Tag: Multiculturalismo

Pusilanimidade ocidental e o terror islâmico

Pare degoladoUm padre, de 84 anos, fora degolado por islâmicos, dentro de uma igreja católica, localizada nas proximidades de Rouen, na França. O ataque foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico que informou que o ato fora impetrado por “soldados” pertencentes a ele. Na ação, além do padre, a quem obrigaram a ajoelhar diante do altar, filmando sua degola, os terroristas ainda feriram gravemente mais duas pessoas.

O Vaticano, diante do ocorrido, lançou uma nota afirmando que o Papa condena “da forma mais radical toda forma de ódio e reza pelas pessoas atingidas“. Será isso mesmo que se espera do líder máximo do catolicismo? Continue Reading

A posição dúbia dos modernistas ante o terrorismo

piano-e-terrorismoAtaques terroristas como o ocorrido em Paris, há alguns meses, ou como o de Orlando, agora, acontecem porque a sociedade laicista prefere fechar os olhos para a realidade da violência islâmica, tudo por causa de seu comprometimento com o multiculturalismo e com a oposição aos princípios judaico-cristãos.

É interessante como, quando começam as pessoas a criticar o Islã, por seus preceitos que autorizam os atos de violência, os primeiros a se manifestar contra uma eventual islamofobia não são religiosos, mas exatamente os laicistas, relativistas e modernistas em geral. Continue Reading

Minhas considerações sobre um ato inter-religioso

Houve, em minha cidade, um evento, promovido pela Prefeitura, denominado Ato Inter-Religioso pela Tolerância, no qual, se reuniram representantes de dezenas de religiões, na única Mesquita Islâmica existente na região e eu, como não perco uma oportunidade, aproveitei para comparecer também.

Ao chegar ao local, a impressão que tive era presenciar uma verdadeira Babel. Eram trajes e cores de todos os tipos, adereços dos mais diversos e uma enormidade de tipos étnicos também. Ainda assim, não era difícil identificar a que religião pertencia cada pessoa. Isso mostra que, apesar de toda a modernidade que todos tentam exprimir, ainda são os elementos tradicionais, como o vestuário, que caracterizam as religiões. Falam muito em diversidade, mas não perdem tempo em se identificarem como pertencentes ao seu nicho, ao seu grupo, à sua fé.

O evento, em geral, foi mais um ato formal, não havendo a possibilidade dos oradores se expressarem em mais detalhes. Na verdade, a cada representante de sua respectiva religião, foi dada a oportunidade de dizer apenas algumas poucas palavras.

Ainda assim, desde o princípio ficou claro que a linguagem era uniforme. Todos falaram em tolerância, em respeito, em convivência e coexistência. Outros, um tanto mais atrevidos, chegaram a falar em unidade e ecumenismo.

Ainda assim, houve algumas falas que foram significativas para entender a mensagem que tentou-se transmitir ali. Por exemplo, todos os representantes de religiões africanas (e foram seis!) ressaltaram a perseguição que eles supostamente sofrem no país. Um deles chegou a lembrar que o Dia da Tolerância Religiosa foi criada por causa do assassinato, por evangélicos (dito por ela expressamente), de uma mãe-de-santo (depois, vasculhando a história, vi que tudo nela é muito mal contado). Outro, comparou o que está ocorrendo com os islâmicos hoje, com a perseguição que eles mesmos, sofrem. Sim, foi isso mesmo que você entendeu! Um representante das religiões africanas disse que os islâmicos estão sendo vítimas de perseguição no Brasil!

O que pôde ser percebido, portanto, é que, apesar do ambiente multicolorido e fraterno, pelo menos uma religião não parecia ser bem-vinda ao ato: a dos crentes. E isso ficou mais claro quando percebi que o único representante protestante fora um bispo anglicano (lembrando que o anglicanismo é a menos protestante das igrejas protestantes). Ah, houve ainda uma fala improvisada de um suposto pastor evangélico, de quem nunca ouvi falar, que não se apresentou como sendo de igreja nenhuma, que, sendo claramente inculto, foi o único que se expressou de maneira completamente confusa e com o martírio da língua portuguesa, e que se atreveu a louvar o laicismo, o que deixou claro que, na verdade, as igrejas protestantes, seja de quais vertentes fossem, não estavam representadas no ato.

De qualquer forma, para o leigo que ouviu todos aqueles pronunciamentos, parece que duas religiões sofrem com a intolerância: os islâmicos e os africanos. Porém, é notório que aqueles que mais são perseguidos no mundo por causa de sua religião são os cristãos. No entanto, naquele evento, os cristãos foram tratados, explícita e implicitamente, como os verdadeiros agentes da intolerância religiosa.

Para não dizer que nada foi dito sofre perseguições, o bispo anglicano chegou a citar que a cúpula de sua denominação emitiu um parecer sobre a necessidade de se coibir tais tragédias. Porém, tudo dito assim, genericamente, o que para os ouvidos incautos do público presente, parece ter sido um alerta contra os cristãos e não a seu favor.

Houve ainda a fala de um sheik islâmico e de um rabino, mas que não passaram de generalidades. Falaram de paz, de respeito, e sequer tangenciaram qualquer assunto mais agudo.

Por fim, o bispo católico teve sua fala. Nela, não houve qualquer citação dos problemas que os cristãos têm sofrido no mundo por causa da intolerância. Sendo ele um representante da Igreja Cristã, sua omissão é abjeta. No mais, repetindo o que ele disse serem palavras do papa Francisco, conclamou as pessoas a serem mais do que tolerantes, mas interessadas na religião alheia. Ficou claro que, segundo ele, cada um viver a sua fé é insuficiente, é necessário que haja um congraçamento entre as religiões.

E por mais incrível que pareça, não houve uma alusão sequer à liberdade de expressão e, menos ainda, de opinião. Parece que para todas aquelas pessoas ser tolerante significa calar-se definitivamente. Para elas, emitir opiniões sobre a religião alheia é crime e não deve ser aceito, de maneira alguma.

A tolerância imaginada por aquela gente só poderia ser aplicada em um Estado totalitário. Mas isso eles não percebem. Eles acham que é lindo defender o direito de não ser criticado e acreditam que isso é o supra-sumo da tolerância, quando, na verdade, é apenas a manifestação de uma mentalidade repressiva e autoritária.

Minha impressão de tudo o que presenciei ali é que, primeiro, as pessoas costumam pensar as coisas baseadas, primordialmente, nas sensações que elas lhes passam. Falam de tolerância sem pensar, na prática, o que significa a expressão. O que é certo é que, para elas, não basta alguém praticar a sua própria e respeitar o direito dos outros de praticarem a deles. O que pode ser extraído de todas as falas é que o ideal é que haja um trabalho conjunto, uma interação, uma troca de experiências e conhecimento.

O problema é que, na prática, isso é inviável. Até porque uma religião é, por definição, uma delimitação. Nela se ensina verdades absolutas. Sendo assim, o que não se coaduna com seus ensinamentos é, nada menos, segundo suas concepções, um erro. Tentar, portanto, fazer com que ela aceite as pregações alheias é o mesmo que negar a si mesma.

Além de tudo isso, aquelas pessoas agiam como se o único problema do mundo fosse a crítica que os evangélicos fazem aos terreiros de macumba e afins. Se expressavam como se não houvesse, no restante do planeta, grupos religiosos que praticam o terrorismo e que são representantes da mesma religião dos anfitriões do evento ecumênico. Sequer ousaram dizer que tais terroristas eram falsos islâmicos. Simplesmente fingiram que nada disso está acontecendo.

Assim, posso dizer que o Ato Inter-Religioso é, nada menos, que uma farsa, uma ilusão, uma fantasia. As pessoas que estavam ali podem até ter as melhores das intenções, mas não passam de idiotas que não conseguem entender, sequer superficialmente, a consequência de suas próprias idéias. Quanto aqueles que, claramente, estavam ali apenas atuando, como atores, tenho certeza que saíram satisfeitos, pois perceberam que o praticante do politicamente correto é iludido com muita facilidade – bastam algumas palavras mágicas que caem enfeitiçados.

Ataque à virilidade alemã

Quem teve acesso à informação completa (porque os canais tradicionais de mídia se reservaram apenas a tangenciar a realidade), do que ocorreu, no final de ano, na cidade alemã de Colônia, quando uma horda de homens árabes atacaram, de maneira covarde, mais de trezentas mulheres, agredindo-as e abusando delas, inclusive com relatos de estupros consumados, não teve como não se indignar, não apenas com a barbárie, mas também com a pusilanimidade da mídia mundial e autoridades locais, além do silêncio criminoso dos grupos que advogam em favor do multiculturalismo.

É impressionante como, neste mundo de hoje, idéias que se tornam politicamente corretas ganham o status de intocáveis, não cabendo contra elas qualquer tipo de contestação. E, no caso, por serem árabes, além de boa parte de refugiados, é como se expor suas origens representasse um verdadeiro crime. Por mais que a atitude daqueles homens tenha sido, mesmo para os padrões civilizatórios mais baixos, totalmente inaceitável, se não houve um silêncio absoluto sobre o fato, o que está se vendo é uma tentativa desesperada de minimizar o ocorrido e proteger a nacionalidade de seus autores.

O multiculturalismo está tão fortalecido, que os movimentos contemporâneos não se fazem de rogados em idolatrá-lo. E como a Moloque, oferecem, sem nenhum constrangimento, os corpos de mulheres alemãs, em sacrifício, em seu favor. Antes de condenar aqueles que, por serem tidos por vítimas do malvado Ocidente, não podem ser expostos, segundo as regras do politicamente correto, preferem se omitir em relação aos abusos sofridos por mulheres ocidentais, européias e brancas, as quais, afinal, não pertencem à classe dos oprimidos.

Nem mesmo as feministas, que bradam aos quatro cantos, contra o machismo e a violência masculina, parecem ter se importado muito com o que aconteceu em Colônia. É que, para elas, só vale denunciar o sexismo quando ele parte daqueles que elas julgam opressores. Se, pelo contrário, os abusos são praticados por tipos que se encaixam no perfil de vítimas da sociedade ocidental, então estão liberados para fazer o que bem entendem.

Mas idiotas são os próprios alemães, e os ocidentais, em geral. Inclusive as mulheres. É que há tempos eles têm se calado diante da humilhação imposta pelas feministas, pelos progressistas, pelos paladinos do multiculturalismo, que desrespeitam os fundamentos da própria sociedade onde vivem e não medem esforços para destruí-las, até não sobrar pedra sobre pedra.

Agora, tal covardia está cobrando a conta diretamente do próprio povo europeu e este não encontra forças para reagir, a ponto de suas mulheres serem atacadas e não encontrarem quem as defenda. Antigamente, atacados em sua virilidade, não demoraria para os bravos germânicos vingarem suas fêmeas. Mas, hoje, eles são civilizados demais para isso. No máximo, fazem umas passeatas silenciosas ou preferem, como sugeriu as autoridades belgas, oferecer cursinhos de boas maneiras para os imigrantes.

O MISSIONÁRIO E O ÍNDIO ou a superioridade de uma cultura em relação a outra

Dentro do ambiente acadêmico brasileiro, dizer que uma sociedade é superior a outra soa arrogante. É que, hoje em dia, há uma convenção, alardeada por todas as esferas ditas intelectuais deste país, de que não há diferenças valorativas entre as culturas. Com isso, toda alusão ao progresso e às conquistas de um povo acaba recebendo o estigma de preconceituosa. Apontar os erros históricos de nações ou identificar que práticas de uma cultura são inferiores, sem valor ou até maléficas, chega a ser considerado um crime.

A universidade brasileira está tomada por essa ideia. Praticamente, não há um professor de Sociologia, Antropologia ou História que não repita essa mesma ladainha. E o aluno que ousar contestar isso, certamente, será tido por intolerante, quando não ignorante.

Para mostrar como a ideia de igualdade valorativa das culturas está fundada em falácias, trago como amostra o que escreveu, em um livreto muito acolhido nas faculdades brasileiras, chamado Etnocentrismo, o professor da PUC-Rio, Everardo Rocha.

Logo no início do livreto, o autor conta uma estória:

Ao receber a missão de ir pregar junto aos selvagens, um pastor se preparou durante dias para vir ao Brasil e iniciar no Xingu seu trabalho de evangelização e catequese. Muito generoso, comprou para os selvagens contas, espelhos, pentes etc.; modesto, comprou para si próprio apenas um moderníssimo relógio digital capaz de acender luzes, alarmes, fazer contas, marcar segundos, e até dizer a hora sempre absolutamente certa, infalível (…) Tempos depois, fez-se amigo de um índio muito jovem que o acompanhava a todos os lugares de sua pregação e mostrava-se admirado de muitas coisas, especialmente, do barulhento, colorido e estranho objeto que o pastor trazia no pulso e consultava frequentemente. Um dia, por fim, vencido por insistentes pedidos, o pastor perdeu seu relógio dando-o, meio sem jeito e a contragosto, ao jovem índio.

Na sequência, o professor fala do destino dado ao relógio pelo índio:

A surpresa maior estava, porém, por vir. Dias depois, o índio chamou-o apressadamente para mostrar-lhe, muito feliz, seu trabalho. Apontando seguidamente o galho superior de uma árvore altíssima nas cercanias da aldeia, o índio fez o pastor divisar, não sem dificuldade, um belo ornamento de pensas e contas multicolores tendo no centro o relógio.

E termina a estória, narrando o retorno do missionário para sua terra:

Passados mais alguns meses o pastor se foi de volta para casa. Sua tarefa seguinte era entregar aos superiores seus relatórios e, naquela manhã, dar uma última revisada na comunicação que iria fazer em seguida aos seus colegas em congresso sobre evangelização (…) Como que buscando uma inspiração de última hora examinou detalhadamente as paredes do seu escritório. Nelas, arcos, flechas, tacapes, bordunas, cocares, e até uma flauta formavam uma bela decoração.

É na sua conclusão, no entanto, que o professor Everardo Rocha, demonstra como ele pode ser considerado um modelo exato da fragilidade do pensamento universitário brasileiro. Isso porque ele simplesmente afirma que ambos os personagens fizeram, obviamente a mesma coisa. Privilegiaram ambos as funções estéticas, ornamentais, decorativas de objetos que, na cultura do “outro”, desempenhavam funções que seriam principalmente técnicas.

O que ele disse parece até correto, se não tivesse implícita uma percepção equivocada dos fatos, que ele vai deixar clara na sequência, quando afirma, sobre o índio e o pastor, que cada um “traduziu” nos termos de sua própria cultura o significado dos objetos cujo sentido original foi forjado na cultura do “outro”.

Seu equívoco reside, exatamente, em interpretar que o pastor, ao dar um destino decorativo para os objetos indígenas, agiu da mesma maneira e com o mesmo intuito que o índio, quando este ornamentou o relógio recebido de presente.

Ao tentar mostrar uma equivalência nos atos, tentando, assim, mostrar que as culturas simplesmente são diferentes, mas não, necessariamente, superiores ou inferiores, o autor acaba demonstrando exatamente a superioridade da cultura do missionário.

Isso porque, diferente do índio, o missionário deu um destino ornamental aos instrumentos indígenas, não por não saber para o que eles serviam, mas exatamente pelo contrário. As flechas, a flauta e o cocar nas paredes de seu escritório remetiam, para quem que os contemplasse, para a realidade da vida dos índios e para o uso adequado dado aos objetos no contexto próprio destes.

Ao contrário do que o professor Everardo disse, os personagens não fizeram a mesma coisa. O autor, ao tentar mostrar equivalência de intenções onde havia apenas similaridade exterior acaba provando exatamente o contrário do que pretendia.

Isso porque, ao pendurar em suas paredes os objetos indígenas, tendo plena consciência, obviamente, de qual era o destino dados pelos próprios índios a cada um daqueles instrumentos, o missionário demonstrou entender exatamente, não apenas a realidade de sua própria cultura, mas também a alheia. O jovem índio, por outro lado, ao ornamentar o relógio recebido do pastor e pendurado ele em uma árvore, simplesmente porque não sabia usá-lo e não compreendia qual sua utilidade na cultura do visitante, demonstrou sua ignorância quanto a tudo isso.

 O que o autor do livreto acabou provando é que a cultura do missionário é, no mínimo, mais abrangente que a do índio. Sendo assim, provou, também, se bem que sem perceber isso, que a cultura do pastor é, de alguma maneira, superior, sim, já que pode perfeitamente absorver a cultura indígena se quiser, pois tem plena consciência de como ela funciona.

Isso porque o valor de uma cultura é medido pela presença nela de elementos universais, que a possibilitem exatamente transitar por outras culturas sem perder sua própria identidade. É por isso que a cultura europeia era considerada superior à indígena latino-americana, pois podia ingressar no ambiente cultural desta sem sofrer perda de suas próprias características. Já uma cultura como a aborígene, por exemplo, por ser inferior, não sobrevive, sem perder sua essência, se for inserida em outros ambientes culturais.

O professor Everardo Rocha não ter percebido algo tão óbvio, sendo que seu trabalho é acolhido em tantas universidades brasileiras, apenas confirma a pobreza intelectual que assola nossa academia.

Calados pela diversidade

A diversidade é uma santa imaculada, louvada, venerada por todos os adeptos da “igreja do pensamento que não desagrada ninguém”. Segunda a doutrina dessa comunidade amorfa, inócua e desinteressante, toda manifestação cultural deve ser valorizada, nenhuma cultura pode ser considerada superior e, principalmente, toda cultura deve ser respeitada, ainda que sua prática seja absurda ao observador.

Segundo esse pensamento, culturas como as das comunidades indígenas, por exemplo, que enterram crianças vivas, simplesmente porque não nascem fisicamente perfeitas, ficam, segundo a ideologia da diversidade, automaticamente isentas de crítica. Não importa que tais práticas sejam uma afronta ao bom senso e a uma mínima noção de humanidade; não cabe falar nada contra elas.

Além do sufoco infantil, o sufoco da opinião. O respeito à diversidade é alçado, então, ao estatuto de lei universal, inviolável. Como diante de uma regra imutável, enxergar o diverso como algo tolerável deixa de ser uma questão de opção e valores e passa a ser mandamento. Ter o diferente como mal, inferior, prejudicial não apenas é visto como um ato de intolerância, mas começa a tornar-se um crime contra a humanidade. Se não gosta, cale-se e veja o diverso divertir-se às custas de seu silêncio forçado.

A diversidade assume então o status de valor em si. Falar algo depreciativo do outro torna-se blasfêmia sujeita à reprovação e excomunhão praticada pelos asseclas vociferantes dessa entidade, dessa deusa, que tem recebido cada vez mais louvores e oferendas. Criticar o diferente é pecado, e mortal.

Mas quem são os diferentes protegidos? Na verdade, são aqueles escolhidos segundo o interesse da ideologia. A matança infantil indígena é diferente, a feitiçaria africana é diferente, a poligamia e pedofilia islâmicas também são diferentes e, por isso, falar algo contra essas chamadas “manifestações culturais” é crime.

Mas veja que, quando a diversidade, por si mesma, passa a ser inviolável, não apenas a cultura estrangeira é cercada com muros inexpugnáveis, mas as próprias manifestações internas, em sua infinita diversidade, ainda que se choquem com os padrões construídos dentro da própria cultura. Assim, qualquer atitude humana, mesmo que seja uma afronta ao bom senso, às tradições e à própria percepção de natureza de um povo, fica colocada fora do campo da crítica, permanecendo guardada das palavras contrárias.

O que é isso senão a imposição de uma mordaça absoluta? E o que é isso senão o próprio fim da civilização como a conhecemos? E o que é isso senão o fim da religião mesma? Ora, toda a construção civilizacional e religiosa fora erguida sobre a crítica, a dialética e a dissonância. Sem isso, nada se teria feito. Se desde sempre os homens não pudessem expor suas visões discordantes, viveríamos ainda nas cavernas.

Mas não pense que o politicamente correto é tão universal assim. Se, por um lado, ele prega que todas as culturas devem ser respeitadas e todas as opiniões ouvidas, ao mesmo tempo, escolheu algumas entre elas que estão fora de seu cerco de proteção e sobre as quais, diferente de todo o resto, toda a crítica é muito bem vinda. O cristianismo, o capitalismo, a tradição e a moral, se tudo está protegido pela couraça do politicamente correto, estas manifestações citadas e seus correlatos: o homem branco, a heterossexualidade, a família e os valores espirituais se encontram fora dessa rede de proteção. Nada pode ser mal, exceto estas formas de cultura. Um índio pode matar uma criança, mas um cristão não pode dizer que o homossexualismo é um erro. Um africano pode fazer feitiços contra qualquer um, mas um crente não pode orar pedindo bênçãos para Deus. Um homossexual pode invadir um culto de uma igreja evangélica, lugar privado, e afrontar as crenças dela se agarrando diante de todos, mas um pregador não pode, em praça pública, afirmar que um gay está em pecado. Uma mulher pode reclamar pelo direito de matar fetos, mas ninguém pode mandá-las calarem suas bocas. Os brancos precisam arcar com os custos de uma escravatura secular, enquanto os negros não pagam nada pela escravatura empreendida por eles mesmos. O capitalista pode ser demonizado como avarento e explorador, enquanto líderes socialistas, ainda que usufruindo de vidas nababescas, obtidas por meio da exploração de povos inteiros, são tidos por heróis.

Há dezenas de outros exemplos que poderiam ser citados, mas esses bastam para mostrar que se o politicamente correto impõe o “cale-se” a quase todos, ficam de fora exatamente aqueles que livremente podem criticar os calados. E se um dia esses calados desaparecessem, a utopia seria alcançada: um mundo onde ninguém critica ninguém, onde nada é discutido, onde nada é melhorado. Como na música do John Lennon, uma mundo sem religião onde todos vivem como um só. Um lugar eternamente inerte. Na verdade, uma exata descrição do Inferno.