Autor: Fabio Blanco

Utopistas e a necessidade de controle

Há quem se assuste com governantes exercendo seu poder de maneira autoritária. Confundida pela ilusão democrática, muita gente pensa que essas demonstrações de tirania são uma excrescência, quando, na verdade, fazem parte de uma tendência quase natural dos detentores de poder.

O sonho de quase todo governante é poder controlar nossa vida, mesmo nos aspectos mais comezinhos. Este é um sonho antigo. Não se contentam em regulamentar o que faz parte da vida comum, mas querem determinar o que fazer inclusive naquilo que se refere ao nosso trabalho, nosso lazer e, até, nossos relacionamentos.

Portanto, quando eles determinam que você não pode trabalhar ou tem de trabalhar sob suas rígidas regulamentações, proibindo suas caminhadas na praia ou no parque e regulamentando até com quem você deve se encontrar pode parecer estranho para quem vive na ilusão temporária da democracia, mas não espanta quem conhece um pouco de história.

Não faz tanto tempo assim que passamos por experiências sociais totalitárias. Comunismo, nazismo e fascismo são três demonstrações de governança autoritária que dominaram todo o século XX e, sobrevivem, às sombras, espreitando uma chance de retomar seus dias gloriosos. Sem contar os filhotes remanescentes, como Cuba, Coreia do Norte e seu mais ilustre rebento: a China.

No entanto, bem antes disso, já havia um tipo de literatura que, por cinco séculos, forjou a mentalidade de governantes do mundo todo. Uma literatura utópica que imaginava poder moldar a sociedade, segundo as concepções de seu idealizador, por meio do controle total.

Na verdade, Platão já havia pensado em uma utopia desse tipo, mas foi Thomas More quem inaugurou esse estilo literário na modernidade. Em seu livro ‘Utopia’ já encontramos aspectos de imaginação totalitária, como distribuição de riquezas e divisão forçada de trabalho. Depois dele, na ‘Cidade do Sol’, de Tommaso Campanella, encontra-se uma comunidade de mulheres, controle alimentar, trabalho obrigatório e uma religião única, formando uma teocracia. Até Rousseau, em seus primeiros escritos, flertou com a utopia, sendo, por causa disso, e por sua forte influência posterior, considerado o pai do comunismo moderno. Após isso, encontraremos outros exemplos, como a utopia do padre Gabriel Mably, onde há uma busca por um ideal comunitário por meio da restrição do direito da propredade. Restif de La Bretonne, que sonha com um comunismo agrário e retrógrado. Morelly que quer dividir tudo, inclusive as mulheres, além de pensar um sistema geral de assistência. Houve, ainda, Saint-Simon, que concebe uma sociedade industrial, sem grandes proprietários, que será a condutora a uma sociedade sem classes. Seus discípulos, os saint-simonistas, que já começam a vislumbrar a constituição de uma sociedade comunista, alcançada por regras específicas, propõem a supressão da herança. Destaque especial deve ser dado a Robert Owen, que após uma experiência utópica de sucesso na Usina de New Lanark, teve a oportunidade de vê-la replicada na própria sociedade inglesa onde vivia, em um projeto que se configurava uma verdadeira proposta de planificação comunista, o que, contrastando com sua experiência no universo fechado de New Lanark, resultou em retumbante fracasso. A partir daí, vários autores utópicos surgiram, como Charles Fourier, Etienne Cabet e uma série de outros pensadores que acabaram formando uma verdadeira tradição nesse estilo literário e moldaram a mentalidade de muitos governantes durante todo esse tempo.

O mais importante é notar que o que havia de mais comum em todos essas concepções sociais era o fato de seus idealizadores acreditarem que a sociedade ideal imaginada por eles jamais seria alcançada espontaneamente e que era preciso haver regras, muitas vezes rígidas e bastante restritivas, para que a utopia fosse definitivamente alcançada.

Até mesmo o marxismo, que se enfronhou no mundo das disputas políticas, revoluções e guerras bastante reais traz isso em sua gênese: a crença de que um mundo perfeito alcançado depois de passada a fase do planejamento e controle absolutos.

Portanto, não se assuste quando você se depara com governantes e autoridades que tentam regulamentar a sua vida até nos mínimos detalhes. Isso é uma tendência há séculos e bem anterior das experiências ditatoriais absolutistas dos séculos XIX e XX. No fundo, nenhum deles acredita em liberdade individual coisa nenhuma. Sua fé está sempre no controle absoluto como a única maneira de dirigir a sociedade com eficácia.

Há, porém, algo a se ressaltar: os antigos utopistas nunca tiveram, a seu dispor, os instrumentos tecnológicos e os conhecimentos manipulatórios que os novos aspirantes a ditadores possuem e isso pode fazer toda a diferença.

A natureza do Estado de bem-estar

O povão, no Brasil, mas também na Europa, está bem satisfeito com o sustento mínimo que seus respectivos governos estão dando neste tempo de paralisação social. Obviamente, essas pessoas não têm a mínima noção do que isso significa. Por isso, vou explicar resumidamente.

Poucos atentaram para o ovo de áspide escondido no interior do discurso do diretor da OMS, quando ele disse que os países que possuem um sistema social forte podem passar por essa pandemia de maneira mais firme. Nesse discurso encontra-se o objetivo de todos os socialistas: a implantação de um Estado de bem-estar social amplo e definitivo.

Mas não se engane! O Estado de bem-estar social não é o paraíso como os socialistas e fabianos gostam de vender. Pelo contrário, ele é, na verdade, a ante-sala do inferno.

O Estado de bem-estar social apresenta-se como uma alternativa ao liberalismo e ao socialismo. Seria, em síntese, um sistema que alia a economia capitalista, mas com forte atuação do Estado, inclusive com forte regulamentação do sistema econômico, além da oferta de um sistema de previdência bastante amplo.

A ideia do Estado de bem-estar social surge na Alemanha de Bismarck, no final do século XIX. No entanto, foi durante o século XX que sua implantação passou a ser preconizada de maneira mais ampla, principalmente pelos social-democratas.

Na verdade, o Estado de bem-estar social começou a ser promovido como um tipo ideal de sistema estatal. Tanto que praticamente todos os países capitalistas do mundo têm implantado, em algum nível, seus princípios.

Porém, o que geralmente passa desapercebido pela maioria dos analistas é que o sistema de bem-estar social é uma bomba relógio colocada bem no meio do sistema capitalista.
Uma bomba armada por socialistas.

Socialistas são comunistas, na verdade. E o que o comunismo preconiza, desde Marx, não é a destruição pura e simples do capitalismo, mas sua saturação. O que os comunistas esperam é que o capitalismo se auto-destrua.

E aí é que entra a função do Estado de bem-estar social. Ele é feito não para dar uma vida boa para as pessoas, mas para destruir o sistema capitalista desde dentro.

Na verdade, o Estado de bem-estar social é impraticável, pelo menos a longo prazo. Todas as benesses que ele oferece tendem a, cada vez mais, ampliar-se, até o ponto que se torna impossível para o Estado sustentar esse sistema. Acaba chegando, então, um momento que, por causa da impossibilidade de manter o sistema de bem-estar, as convulsões sociais e revoluções tornam-se inevitáveis.

Como as crises são o principal instrumento para impor a virada em favor do comunismo, a existência dessas convulsões sociais oferecem a oportunidade perfeita para isso.

Inflar o sistema capitalista até que exploda é, portanto, o verdadeiro motivo para a existência do sistema de bem-estar social.

Isso ficou muito explícito na estratégia exposta pelos ativistas Richard Cloward e Frances Fox Piven, que, nos anos 60, defendiam ações que sobrecarregassem o sistema público de bem-estar do Estado, com o intuito de gerar crises, a fim de substituir o sistema de bem-estar por um programa de renda anual garantida a todos, para pôr fim à pobreza.

Portanto, tudo o que está acontecendo neste momento, com a paralisação das economias e a dependência ainda maior da população em relação aos serviços estatais, caracteriza-se como uma situação ideal para os objetivos revolucionários: dar andamento ao projeto de substituir o mundo capitalista que ainda vivemos por um bem mais próximo do comunismo.

Poder sem limites

O poder não tem limites. Seu gosto é tão enebriante que quem o experimenta quer sempre mais. O poder revela as profundezas do ser humano. Remexe os desejos mais recônditos. Desejos de controle; desejos de domínio. O poder é como um feitiço, que toma conta do homem e, hipnotizando-o, faz dele quase um autômato, a responder seus comandos.

A verdade é que não há limites para o exercício do poder. Quem está tomado por seus encantos quer cada vez mais.

Só há dois limitadores para a imposição do poder: a impossibilidade física ou uma força intimidadora contrária. Os grandes déspotas da história apenas não cometeram mais atrocidades e não expandiram mais seus domínios porque estavam impossibilitados materialmente para isso. Imagine um Genghis Khan se tivesse, ao seu dispor, aviões bombardeiros ou se Napoleão pudesse lançar bombas nucleares! Imagine um Hitler se não se deparasse com a resistência dos Aliados!

Agora, preste atenção ao que os novos ditadores têm a sua disposição. Pense como todo a tecnologia e os novos aparatos podem servir para que seu poder seja imposto sobre as pessoas. E, atualmente, não são apenas instrumentos de impacto visível, como exércitos, bombas e explosivos, mas algo que lhes permite exercer um domínio muito mais profundo: armas de manipulação mental.

Todo o conhecimento e tecnologia disponíveis para os dominadores de nosso tempo lhes permite algo muito mais eficiente do que ferir ou matar. Permite cooptar seus alvos. Em vez de mortos, faz escravos. E o melhor ainda (para eles) é que podem tudo isso em uma guerra limpa, quase sem rastros.

Não pensem, portanto, que um ditador, grande ou pequeno, vai ser contido por algum escrúpulo ou que possa haver algum limite para seus atos. Se ele não faz mais é porque os instrumentos que estão a seu dispor não lhe permitem ou, então, porque se deparou com forças que o intimidaram, que despertaram nele o medo.

Por isso, nossa esperança, quando estamos diante de um aspirante a ditador, é descobrir que forças podem ser essas.

O filme Replicas e a localização da consciência

O filme “Replicas” (Cópias – de volta à vida) parte de um pressuposto do qual eu não comungo, mas que está de acordo com o entendimento da quase totalidade dos cientistas e neurobiólogos do mundo inteiro: a de que nossa consciência reside em nosso cérebro.

O roteiro trata de um cientista que trabalha em um projeto de transplante de consciência. A ideia é conseguir com que todos os dados, incluindo a memória, as sensações e a autoconsciência, sejam possíveis de ser transmitidos de um cérebro orgânico a um outro sintético. Pega-se uma pessoa recém-falecida, sem avarias cerebrais, e “ressuscita-a” em um outro cérebro, sob um outro corpo, criando assim uma réplica autoconsciente.

A premissa subjacente do motivo do filme é a de que a nossa consciência está limitada ao nosso cérebro. Portanto, se houver um desenvolvimento de uma tecnologia capaz de transferir os dados de um cérebro para o outro, isso permitiria que a vida das pessoas fossem continuadas, ainda que em cérebros e corpos diferentes*.

Sinceramente, eu não acredito nisso. Penso que temos uma consciência que está fora e além do corpo; que até depende do corpo para se manifestar nesta vida, mas que supera em muito nossa biologia.

Alguns estudiosos, como o dr. Larry Dossey, chamariam isso de Mente Una, outros de consciência coletiva. Eu não sei se eu iria tão longe, mesmo não descartando completamente a hipótese de uma participação em algo que esteja além do indivíduo

Eu apenas penso que nossa mente não está confinada no cérebro e que existe além dele, talvez anterior a ele, e que sobreviverá a ele de qualquer maneira.

Por causa disso, eu entendo que o cérebro atua mais como um instrumento, um órgão executor da consciência, que auxilia a consciência para que ela se manifeste nesse mundo, mas que, exatamente por isso, se torna um limitador dela.

Diferente da percepção comum, apesar de entender a importância do cérebro para a ordenação dos dados tratados pela consciência, penso que ele acaba restringindo-a, como um canal apertado por onde ela precisa passar.

Por isso, acredito que o pressuposto do filme é inaplicável, pelo menos na dimensão proposta por ele.

Talvez, um dia, seja possível até transmitir dados entre cérebros, mas transplantar a consciência penso ser um objetivo inalcançável.

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* Uma outra série com uma premissa semelhante chama-se Altered Carbon.

Macropatia permanente

É incrível como as pessoas obedecem qualquer regra inventada pelas autoridades, ainda que elas sejam de aplicabilidade discutível, e mesmo que lhes façam mal. Parece até que a regra está acima da verdade, acima do bem e do mal.

As pessoas tomam as leis como se realidade fossem. Ainda que nada tenha mudado no mundo real, o comportamento delas muda quando seus governantes baixam seus decretos.

Observem o caso das máscaras: até um dia antes da obrigatoriedade de seu uso, poucas pessoas davam importância para elas. Bastou, porém, os governantes tornarem-nas obrigatórias e os cidadãos agora tratam-nas como um acessório de vida ou morte. São capazes, inclusive de brigar com seus vizinhos e ter ataques histéricos no caso de testemunharem alguém que não respeite seu uso.

Outro fenômeno interessante ocorre no caso dos restaurantes. As leis permitem que a pessoa tire a máscara quando ela se senta para comer. No entanto, o que muda em relação ao perigo real? Absolutamente nada, afinal, o vírus não tem altura mínima. No entanto, o mesmo histérico que grita com qualquer um que veja sem máscara, sente-se seguro ao acomodar-se na mesa de refeição sem o acessório de proteção. De onde vem essa segurança? Da realidade? Não, da lei. É como se, só porque a lei determina que na mesa de refeição não é obrigatório o uso de máscaras, não houvesse o mesmo perigo de quando a pessoa está de pé.

Andrew Lobaczewski percebeu algo desse fenômeno, que ele chamou de macropatia permanente. Esse nome é dado por ser um problema muito comum em sociedades de grandes dimensões. Nelas, por causa de suas grandes distâncias e heterogeneidade, estando as autoridades centrais geralmente distantes dos assuntos locais e individuais, os regulamentos, que costumam fazer sentido nos grandes centros, que é de onde eles partem, ao serem aplicados pelas comunidades menores e mais afastadas, acarretam graves distorções.

No fenômeno identificado por Lobaczewski, quando uma lei é imposta, de maneira uniforme, em um país grande e diverso, as pessoas são forçadas a aplicá-las de maneira indiscriminada, sem as adaptações necessárias. Assim, a população acaba forçada a recepcionar essas leis, que nada têm a ver com sua realidade, como se representassem a mais absoluta verdade, ainda que sua experiência imediata e bom senso não confirmem isso. Daí, ver as pessoas tendo atitudes absolutamente contradizentes é uma consequência óbvia.

A diferença é que agora esse fenômeno é global. Isso porque há regras uniformes regendo o mundo inteiro. Determinações oriundas de cientistas e burocratas encastelados em seus gabinetes profiláticos, forçando até mesmo pessoas de afastados rincões a obedecer normas que nada têm a ver com sua realidade cotidiana. A consequência é que o cidadão de Birigui acaba submetido às mesmas determinações que o de Nova Iorque. Portanto, a macropatia, que era a enfermidade social típica de países grandes, alcançou escala planetária.

Como consequência, o povo, forçado a adaptar-se constantemente para recepcionar regras que nada têm a ver com seu cotidiano, nem com a realidade experimentada, acaba com sua própria percepção afetada. Ele não pensa mais de acordo com sua experiência direta, mas conforme a abstração da lei, tomando-a como a definidora do que é do que não é. Um dia antes viva como se tudo fosse normal, depois que a autoridade a baixou, parece que tudo mudou.

Os governantes percebem isso e a lei, então, torna-se um instrumento de manipulação, servindo como berrante para qualquer prefeitinho, por meio de qualquer decretinho, conduzir sua boiada.

Postura diante de um falacioso

O governador João Dória é um cínico. Seus argumentos são falácia pura. Desmascará-lo, portanto, é obrigação de toda pessoa de bom senso.

Se você for como eu, tem uma vontade incontrolável de responder a altura quando ouve certos absurdos, como os que ele tem falado. O problema, é que, muitas vezes, essa resposta não vem. A gente sente que tem algo errado, mas não consegue identificar na hora o que é.

Por exemplo, quando o governador solta o seu famigerado “melhor confinado do que enterrado”, no mesmo instante, qualquer pessoa, minimamente inteligente, percebe que tem algo que não se encaixa nessa frase.

O problema é que, na hora, antes de vir a resposta, vem a indignação, e os argumentos contra o que foi dito parece que ficam entalados na garganta.

Por isso, quando você se depara com uma falácia desse tipo, é importante tomar algumas medidas, que lhe ajudarão a não ficar paralisado diante do absurdo. São medidas que lhe darão certo traquejo, colaborando com que você responda à altura as idiotices que se ouve por aí.

O que eu lhe digo é o seguinte: com um pouco de treino retórico é possível destruir todos esses tipos de falácias.

Por isso, aqui vão quatro medidas claras e objetivas, que servirão sempre nesses casos.

A primeira coisa que você precisa saber é que desmascarar um argumento falacioso não é algo tão complicado. Falhamos nisso, muitas vezes, porque nos deixamos levar pelo sentimento. Às vezes, o argumento é tão sem vergonha, tão claramente cínico, que paramos de raciocinar, deixando a raiva dominar.

E esta é uma regra básica de qualquer debate: NUNCA SE DEIXE LEVAR PELA RAIVA.

Uma pessoa tomada por ela sai do modo racional para entrar no modo instintivo. Neste momento, o raciocínio não funciona direito e a única vontade que temos é de revidar, com os instrumentos mais primitivos, aquilo que detectamos como uma afronta.

Portanto, mantenha a calma, sempre. Mesmo quando do outro lado tenha um safado, que usa a retórica apenas para nos irritar. Autocontrole, neste caso, é essencial.

Feito isso, também É ESSENCIAL NÃO SE DEIXAR LEVAR PELAS PRIMEIRAS IMPRESSÕES. Isso porque um argumento falacioso aposta exatamente nelas para ser aceito.

O que é uma falácia senão a mera aparência de verdade? Como ela não pode convencer pela veracidade do que diz, aposta na ilusão, causando uma impressão de realidade.

Além do mais, a falácia costuma apelar para elementos extra-discursivos. A emoção é um dos preferidos. No caso da fala do governador, o contraste entre isolamento e morte é forte, mexe com um sentimento elementar, que é o instinto de sobrevivência.

Por isso, para não ser enredado pelo discurso falacioso, É IMPRESCINDÍVEL CRIAR O HÁBITO DE NUNCA PERMITIR QUE A EMOÇÃO INFLUENCIE O JULGAMENTO. Acostume-se a avaliar as razões puras e isole as sensações que elas despertam em você.

Isso é imprescindível para se pensar direito.

Por fim, ESTUDE RETÓRICA E ARGUMENTAÇÃO. Estas são duas áreas da comunicação geralmente deixadas de lado, em prol da persuasão e da oratória, mas que, quando bem estudadas, tornam-se uma arma poderosa em favor do orador e do debatedor.

Por exemplo, um estudioso de retórica e erística logo identificaria a falácia do falso dilema exposto por João Dória.

Para que você entenda: pelo falso dilema, duas opções são colocadas como as únicas alternativas possíveis, ignorando todas as outras gamas de possibilidades existentes.

No caso do confinamento x morte é exatamente isso o que acontece. Porque já está mais do que provado que, para uma pessoa fora do grupo de risco, a chance de morrer por causa do vírus é mínima. Na verdade, é algo probabilisticamente irrelevante.

Sendo assim, quem deixar o confinamento não vai morrer necessariamente. Pelo contrário, dificilmente morrerá.

Portanto, não se trata de um dilema.

Portanto, o governador engana, fingindo que se trata de uma bifurcação inescapável.

No entanto, infelizmente, muita gente não percebe isso. Mas nós, que temos um compromisso com a verdade, com a inteligência e com a justiça, temos a obrigação de perceber.

Assim, preparar-se para enfrentar essas falácias é nosso dever.

A covardia do discurso coletivista

Quem defende uma ideia deveria sempre assumir a responsabilidade por ela, confessando que a defende por interesse próprio. Quando usa os outros para avalizar sua próprias opiniões, neste caso, está apenas agindo como um covarde.

Todo discurso coletivista é assim. Quem o profere, como não tem coragem de confessar que o que deseja mesmo é que todo mundo seja controlado e perca suas liberdades, usa o bem comum como refúgio para sua sanha autoritária. Diz defender os outros, mas está defendendo mesmo é o seu próprio impulso despótico.

Para isso, a sociedade, a humanidade, os pobres, as famílias da vítimas, os mortos, os doentes – ou seja, todo tipo de abstração de referência coletiva – são instrumentalizados em favor dos anseios ditatoriais daqueles que se apresentam como seus defensores.

Com essa postura, o portador do discurso coletivista protege-se de qualquer ataque. A partir do momento que diz falar em favor do bem comum, qualquer ato seu está justificado. Ele não assume responsabilidade alguma. E se algo der errado, pode defender-se dizendo que foi apenas um porta-voz da vontade geral.

No fundo, falar em nome da coletividade é apenas uma forma de impor os próprios desejos e convicções, sem o risco de ser culpabilizado por eles. Mais ainda, é uma maneira eficaz de fazer com que os discordantes fiquem constrangidos, por se colocarem contra aquilo que seria o melhor para todos.

Quer ver como isso funciona? Então, levante sua voz contra o discurso coletivista e experimente toda a fúria daqueles que se dizem cheios de amor pelo mundo.

Carpideiras da pandemia

Eu não estou chorando pelos mortos dessa epidemia. Com exceção dos amigos e familiares das vítimas, quem diz que está também não. No meu caso, não porque eu seja insensível, nem porque eu não me importe. Eu apenas estou sendo sincero. No caso desses que dizem chorar pelos mortos, é diferente. Eles são hipócritas mesmo.

Todos esses que veem a público alardear seu choro pelos falecidos da praga chinesa não choraram durante todos os anos anteriores, quando vítimas e mais vítimas das mais diversas doenças tiveram suas vidas interrompidas. Pneumonia, infarto, câncer matam muito mais do que o corona já matou. E aí? Alguém chorou por elas, senão aqueles que as conheciam?

E quanto aos mortos pela violência brasileira? Esta sim uma ceifadora precoce de almas. Quantos desses que dizem derramar lágrimas pelos falecidos pelo vírus levantaram ao menos um lamento por eles?

Qual é a diferença? Por que os mortos de agora são mais merecedores de pranto do que todos os outros?

É que dizer que está chorando pelos mortos é uma maneira de mostrar-se superior. Ser uma carpideira da pandemia é uma forma de fingir que é mais humano que aqueles que insistem em atenuar o perigo.

Na verdade, estão dançando sobre os cadáveres, numa dança fúnebre, macabra, acompanhada de um canto triste, choroso, de voz embargada, mas de um cantor cheio de orgulho por lançar sua voz de maneira a que o público lhe admire.

O tom emocional do manipulador

Quando a intenção é convencer que o problema da epidemia é sério, os patrocinadores do pânico não economizam as expressões mais agudas. Assim, deixam claro, para a plateia descrente, o quanto é preciso estar convencido da gravidade da situação.

Nessa cavalgada apocalíptica, não se satisfazem com a mera descrição dos fatos (principalmente, porque esses fatos não corroboram seu alarmismo), mas laçam mão de um tom extremamente dramático, com o intuito, não de informar, mas de chocar o ouvinte ainda resistente ao pânico.

O tom usual é o mais emocional possível. O objetivo é despertar sentimentos histéricos. Recorre-se então a frases de efeito que constranjam o interlocutor a render-se ao sentimentalismo obrigatório, sob pena de ser tachado de insensível.

Não são meros arroubos retóricos, mas escolhas de expressões muito bem selecionadas selecionadas, com o intuito de revelar o quanto é sensível o seu pronunciador e frígido quem não embarca em sua jornada de horror.

“Famílias dilaceradas”, em vez de “mortes”; “epidemia devastadora”, em vez de “doença séria”; “choramos as vidas interrompidas”, em vez de “lamentamos os falecimentos” – são exemplos de escolhas de formas de expressar, que têm o claro objetivo de causar impacto, não expor uma realidade.

O fato é que a definição da forma de expressão indica as intenções de quem fala. O tom retórico impingido denuncia o intuito disfarçado.

Em geral, o uso da emoção é recurso retórico legítimo. Porém, quando usado não como mera ênfase, mas como forma de desenhar, com traços ainda mais dramáticos, uma situação que já é séria, sinaliza um propósito manipulatório.

Uma pessoa honesta respeita os fatos, dando a cada um deles a denominação devida. Um manipulador ultraja-os, manejando-os de maneira a servirem seus interesses.

Por isso, esteja atento a quem descreve os fatos com entoação muito catastrófica. Se o discurso for excessivamente emocional, pode ter certeza que por trás dele há alguém tentando lhe manipular.

Cidadãos da Nova Ordem Mundial

A implantação da Nova Ordem Mundial e como nós já fazemos parte dela