos criados pela nossa própria imaginação

Na primeira aula de meu Curso de Oratória falo sobre o medo e sobre minha constatação de como muitas pessoas perdem oportunidades preciosas na vida por causa dele. Sim, eu conheço pessoas, e talvez seja até o seu caso, leitor, que chegaram a negar determinados cargos, que não aceitaram assumir responsabilidades que as obrigavam falar na frente de várias pessoas ao mesmo tempo, simplesmente porque tiveram medo. Com isso, perderam oportunidades de empregos, de negócios e de contatos que, muitas vezes, eram o sonho da vida delas.

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Os direitos da bicharada

Os animais existem, nada menos, para servir os homens

Vociferam por aí sobre os tais direitos dos animais. Mas, antes de tudo, animais têm direitos? Pelo que eu saiba, apenas homens são sujeitos de direitos. No máximo, o que há são obrigações que os homens devem cumprir e uma delas pode ser o de não maltratar animais. O problema é que vivemos mesmo tempos de bestialidade, quando o valor humano é mitigado, ao mesmo tempo que seus instintos (aquilo que ele possui em comum com os animais) realçado.

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Fetiche burocrático

A burocracia antiga, com toda sua beleza e segurança, não consegue mais responder aos anseios de uma sociedade apressada

Ao ler alguma história passada nos tempos do Império, e mesmo na época das Colônias, com toda sua cultura da burocracia, das atas, dos documentos, das petições, dos embargos e das provas, fica fácil perceber que essa mania por papéis e entraves processuais é uma herança tipicamente portuguesa. Mas não digo isso como crítica, não. Nessas histórias é interessante ver como os procedimentos organizavam a vida social, impediam abusos e tornavam mais racionais as relações comerciais e civis. De qualquer forma, herdamos esse gosto pela burocracia. Continue Reading

No limbo da religião

Não ser católico, nem protestante, não significa que sou contra ambos

Dos leitores deste blog, eu não sei dizer se a maioria é católica ou protestante. E apesar de eu mesmo não ser católico, às vezes tenho a impressão de que mais católicos acompanham o que eu escrevo do que pessoas de outras vertentes cristãs. “E como isso é possível?”, perguntariam alguns.

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A sinistra vantagem dos socialistas

Os homens de esquerda estão longe de ser santos. E os de direita também. Todos têm suas vaidades. A diferença é que a vaidade do esquerdista apenas tem sentido dentro do projeto de poder de sua ideologia, que está associada ao partido. Um homem de esquerda, fora do projeto de poder ideológico, não é nada. Portanto, mesmo suas vaidades dependem do partido para sobreviverem. Por isso, quando alguma vaidade pessoal ameaça atrapalhar os planos maiores do partido, sufocá-la é muito fácil. Basta afastar o sujeito do grupo. Como uma folha sem caule, ele morre. Dessa forma, as vaidades são absorvidas pela ideologia. Elas existem, mas acabam sempre se manifestando nos limites do interesse do partido.

As vaidades direitistas, de maneira diferente, são muito mais difíceis de serem sufocadas. Elas subsistem individualmente. Elas se manifestam no orgulho do projeto individual, da livre iniciativa, do amor próprio. Assim, o homem de direita não depende dos projetos partidários para se vangloriar pelos seus próprios feitos. Ele se basta e sobrevive mesmo só. Por isso, entre os direitistas as divergências são muito mais difíceis de serem contidas. Não há, claramente, uma ideologia que os norteie. Não há algo que indubitavelmente seja comum a todos; algo que os una. Entre eles, qualquer diferença pode ser decisiva para determinar um afastamento.

Por causa disso, a esquerda sempre foi mais coesa em suas lutas e mais eficiente em sufocar vaidades. Como há um projeto maior que envolve todos os grupos e ao qual todos se submetem, as lideranças esquerdistas costumam não temer a extirpação de dissidências internas que eles considerem incômodas para a sequência dos planos de poder. E isso, longe de enfraquecer o movimento, torna-o ainda mais coeso. Ocorre dessa maneira porque o esquerdismo costuma ser um projeto de dominação, com natureza totalitária. A demonstração de força, desde o princípio, ainda que contra dissidências internas, torna-se uma manifestação do poder da liderança que faz com que a militância sinta-se ainda mais confiante.

A direita, por seu lado, não têm projeto de poder comum, mas apenas projetos individuais, no máximo grupais. Por isso, sequer pode-se falar em dissidências. Podem existir projetos paralelos, às vezes até semelhantes, às vezes até contra inimigos comuns, mas cada qual com seus próprios planos e objetivos muito particulares. Nem se cogita sufocamento de oposições internas, pois cada grupo representa uma visão, um projeto, uma finalidade. Por estar ausente a natureza totalitária típica do esquerdismo, a direita está fadada a sempre ser bem mais fragmentada.

Na esquerda, há apenas uma moral: aquela que se refere ao projeto de poder de sua ideologia. Os pecados individuais apenas são considerados quando afetam, de alguma maneira, esse projeto. Houve tempos que os esquerdistas tinham uma moral rígida, que até se assemelhava a uma moral cristã. Mas essa moralidade existia enquanto se acreditava que tais atitudes atrapalhavam o perfeito desenvolvimento da militância. A pedra de toque do comportamento esquerdista sempre foi a ideologia. Por isso, nas esquerdas é possível conviver tranquilamente com corruptos, enganadores, falsários, fraudadores e assassinos. Claro, desde que tais crimes não sejam cometidos contra o partido ou contra a ideologia diretamente. Se forem a favor ou para facilitar o projeto de poder, os criminosos costumam ser inclusive honrados pela militância.

Do lado dos direitistas não há uma regra de conduta única, nem um modelo uniforme de comportamento. Há direitistas conservadores, como direitistas liberais, como há cristãos e também ateus, por exemplo. Isso, aparentemente, seria uma vantagem para a direita, já que não haveria a necessidade de impor formas de conduta específicas, o que teorica entedaria mais liberdade de ação. Porém, o que acontece é exatamente o contrário. Por não haver um modelo de conduta, há diversos modelos. Dessa forma, multiplicam-se as regras e exigências morais e comportamentais. O que parecia liberdade torna-se um constante foco de conflitos e exigências. E pior, sem possibilidade de composição, já que o que é inegociável para um grupo, pode não ser para outro e o que é um erro para um grupo, pode ser até a bandeira de outro. Cada grupo exige que o outro se alinhe completamente em sua visão de mundo e sua ética própria. Como isso é impossível, cada qual acaba trabalhando isoladamente por seu lado.

Qual seria, então, o segredo da direita americana, que, de alguma maneira, consegue ainda manter uma igualdade de forças com os esquerdistas?

Para entender isso, devemos lembrar que os Estados Unidos da América foram formados sob uma bandeira cristã. Aquele país cria em um sonho imperial de ser, conforme a doutrina do Destino Manifesto, realmente um povo eleito por Deus pra cumprir a vontade divina. Assim, os princípios cristãos, alicerces de toda a política americana, impregnaram-se na sociedade e na cultura. Por isso, quando começou a manifestar-se algum progressismo na América e mesmo depois, com um esquerdismo mais declarado, estes não puderam trabalhar fora dos limites de uma ética cristã, ainda que apenas exterior. Não que os políticos americanos sejam exemplares ou modelos de homens religiosos, mas há, na cultura americana, ainda fortes resquícios de uma ética cristã que obriga a todos, inclusive os políticos de esquerda. Dessa forma, aquilo que faz a esquerda mundial ter como vantagem, que é apenas responder pelos seus atos segundo uma ética própria, nos Estados Unidos isso não acontece. Esquerdistas e conservadores americanos estão, de alguma maneira, limitados pelas mesmas regras. Até quando isso vai durar, é impossível saber, mas é certo que tem servido para equilibrar o jogo político naquele país.