Autor: Fabio Blanco

Minha saúde te importa?

Parece que as gerações atuais sequer possuem noção do que significa o Direito à privacidade

O Ministério da Saúde, por meio da Portaria 763/11, determinou que todos os pacientes atendidos pela rede pública ou privada de saúde devem apresentar sua CNS – Carteira Nacional de Saúde, a fim de que todos os procedimentos sejam registrados, vinculando seus nomes, juntamente com o procedimento aplicado, aos dos profissionais de saúde que os atenderam e dos hospitais envolvidos.

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Quem conhece os nossos passos?

O Estado vai aumentando a extensão de seus tentáculos e, passo-a-passo, entra um pouco mais na vida privada de seus próprios cidadãos

Não são apenas a Apple e a Google que buscam incessantemente a posição de grandes invasores da privacidade alheia. Não poderia ficar de fora dessa briga a toda poderosa Microsoft. Esta, que já foi a maior empresa de tecnologia do mundo e hoje disputa para manter sua fatia (ainda gorda) do mercado, está investindo milhões de dólares em um sistema de monitoração pública, na cidade de Nova York (veja matéria do jornal Le Figaro).

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A escravidão consentida

Diferente do imaginado por Orwell, essa tirania não está sendo exercida por meio de um poder imposto por algum governo soberano. Ela está ocorrendo dentro de uma liberdade plena de escolha

O jornal Le Figaro traz uma matéria que dá alguns detalhes da briga existente entre a Apple e a Google: Apple lance une application de plan face à Google Maps. Nela, o jornal francês apresenta a guerra que há, entre essas duas empresas de tecnologia, na busca de adquirir mais força no desenvolvimento de aplicativos que possuem a capacidade de colher dados de seus usuários.

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Subindo o rio contra o mar do esquecimento

“Os que seguem rumo à eternidade celeste, os quais antes estavam mortos em seus delitos e pecados, que eram levados segundo o curso deste rio que é o mundo, receberam vida em Cristo e, com as forças oriundas do Espírito, agora podem mover seu ser em direção à fonte da vida”

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Encontrando Deus no interior do ser

É na profundidade do ser individual que Deus se torna, razoavelmente, mais compreensível

Quando alguém diz que Deus não pode ser encontrado fora, mas apenas no interior do indivíduo, as mentes teológicas costumam ficar escandalizadas, dizendo que isso é um subjetivismo inaceitável à mais pura doutrina cristã. Deus, para eles, parece mais um senhorzinho barbudo sentado em seu trono no céu, do que o Senhor do universo, de quem não podemos nos esconder, nem sequer fugir de sua presença.

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A humildade necessária para aprender

O estudante cristão sério não pode ingressar em suas atividades intelectuais de maneira pedante, sob pena de desperdiçar oportunidades de conhecimento. Quem não se dispõe a ouvir o que os outros têm a dizer está condenado a viver, perpetuamente, em seu mundo pequeno e hermético

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O valor do tempo

O tempo é um bem precioso, e quem ousaria negar isso? Mesmo imperceptível em seu desenrolar, tão lento que a noção de seu valor esvai-se, uma breve reflexão sobre o custo de seu desperdício é suficiente para perceber que não reverenciá-lo é um tipo de morte. Se a vida apenas pode ser glorificada em seus momentos que apresentam sentido eterno, o abandonar-se à letargia é destruir, a cada vez, a razão de existir.

O valor de tudo, costumamos apreciar, se encontra em sua influência material. Nos perguntamos, ao aquilatar sobre as coisas, o quanto elas são úteis, o quanto elas nos retornam em outras coisas, qual o seu poder de troca e o quanto elas nos permitem usufruir da vida. A força material é a medida.

Ao considerar essas coisas, me parece que a proposta do filme In Time, mesmo empastelada, em seu roteiro, de clichês enjoativos, como a culpa da riqueza e a justiça do bom ladrão, é bem original. Como se fosse uma subversão da reflexão de Arnold Bennett, em seu livro Como viver com 24 horas por dia, onde o autor fala sobre a vantagem do tempo sobre a matéria, o filme faz pensar sobre a vida em seu valores, não materiais, mas cronológicos. Imaginar um mundo onde não há dinheiro físico, mas tudo é contado em tempo, nos remete à reflexão sobre o que fazemos com nós mesmos.

Imagine-se tendo apenas um dia a mais de vida. Se não desejar morrer, necessário é buscar meios que lhe remunerem com, pelo menos, mais um dia, a fim de que no dia seguinte você possa fazer o mesmo, preservando assim sua existência. Até mesmo acordar tarde pode ser fatal. O tempo, fator crucial, não pode ser desperdiçado.

Sob o impacto da película, ao olharmos para nossas vidas reais, reconhecemos a importância de não desperdiçarmos tempo. Não apenas o capitalista que busca o lucro ou o trabalhador que persegue a remuneração, mas também o artista que deseja criar ou o intelectual que quer conhecer, todos sentem que abandonar-se à inércia é como jogar fora parte de suas vidas.

Ainda assim, quanto tempo perdido! Essa entidade que ligeiramente se movimenta no invisível nos consome e, no fim, abandona-nos sós. Ela, que está sempre à frente, escapando-nos ainda que nos movimentássemos como Mercúrio, se torna uma opressora impiedosa e não misericordiosa. Tão má que destrói os que a ignoram e maltrata aqueles que a veneram. No fim, somos todos seus escravos.

O mérito do filme está, portanto, em conseguir materializar o valor do tempo. Vendo-o como moeda de troca, nós, absorvidos que estamos na medida monetária de tudo, podemos medir também o tempo, não apenas como o desenrolar dos fatos, mas como presença real em nossas vidas. É uma abstração provocada, mas bem colocada.

Agora, quando leio o provérbio bíblico: atende ao bom andamento da sua casa e não come o pão da preguiça (Pr 31.27), tais palavras se tornam, após essa reflexão sobre o tempo, como proposto pelo filme, mais que conselhos, mas alertas vitais. O único problema é que o tempo passa e o impacto da reflexão se esvai. Aos poucos, voltamos a ver tudo com os velhos olhos materialistas, que valorizam as coisas palpáveis, não a própria existência.

Pedófilos intelectuais

Quando vês uma mente pequenina, arde em ti um desejo de possuí-la. Sua inocência te atrai

Quando vês uma criança, não enxergas nela a pureza da inocência, nem a simplicidade da infância, mas apenas imaginas o quão útil ela poderá ser à tua causa. Imaginas quando ela for adulta, formada segundo tuas convicções, moldada segundo tua ideologia, defendendo as causas que tu colocaste em sua mente. Tu não vês uma criança apenas em sua realidade presente, mas esforça-te por prepará-la para o mundo futuro, a ser construído segundo teus preceitos.

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A maldição do bem comum

O bem comum é uma maldição e, invariavelmente, uma desculpa para as maiores atrocidades. Caifás, sacerdote que autorizou a morte de Cristo, exclamou: “convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação”. Pelo bem de todos, mataram o próprio Deus. A nação, mesmo assim, pereceu. Mas a afirmação do sumo sacerdote só foi aceita porque fingia preservar a coletividade, mostrando-se a favor do bem comum. 

O bem comum sempre fundamentou as decisões mais terríveis e assassinas. Milhões foram mortos e colocados na miséria por causa dele. Governos justificaram até mesmo genocídios, dizendo que faziam essas coisas porque era o melhor para todo mundo ─ menos para as vítimas, obviamente.

O lado mais cruel das ações malignas baseadas no bem comum é que ninguém é condenado por elas, ninguém é responsabilizado pelo que faz. O bem comum se tornou a desculpa perfeita para as maiores maldades, pois foi colocado como um objetivo a ser buscado acima de tudo, tornando lícito qualquer coisa que se faça em seu favor.

Mesmo quando as nações foram construídas com a retórica da proteção dos direitos do homem e o pensamento liberal nascia como o que havia de mais civilizado, a punição àqueles que se tornassem uma ameaça aos interesses da coletividade manteve-se bem ativa. 

O período iluminista, que com o seu discurso racionalista e individualista prometia elevar o homem a uma condição especial, deu à luz, paradoxalmente, o princípio romântico da vontade geral. Seu fruto mais visível acabou sendo uma revolução, que converteu os direitos do homem em uma tirania mal disfarçada, derramando sangue e cortando pescoços em favor do maldito bem comum.

Surgiram, então, as ideologias socialistas, coletivistas de nascença. Elas se apresentaram como solução para a sociedade e foram muito claras ao propor que faziam isso pensando na construção de um mundo melhor, para o bem da coletividade. Sob bandeira tão magnânima, quando tomaram o poder, não tiveram nenhum problema em sufocar os indivíduos e escravizar suas consciências. Fizeram, então, dos homens um braço do Estado e servos de seus líderes.

Mesmo hoje, no tempo que se gaba por ter promovido as maiores liberdades, as grandes forças políticas e financeiras globais manifestam-se, sem nenhum pudor, a favor da reconstrução de um novo sistema, propondo reiniciá-lo de alguma maneira, substituindo nossas atuais formas de vida por outras que, segundo eles, seriam melhores para todos. Muitos aceitam tamanho desvario simplesmente porque esses sonhos distópicos estão todos fundamentados na desculpa do bem comum. 

O mundo ocidental mergulhou na sanha coletivista. Para tanto, precisou negar sua origem cristã, afinal, foi o cristianismo que, superando a perspectiva que tomava os homens por massas, colocou cada um deles, individualmente, diante de Deus. O cristianismo ensinou que são os homens, não as nações, julgados no tribunal divino; que são os pecados dos indivíduos levados em conta; que chegou ao extremo de afirmar que uma alma vale mais que o mundo inteiro.

Foi essa visão cristã de valorização humana que permitiu a compreensão de que a verdade só pode ser encontrada pelo indivíduo, após um esforço laborioso e sincero de sua parte. Tornou-se compreensível que apenas o homem, em sua solidão interior, é capaz, após calar as vozes vulgares que lhe chegam de fora, de compreender a verdade que está além da confusão geral.

Por outro lado, quando se busca o bem comum, a verdade não é achada, porque seu objetivo é defender interesses ─ ainda que de um grupo de pessoas. Esse é o motivo porque quase toda a decisão baseada nele está condenada ao erro.

Não é por acaso que o bem comum sempre foi a maior arma dos tiranos. Usando-o como desculpa, não precisavam estar certos. Alegando-o como objetivo, podiam impor sobre os homens sua vontade pessoal, hipnotizando as consciências, fazendo-as crer que tudo é para o seu melhor e que todo ato, mesmo o mais desprezível, é justificável.

Hoje, quando escuto alguém dizendo que está agindo visando os interesses da coletividade, sei que é bem provável que algo de ruim aconteça. Afinal, quase nada de bom e verdadeiro pode surgir quando se alega que se faz alguma coisa pelo bem comum.

Crianças lançadas em um inferno sem volta e sem glamour

Aquele estereótipo novelístico do casal gay fiel é uma rara exceção

Pequena criança, tua inocência é presa fácil daqueles que te vêem apenas como instrumento de manipulação para a confirmação de suas próprias fantasias. Eles, já atolados na lama de suas concupiscências, não felizes em manter-se como párias, tentam impor sobre todos, como regra, suas perversões. Estão entenebrecidos em uma existência infértil e decidem disseminar sua infelicidade sobre todos.

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