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O espírito de Frankfurt

Quando o muro de Berlim veio abaixo, quase todos que testemunharam aqueles acontecimentos esperavam que as ideias que o sustentaram ruíssem também. No entanto, aconteceu exatamente o contrário: enquanto a União Soviética sumia do mapa, o marxismo, que era seu espírito, espalhou-se, possuindo almas por todo o mundo.

O comunismo, que parecia decrépito no final dos anos oitenta, aparece completamente vitalizado no século XXI. De intelectuais a políticos, além de quase toda a expressão cultural vigente, praticamente não há ninguém, nem setor algum, que esteja livre da influência marxista, se não nos objetivos políticos, pelo menos na sua forma de pensar.

A verdade é que o comunismo permanece bem vivo, certamente até mais forte do que antes. Após o fim da Cortina de Ferro, ele revigorou-se de tal forma que, hoje, é o pensamento dominante no mundo.

Como ele conseguiu isso?

Quem salvou o comunismo foi a Escola de Frankfurt. Ela, que desde os anos 30 serviu de fonte de debates e reflexões sobre o marxismo e sua relação com a sociedade, depois que, por causa das circunstâncias relativas à ascensão nazista na Alemanha, mudou-se para os Estados Unidos, conseguiu difundir suas ideias, de maneira que elas penetrassem profundamente no imaginário das pessoas e em sua cultura.

As ideias dos pensadores da Escola de Frankfurt penetraram fundo nos corações e mentes porque, por um lado, conseguiram preservar o ideal marxista sem ferir seus fundamentos, por outro, deu novo ânimo ao movimento, libertando-o das amarras que não permitiam que ele se expandisse.

A verdade é que o comunismo, com a implantação do regime soviético na Rússia, tornou-se, cada vez mais, um sistema hermético e doutrinário. Fundamentados nas ideias estabelecidas na Primeira e Segunda Internacionais, o regime estabeleceu-se, fechando-se dentro de si mesmo, tornando o comunismo uma ideia desapegada do resto da humanidade. Comunistas eram aqueles seres estranhos, que viviam em uma terra estranha, com ideias mais estranhas ainda.

Foram os intelectuais judeus-marxistas da Escola de Frankfurt, como Horkheimer, Adorno e Marcuse que deram vigor a um movimento (que sempre existira dentro do comunismo) de revisão dessa maneira cerrada de ver as ideias comunistas e passaram a divulgar seus pensamentos.

Mal vistos pelos marxistas ortodoxos, os intelectuais de Frankfurt, pouco a pouco, conseguiram aproximar o marxismo da vida real das pessoas que viviam no Ocidente, tornando-o algo palatável, em princípio, até o ponto de fazê-lo agradável e desejável.

O sucesso das ideias frankfurtianas se deram por diversos motivos. O primeiro deles foi o fato de oferecerem uma opção anti-dogmática do marxismo. A forma doutrinária de pensar o marxismo foi fortemente criticada pelos intelectuais da Escola de Frankfurt, que promoveram um pensamento mais flexível das ideias marxistas. Isso elevou-o para algo menos materialista, em seu sentido mais estrito, e acrescentou um aspecto espiritual a ele (entendendo-se aqui espírito como algo ligado à intelectualidade e consciência humanas). Assim, o homem, que no marxismo ortodoxo era visto praticamente como mero efeito das condições materiais da sociedade, ganhou dignidade, com uma certa valorização de sua subjetividade, transformando-o em autor da obra revolucionária, não apenas resultado dela. Com toda essa mudança de perspectiva, outros setores da sociedade, além do proletariado, puderam ser agregados ao movimento responsável pela implantação do comunismo, dando poder de penetração das ideias socialistas por todo o Ocidente.

Claro que isso não aconteceu do dia para a noite. Enquanto existia a União Soviética, esse marxismo liberal de Frankfurt se estabelecia de maneira um tanto sorrateira, algumas vezes com o próprio aval de Moscou, outras em formas que iam além do que o próprio núcleo do Politburo podia controlar.

O fato é que, enquanto o comunismo soviético ia se degradando, dia após dia, o outro comunismo, saído das penas dos intelectuais da Escola de Frankfurt ia se expandindo, apoiado pela longa marcha pelas instituições, com influência das ideias promovidas por Antonio Gramsci.

O comunismo então foi se moldando para seduzir novos adeptos, inclusive aqueles ligados a setores antes completamente rechaçados pelo movimento, como religiosos, minorias, marginais, espiritualistas e mesmo grandes capitalistas.

Quando a União Soviética cai de vez, junto as estátuas de Lenin derrubadas, o espírito do novo comunismo se liberta de vez, agora sem as amarras do corpo doutrinário que lhe limitava.

Hoje, quase mais ninguém está livre da influência das ideias marxistas. Graças à Escola de Frankfurt, elas se tornaram tão amplas e maleáveis que quase nenhum setor da sociedade pode dizer que consegue manter-se completamente protegido delas.

Inclusive, a maleabilidade é tal que até permite com que comunistas neguem essa sua condição, usando as ideias de Frankfurt para parecer que são críticos do comunismo, quando, na verdade, estão apenas usando do mesmo expediente da escola: criticar um aspecto exterior da ideologia para fortalecer seu espírito.

O PCO e a defesa do indivíduo

O que faz comunistas, como os membros do PCO – Partido da Causa Operária, defenderem, da mesma maneira como fazem conservadores e direitistas, liberdades individuais, falar contra a obrigatoriedade da vacina, criticar o uso de bandeiras identitárias e o politicamente correto e ainda defender o armamento da população?

Dizer que fazem isso como forma de enganar as pessoas, a fim de cooptá-las para seu movimento, é uma resposta bastante simplista, meramente psicologista, e que não explica seus verdadeiros motivos. Para compreendê-los, é preciso antes entender a concepção deles sobre a composição política do mundo.

Quando eu comecei a estudar, de maneira mais sistemática, a filosofia marxista ortodoxa (vertente da qual o PCO faz parte), a primeira impressão que tive é que o que era dito ali não estava totalmente errado. Em termos filosóficos, esse marxismo fala muito em objetividade, realismo, contra o subjetivismo – tudo de maneira que parece estar de acordo com o melhor que existe do pensamento tradicional.

No entanto, apesar das aparências e até das semelhanças pontuais, os motivos do marxismo ortodoxo são completamente outros. Seu realismo é o de um mundo totalmente materializado, sem qualquer abertura para o transcendental; seu objetivismo é de uma realidade fechada, na qual o homem é apenas um efeito; seu anti-subjetivismo é somente uma confirmação de seu próprio materialismo e anti-espiritualismo.

Isso quer dizer que, às vezes,certas semelhanças de concepções são apenas aparentes. No caso dos conceitos filosóficos, são semelhanças meramente semânticas.

Em relação aos assuntos menos filosóficos, apesar de superficialmente algumas ideias manifestadas pelo PCO serem idênticas aquelas que os conservadores e direitistas defendem, os fundamentos são completamente outros.
O PCO é um partido trotskista. Isso quer dizer que ele faz parte de uma ala ainda mais radical do marxismo do que a maioria da esquerda que atua, hoje em dia. Até por isso, sua visão de mundo é bem mais dogmática e dualista do que o esquerdismo globalista que conduz a política mundial. Para um membro do PCO, todos os governos atuais – e os Estados dirigidos por eles – fazem parte de um fascismo reacionário e representam os interesses do capitalismo burguês inimigo do proletariado. Sendo assim, tudo o que os governos fazem não passam de ações opressivas do Estado contra o trabalhador. Sob esta perspectiva, a vacinação obrigatória, o politicamente correto e o desarmamento da população seriam meras maneiras que o Estado burguês teria de oprimir ainda mais o indivíduo, tornando seu governo cada vez mais forte. O PCO, portanto, não está exatamente preocupado com indivíduo, mas em denunciar as ações do que ele considera ser um Estado fascista.

Os trotskistas do PCO não criticam o Estado da mesma maneira que os conservadores e direitistas. Estes defendem a liberdade individual por princípio, independentemente do espectro político que o governo representa. Os trotskistas, por outro lado, acusam os atos específicos desse Estado, não porque entendem que os direitos individuais são indiscutíveis, mas simplesmente por considerarem o atual Estado um representante de uma classe inimiga. O PCO, na verdade, defende os indivíduos por estes viverem sob governos que eles consideram fascistas. Se o governo fosse trotskista, a conversa seria outra.

Anti-religiosidade marxista

Não há comunhão entre cristianismo (e qualquer outra religião) e marxismo. E não sou em quem diz, mas os próprios pensadores marxistas, como o filósofo russo Afanassiev.

Segundo ele, a religião é uma espécie de fuga que os homens, com a sensação de impotência imposta pela exploração capitalista, promovem, na busca por salvação.

Por esse motivo, a religião seria uma deformação da realidade, afastando os indivíduos dos problemas reais. Não por acaso Marx dizia que a religião é o ópio do povo.

Na verdade, a religiosidade esmoreceria nos crentes o sentido de classe. Por isso, os marxistas deveriam dedicar-se à luta contra os resquícios religiosos.

Portanto, ainda segundo o filósofo, comunismo e religião (seja ela qual for) não podem conviver.

Se alguém, portanto, diz-se cristão e socialista precisa acertar as contas com os dois lados: Jesus e os próprios marxistas.

Inocência malévola

O maior trunfo do comunismo é ter sido inimigo do nazismo. Como o nazismo tornou-se referência de malignidade, ter lutado contra ele parece que fez dos comunistas automaticamente inocentes. 

É impressionante como as pessoas criticam o nazismo pelos mesmos crimes cometidos por comunistas, mas falam como se o comunismo não tivesse nada a ver com isso, mantendo-o impune ante às consciências.

Comunistas e nazistas foram adversários, de fato. Porém, como irmãos que disputam uma mesma herança. 

Entre as duas ideologias e, principalmente, entre suas praxis, há muito mais semelhanças que diferenças.

Principalmente, naquilo que o nazismo é mais criticado – em sua violência, nas mortes que causou, na forma como perseguiu seus adversários, na maneira como conduziu o Estado, nos genocídios praticados e no jeito como agiu contra a liberdade – o comunismo é tão ou mais culpado.

Da mesma maneira que o Reich de Hitler, os governos comunistas nunca tiveram qualquer apreço pelos direitos humanos ou respeito pela liberdade dos povos. União Soviética, China, Cuba e onde mais os comunistas tomaram o Estado, o terror instaurado não deixou nada a desejar àquele praticado pelos alemães.

Se os nazistas causaram cerca de seis milhões de mortes, os comunistas ultrapassaram facilmente cem milhões; se os nazistas perseguiram minorias, os comunistas, como no caso da Ucrânia, não tiveram pudores em flagelar populações inteiras; se os nazistas tinham seus campos de concentração, os comunistas tinham seus Gulags; se os governos nazistas eram déspotas, os comunistas nunca foram menos autoritários.

Portanto, quem aponta os horrores nazistas como algo a ser sempre lembrado como exemplo daquilo que deve ser combatido não pode fingir que o comunismo não merece o mesmo tratamento.

Afinal, ter sido inimigo do nazismo não faz do comunismo inocente, nem menos malévolo.

Revolucionários conservadores

O revolucionário é um conservador de sua própria concepção revolucionária porque, a partir do momento que ele define o mundo que quer criar, fará de tudo para manter viva essa ideia, mesmo quando os fatos esbofeteiam sua cara com dados que o contrariem.

Se fosse mesmo um revolucionário, não se apegaria às ideologias capengas e ideais desmoralizados. Não teria medo de abandonar doutrinas que já se mostraram fartamente equivocadas.

Mas não! São meros preservadores de seus próprios dogmas, saudosos da visão de mundo herdada de seus antepassados ideológicos, apegando-se a eles como os fiéis mais tacanhas de uma seita.

São tão reacionários quanto qualquer um de seus adversários, não querendo destruir nada – o que seria de se esperar de um revolucionário – senão apenas seus inimigos, para assim poder impor a estagnação que lhe é própria.

Chernobyl e a doença burocrática

Quem me conhece sabe a ojeriza que eu tenho da burocracia. Foi ela a principal responsável por eu aposentar o meu trabalho como advogado. Sempre me foi insuportável ter de aguentar as dificuldades e os obstáculos criados por regras inúteis e funcionários públicos trabalhando de má-vontade.

Foi por isso que a série Chernobyl mexeu tanto comigo. Naquela história estão apresentadas todas as doenças do pensamento estatista burocrático e que, no caso, levaram a uma catástrofe que quase afetou o mundo inteiro. Cada cena tocava fundo em minha alma anti-estatista e anti-burocrática.

A série mostra, em todas as expressões e nuances, como a mentalidade burocrática, a crença na tecnocracia, a incompetência técnica, o carreirismo político, os interesses partidários e a fé cega na ideologia tornaram a União Soviética um lugar retrógrado, impedindo seu progresso e, no fim, levando o resto do mundo à beira do Apocalipse.

Não que eu seja ingênuo e acredite que é possível simplesmente afastar o Estado de tudo. O mundo contemporâneo é muito complexo e alguma regulação e burocracia sempre serão necessárias. O problema, porém, é quando o Estado, em vez de atuar apenas onde a sociedade por si só não conseguiu se resolver, se intromete em todas as áreas. Pior ainda quando ele é o controlador de tudo e nada mais pode ser feito sem seu direcionamento e ordem, como acontece nos países comunistas.

O desastre de Chernobyl só atingiu aquela dimensão catastrófica porque havia um Estado soviético obscurantista, tacanha, paquidérmico e imenso por trás.

O sistema centralizado comunista é o prenúncio do desastre. Nada pode funcionar direito nele. Quando a máquina estatal é tão gigantesca, o que vai sempre prevalecer são as brigas por cargos, a busca por vantagens, o desprezo à eficiência e o apadrinhamento político. Isso tudo não apenas favorece, mas acaba por estimular a mentira, o engano e a falsidade. E foi a junção de tudo isso que acarretou o desastre de Chernobyl.

Os erros fatais do socialismo

Livros que mostram, por diversos aspectos, os erros cometidos pelos comunistas há aos montes. A literatura que demonstra, com detalhes e documentações, que o socialismo não deu certo em lugar nenhum e transformou-se em uma chaga para a sociedade é abundante.

Diante disso, podemos nos questionar: o que a obra “Os erros fatais do socialismo”, de Friedrich August von Hayek, teria para acrescentar a essa multidão de informações já existentes?

A originalidade de Hayek está em sua abordagem. Diferente de outros autores, que concentram suas observações, muitas vezes de maneira genial, nos erros cometidos pelos socialistas, ele simplesmente pressupõe esses erros para, então, rastrear suas origens. Seus olhos não estão sobre os equívocos em si, mas nas causas racionais deles. Assim, o pensador austríaco entrega para o leitor uma análise profunda das raízes – muitas delas remotas – do fracasso comunista.

Se eu pudesse sintetizar a idéia central dessa obra grandiosa seria assim: os processos da ordem ampliada – que é como o autor chama a civilização avançada – são complexos e, a primeira vista, indetectáveis. Apenas uma análise profunda de seus mecanismos pode desvelar os procedimentos que ocorrem em seu interior e que são o sustentáculo e o motivo de sua força e prosperidade. Sendo assim, para aqueles que possuem uma visão mecanicista da sociedade e acham, com isso, que podem planejar sua economia, os processos envolvidos no desenvolvimento e sustentação da sociedade são incompreensíveis. Essa incompreensão é a causa primeira dos erros socialistas. Ela é o motivo porque as tentativas de implantação de uma economia planejada, por parte dos revolucionários, nunca dão certo e se transformam em um flagelo para todos.

Nesse trabalho, Hayek, mais do que apresentar fatos, faz uma análise histórico-cultural da civilização, com o objetivo de mostrar que os erros socialistas não são apenas falhas de aplicação, mas equívocos estruturais. Assim, seu livro configura-se numa obra de vulto, com uma profundidade analítica acima da média em comparação com outros que abordam o mesmo tema.

Da psicopatia à normalidade

Em qualquer país minimamente civilizado, o atentado sofrido por Jair Bolsonaro seria motivo de consternação em todas suas esferas. Em qualquer sociedade minimamente desenvolvida, a facada recebida pelo candidato seria a causa de reflexão profunda em toda a nação.

No entanto, vivemos no Brasil e aqui, em boa parte de seu povo, o que prevalece é o cinismo, a indiferença, o ódio e o completo desprezo à vida humana.

Parece que as dezenas de milhares de vítimas da violência brasileira estão dessensibilizando as pessoas em relação às vidas que são desperdiçadas diariamente em nossas ruas, a ponto de quando um homem sexagenário sofre uma tentativa de assassinato tão cruel isso acaba não significando muita coisa. Como na Guerra, onde as mortes já não causam mais nenhum efeito, aqui também está se perdendo a noção de como a vida humana realmente importa.

Falo isso porque o que eu vi, nesses dias pós-atentado, foi estarrecedor: jovens duvidando da veracidade do ocorrido, comediantes tripudiando do agredido, jornalistas minimizando a seriedade do fato e militantes até lamentando a imperícia do assassino. No entanto, de tudo, o que mais me incomodou foi ver a imensidão de gente comum, que sabidamente não tem nenhum vínculo político nem ideológico, tratando o atentado como algo trivial, indiferente, quase sem importância. O candidato que está a frente de todas as pesquisas de intenções de voto para presidência da República foi quase morto na rua e as pessoas tratam isso como se fosse tudo como um lance de uma partida de futebol, algo sem maiores consequências.

Quando, em meu artigo “Uma cultura psicopática”, me questionei se não estaríamos vivendo em uma sociedade psicopática, que cultiva a falta de empatia e a falta de sensibilidade, tinha em vista situações como esta que estou presenciando: de pessoas agindo, diante de um fato de extrema seriedade, como algo absolutamente trivial, senão desprezível. Logo nós, brasileiros, que nos gabávamos de ser calorosos e sensíveis, e até um tanto passionais, agora estamos nos mostrando frios, quase indiferentes ao que está ocorrendo. E não estou dizendo nem de uma consternação pessoal em relação ao agredido, mas da percepção óbvia da seriedade do fato e do momento no qual estamos vivendo.

Lembram-se daquela cena mostrando árabes comemorando o atentado do World Trade Center? Algo muito semelhante está ocorrendo aqui e agora. São hordas de jovens, principalmente, tratando todo o terror do fato ocorrido como fraude, mentira ou algo sem nenhuma importância. Quando não – e não foram poucos -, muitos deles até comemorando o atentado, dizendo que o candidato mereceu a facada.

Não se engane, porém. Tudo isso – a violência e o desprezo à vida – foi inculcado por uma ideologia esquerdista doentia, que se impregnou na mentalidade brasileira, e que nunca prezou pela valorização do ser humano. As valas, os paredões, os campos de concentração, o impulso ao banditismo, a violência e os atentados estão longe de ser acidentes na história socialista. Portanto, neste país onde essa ideologia infiltrou-se amplamente, a forma como muitas pessoas reagiram ao atentado sofrido por Jair Bolsonaro não é uma anormalidade, mas a consequência óbvia de décadas de modelação do pensamento de um povo segundo uma ideologia assassina.

No entanto – bom não se enganar com isso! – a solução para essa situação não virá de um plano de governo específico ou da aplicação de uma ideologia contrária. Pelo contrário, o único movimento salvador, que pode trazer racionalidade à nossa sociedade, é aquele que promova um retorno à vida baseada nos valores universais e eternos que sempre sustentaram a existência das pessoas comuns. Na verdade, o Brasil só precisa voltar a ser um país normal, sadio. Não há nada mais que devemos aspirar.

Pode até ser que as grandes ideias e os grandes líderes sejam os responsáveis por movimentar a história da sociedade, mas são as tradições e os valores comuns e naturais que sempre a sustentaram. Portanto, se quisermos resgatar as pessoas a sua normalidade devemos torcer para que a ideologia morra, de uma vez por todas.

Os grilhões que nos prendem

Um país que pretende superar suas mazelas e ingressar de vez em tempos de prosperidade e estabilidade precisa olhar para a frente, tomando o passado como lição, mas não como o determinador de todos os seus caminhos.

O Brasil, porém, está com uma bola pesada amarrada aos pés, enquanto seus formadores de opinião e políticos vivem como se ainda estivéssemos nos anos sessenta.

A geração que hoje representa a intelectualidade influenciadora do seio da política nacional e a grande mídia é formada toda por ex-guerrilheiros e combatentes de esquerda que, vendo a si mesmos como guerreiros contra uma ditadura, consideram-se os personagens responsáveis pela restauração da democracia no país.

A consequência direta disso é que , ao mesmo tempo que apresentam-se como os paladinos do Estado de Direito, perseguem aqueles que se encontram do outro lado do espectro político – conservadores, militares, direitistas e anti-esquerdistas – como criminosos.

Com isso, assumem o monopólio da política, abrindo a possibilidade para que aconteça o que testemunhamos nas últimas décadas: a dilapidação do patrimônio e a corrosão das instituições brasileiras.

E para que esse status permaneça, preenchem a todos os espaços da República, afastando a qualquer um que ameace suas posições. Fazem isso não deixando que o período do governo militar brasileiro, com a mentalidade característica daquele tempo – de jovens ativistas deslumbrados com as falsas promessas de um paraíso comunista lutando contra generais toscos que sabiam que sua missão era não deixar o país seguir os mesmos caminhos de Cuba – passe.

O que ficou hoje, depois que os antigos militares já não estão mais entre nós, são aqueles garotos e garotas militantes, agora decrépitos e envelhecidos, infiltrados em todas as esferas do poder, sem conseguir, nem querer, superar 64 – e menos ainda 68 – vivendo quase exclusivamente pelo desejo de vingança e ressentimento, acreditando-se possuidores de um salvo-conduto que lhes permite falar e fazer todas as barbaridades.

Por isso, tenho a convicção de que enquanto essa geração de órfãos da Guerra Fria não passar ou, pelo menos, for derrotada política e intelectualmente, o Brasil não conseguirá seguir em frente. Ela é nosso retrocesso, o nosso impedimento, os grilhões que nos impedem de prosseguir.

Enquanto forem essas pessoas que ditarem a pauta política e determinarem a agenda do país, ficaremos reféns de sua visão retrógrada e impossibilitados de avançar como povo, como nação e como sociedade.

A natureza espiritual maligna do marxismo

O marxismo é, de diversas maneiras, uma usurpação e uma paródia mal feita tanto da religião cristã, como da própria civilização ocidental. O que ele fez foi tomar tudo o que nosso mundo criou e desenvolveu e reter com ele, como se ele, o marxismo, fosse o possuidor legítimo de suas qualidades.

Foi dessa maneira que ele se apropriou da linguagem cristã, de sua moral e também de seu caráter salvífico, tentando substituir o cristianismo como solução viável para as necessidades e expectativas do ser humano. E tomou para si ainda o que a própria Europa ofereceu ao mundo, arrogando-se de herdeiro de suas conquistas. Tanto que, nas palavras de Lenin, “o marxismo é o sucessor natural da filosofia alemã, da economia política inglesa e do socialismo francês”.

Formou-se assim, respectivamente, o espírito, a alma e o corpo dessa entidade maligna que surgiu para enganar o mundo com sua promessa de redenção.

Quem acha que o marxismo é apenas uma ideia, engana-se redondamente. É bem mais que isso. Ele é uma manifestação espiritual, um produto dos tempos, um filhote de um cristianismo cansado e desiludido.

Por isso, atacá-lo apenas politicamente é tão inócuo como querer derrotar um demônio a vassouradas.

O espírito marxista precisa ser encarado em várias frentes, como ideia e como força política, mas também como poder invisível e sutil, o qual se vence com palavras e força, mas também com inteligência, jejum e oração.